domingo, 22 de outubro de 2017

MORTE INEVITÁVEL DO EGO - A CURA - FALSA LIBERDADE - CONDIÇÕES PARA UMA ESCOLHA LIVRE

6-A MORTE INEVITÁVEL DO EGO

O amor à liberdade é o amor aos outros; o amor ao poder é o amor a nós mesmos.
-William Hazlitt (1778 – 1830)

Vamos aproveitar alguns instantes dando uma olhada nos fundamentos da Criação. A única coisa que o Criador criou é nosso desejo de receber, nosso egoísmo. Esta é nossa essência.
Se aprendermos a “desativar” nosso egoísmo, restauraremos nossa conexão com o Criador, porque sem o nosso egoísmo, reobteremos a equivalência de forma com Ele, assim como ela existe nos mundos espirituais. A desativação de nosso egoísmo é o começo de nossa ascensão pela escada espiritual, o começo do processo de correção.
É como que por humor irônico da Natureza, que as pessoas que se deleitam em prazeres egoístas não podem ser felizes. Há duas razões para isso: 1) Como explicamos no Capítulo Um, o egoísmo é um beco sem saída: se você obtém aquilo que você quer, você já não o quer mais. E, 2) Um desejo egoísta tem prazer não apenas na satisfação de seus próprios caprichos, mas também na infelicidade dos outros.
Para entendermos melhor a segunda razão, precisamos voltar aos fundamentos. A Fase Um nas Quatro Fases Básicas deseja apenas receber prazer. A Fase Dois já é mais sofisticada, e quer receber prazer de doar porque o doar é o estado de existência do Criador. Se nosso desenvolvimento tivesse parado na Fase Um, nós seríamos satisfeitos no momento em que nossos desejos fossem preenchidos e não iríamos nos importar
com que os outros têm.
No entanto, a Fase Dois – o desejo de doar – nos compele a notarmos os outros para que possamos doar a eles. Mas porque nosso desejo fundamental é por receber, tudo que
vemos quando olhamos para as outras pessoas é “que elas têm diversas coisas que eu não tenho.” Graças à Fase Dois, iremos sempre nos comparar aos outros, e graças ao desejo de receber da Fase Um, nós sempre queremos estar acima delas. É por isso que obtemos prazer em suas carências.
A propósito, é também por isso que a linha de pobreza muda de país para país. De acordo com o Dicionário Webster, a linha de pobreza é “um nível de renda pessoal ou familiar abaixo do qual alguém é classificado como pobre de acordo com padrões governamentais.”
Se todos a minha volta fossem tão pobres como eu sou, eu não me sentiria pobre. Mas se todos a minha volta são ricos, e eu apenas tenho uma renda mediana, eu me sinto como a pessoa mais pobre sobre a Terra. Em outras palavras, nossas normas são ditadas pela combinação da Fase Um (o que desejamos ter) com a Fase Dois (que é determinada pelo que os outros têm).
De fato, nosso desejo de doar, que deveria ter sido a garantia de que nosso mundo seria um bom lugar para se viver, é na realidade o motivo de todo mal neste mundo. Esta é a
essência de nossa corrupção, e por esta razão, a substituição da intenção de receber por uma intenção de doar é tudo que precisamos corrigir.

6.1-A CURA
Nenhum desejo ou qualidade é naturalmente mau; é a maneira como os usamos que os fazem ficarem assim. Os antigos Cabalistas já diziam: “A inveja, a cobiça, e a (busca pela) honra tiram o homem deste mundo,” ou seja, deste mundo para o mundo espiritual.
Como assim? Nós já vimos que a inveja leva a competitividade, e a competitividade gera progresso. Mas a inveja nos leva a obter resultados bem maiores do que os benefícios tecnológicos ou os outros benefícios deste mundo.
Na Introdução ao Livro do Zohar, Ashlag escreve que os humanos podem sentir os outros, e portanto podem carecer do que os outros têm. Como resultado, eles são preenchidos de inveja e querem tudo que os outros têm, e quanto mais eles têm, mais
vazios eles se sentem. No final, eles querem devorar o mundo inteiro.
Finalmente, a inveja nos leva a buscarmos nada menos que o Próprio Criador. Mas é aqui que o senso de humor da Natureza nos prega uma peça novamente: O Criador é um
desejo de doar, altruísmo. Por mais que inicialmente não estejamos cientes disso, ao querermos sentar no banco do motorista e sermos Criadores, nós estamos na verdade
almejando por sermos altruístas. Assim, através da inveja – o traço mais nocivo e traiçoeiro do ego – nosso egoísmo se conduz à morte, assim como o câncer destrói seu organismo hospedeiro até que ele, também, morra com o corpo que ele arruinou.
Novamente podemos ver a importância de formarmos o ambiente social adequado, porque se somos obrigados a sermos invejosos, devemos no mínimo ser construtivamente invejosos, ou seja, invejosos de algo que nos conduzirá à correção.

Os Cabalistas descrevem o egoísmo desse jeito: O egoísmo é como um homem com
uma espada que tem uma dose de doçura sedutora, mas uma poção letal em sua ponta. O homem sabe que a poção é um veneno maligno, mas não pode se ajudar. Ele abre a sua boca, leva a ponta da espada à sua língua, e engole...

Uma sociedade justa e feliz não pode se apoiar no egoísmo monitorado ou “canalizado”. Nós podemos tentar restringir o egoísmo através do domínio da lei, mas isto funcionará somente até as circunstâncias se agravarem, assim como vimos na Alemanha – que foi uma democracia até eleger
Adolf Hitler democraticamente. Nós também podemos tentar canalizar o egoísmo para beneficiar a sociedade, mas isto já foi experimentado no comunismo da Rússia, e falhou
miseravelmente.
Até a América, a terra da liberdade, da oportunidade e do capitalismo, está falhando em fazer seus cidadãos felizes. De acordo com o New England Journal of Medicine, “Anualmente, mais de 46 milhões de americanos, com idades entre 15 e 54 anos, sofrem de episódios depressivos.” E o Archives of General Psichiatry anunciou: “O uso de drogas antipsicóticas para tratar crianças e adolescentes... aumentou mais do que o quíntuplo entre 1993 e 2002,” como publicado na edição de 6 de Junho de 2006 do The New York Times.
Concluindo, enquanto o egoísmo tiver a supremacia, a sociedade será sempre injusta e desapontará seus próprios membros de uma maneira ou de outra. Finalmente, todas as
sociedades fundamentadas no egoísmo irão se exaurir, juntas com o egoísmo que as criou. Nós apenas temos de fazer isso acontecer da forma mais rápida e fácil que pudermos, para o bem de todos.

6.2-FALSA LIBERDADE
Os Cabalistas se referem à falta de sensação do Criador como o “ocultamento da face do Criador.” Este ocultamento cria a ilusão da liberdade de escolher entre o nosso mundo e o mundo do Criador (espiritual). Se pudéssemos ver o Criador, se pudéssemos realmente perceber os benefícios do altruísmo, iríamos sem sombra de dúvida preferir Seu mundo ao nosso, pois o mundo Dele é um mundo de doação e de prazer.
Mas porque não vemos o Criador, não seguimos Suas leis, e ao invés disso, constantemente as violamos. De fato, mesmo se conhecêssemos as leis do Criador, mas não percebêssemos a dor que infligimos a nós mesmos ao viola-las, nós iríamos muito provavelmente continuarmos a viola-las, porque pensaríamos que é muito mais prazeroso permanecermos egoístas.
Anteriormente, neste capítulo, na seção, “As Rédeas da Vida,” dissemos que toda a Natureza obedece a apenas uma lei: A Lei do Prazer e da Dor. Em outras palavras, tudo que fazemos, pensamos, e planejamos é projetado tanto para diminuir nossa dor como para aumentar nosso prazer. Não temos liberdade nisso. Mas porque não percebemos que somos governados por estas forças, nós pensamos que somos livres.

Ocultamento
Baruch Ashlag, filho de Yehuda Ashlag e um grande Cabalista por sua própria conta, escreveu em um bloco de notas as palavras que ele ouviu de seu pai. O bloco de notas foi posteriormente publicado sob o título, Shamati (Eu Ouvi). Em uma de suas anotações, ele escreveu que se fomos criados por uma Força Superior, porque então nós não a sentimos? Onde ela está escondida? Se soubéssemos o que ela quer de nós, não
cometeríamos erros e não seríamos atormentados pela punição.
Como a vida teria sido simples e prazerosa se o Criador tivesse se revelado! Nós não iríamos duvidar de Sua existência e poderíamos todos reconhecer Seu controle sobre nós e sobre o mundo inteiro. Nós conheceríamos a razão e o propósito de toda a nossa criação, veríamos Suas reações às nossas ações, nos comunicaríamos com Ele e pediríamos Seu conselho antes de cada ação. Quão simples e bela a vida seria!
Ashlag termina seus pensamentos com a conclusão inevitável: Nossa única aspiração na vida deve ser a revelação do Criador.

No entanto, para sermos de fato livres, precisamos ser libertos das rédeas da lei do prazer e da dor. E porque nossos egos ditam o que é agradável e o que é doloroso, chegamos à conclusão que para sermos livres, precisamos primeiramente, sermos liberados de nossos egos.

6.3-CONDIÇÕES PARA UMA ESCOLHA LIVRE

Ironicamente, a verdadeira liberdade de escolha é possível apenas se o Criador estiver oculto. Isto é assim, porque se uma opção nos parece preferível, nosso egoísmo não nos deixa outra escolha além dela. Neste caso, mesmo se escolhermos doar, isto será doação com o objetivo de receber, ou seja, doação egoísta.
Para que um ato seja verdadeiramente altruísta e espiritual, seus benefícios precisam estar escondidos de nós.
Se tivermos em mente que todo o propósito da Criação é sermos finalmente liberados do egoísmo, nossas ações estarão sempre voltadas à direção correta – na direção do Criador.
Assim então, se tivermos duas opções e não soubermos qual delas nos trará mais prazer (ou menos dor), então temos uma verdadeira oportunidade de fazermos uma escolha livre.
Se o ego não percebe uma opção preferível, podemos escolher de acordo com um conjunto diferente de valores. Por exemplo, poderíamos nos perguntar não o que seria mais prazeroso, mas o que seria mais altruísta. Se a doação é algo que valorizamos, isto será fácil de fazer.
Nós podemos tanto ser egoístas como altruístas, tanto pensarmos em nós mesmos como pensarmos nos outros. Não existem outras opções. A liberdade de escolha é possível
quando ambas opções estão claramente visíveis e igualmente atraentes (ou repugnantes). Se eu posso apenas ver uma opção, eu terei de escolhe-la. Portanto, para escolher livremente, eu tenho de perceber a minha própria natureza e a natureza do
Criador. Apenas se eu não souber qual delas é mais agradável poderei eu fazer uma verdadeira escolha livre e neutralizar meu ego.

http://projetoalquimia.wordpress.com/2012/03/13/kabalah/

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