domingo, 8 de junho de 2014

UM NOVO MÉTODO PARA UM NOVO DESEJO - TIKKUN – A CORREÇÃO DO DESEJO DE RECEBER

CAPITULO II

UM NOVO MÉTODO PARA UM NOVO DESEJO
Quando o “ponto no coração” aparece, a pessoa começa afastar-se de querer prazeres mundanos – sexo, dinheiro, poder, e conhecimento – para querer prazeres espirituais. Por este ser um novo tipo de prazer que estamos buscando, nós também precisamos de um novo método para satisfaze-lo. O método para satisfazer o novo desejo é chamado de “a sabedoria da Cabalá” (a sabedoria de como receber).
Para entendermos este novo método, vejamos a diferença entre a sabedoria da Cabalá, da qual o objetivo é preencher o desejo por espiritualidade, e os métodos usados para preencher
outros desejos. Com nossos desejos “comuns”, podemos habitualmente definir o que queremos com bastante facilidade.
Se eu quero comer, eu procuro por comida; se eu quero respeito, eu ajo de uma maneira que acredito que irá fazer as pessoas me respeitarem.
Mas por eu não exatamente saber o que a espiritualidade é, como posso eu saber o que fazer para obtê-la? Porque no começo, nós não compreendemos que o que realmente queremos é descobrir o Criador, nós também não compreendemos que precisaremos de um novo método para procurar por Ele. Este desejo é tão terminantemente diferente de qualquer coisa que já tenhamos sentido antes, é obscuro até mesmo para nós. É por isso que o método para descobrir e satisfazer este desejo é designado “A Sabedoria Oculta.”
Enquanto tudo o que queríamos era comida, status social, e – quando muito, conhecimento – nós não precisávamos da Sabedoria Oculta. Nós não tínhamos nenhum uso para ela, então ela permaneceu oculta. Mas seu ocultamento não significa que ela estava abandonada. Pelo contrário, por cinco mil anos os Cabalistas vêm polindo e refinando-a para a época na qual as pessoas iriam precisar dela. Eles vêm escrevendo livros cada vez mais simples para fazer a Cabalá compreensível e mais acessível.
Eles sabiam que no futuro o mundo inteiro iria precisar dela, e escreveram que isto aconteceria quando o quinto nível de desejo aparecesse. Agora este nível apareceu, e aqueles que o reconhecem sentem a necessidade pela sabedoria da Cabalá.
Em termos Cabalísticos: Para receber prazer, você precisa ter um Kli para isto, um desejo bem definido por um prazer bastante específico. O surgimento de um Kli força nossos cérebros a procurarem um jeito de preenche-lo com a Ohr (Luz). Agora que muitos de nós temos “pontos em nossos corações,” a sabedoria da Cabalá apresenta a si própria como um meio de satisfazer nosso desejo por espiritualidade.

TIKKUN – A CORREÇÃO DO DESEJO DE RECEBER
Nós já dissemos que o desejo de receber é um beco sem saída: quando eu finalmente recebo o que eu estava procurando, eu quase imediatamente paro de quere-lo. E é claro, sem quere-lo,
eu não posso goza-lo.
O desejo pela espiritualidade vem com um mecanismo exclusivo pré-instalado para evitar esse impasse. Este mecanismo é chamado Tikkun (correção). Um desejo do quinto nível precisa primeiramente ser “vestido” com este Tikkun antes de poder ser utilizado eficientemente e prazerosamente.
Entendendo o Tikkun resolveremos muitos malentendidos típicos sobre a Cabalá. O desejo de receber tem sido a força motriz por trás de todo progresso e mudança na história da humanidade. Mas o desejo de receber tem sempre sido um de receber prazer para gratificação própria. Enquanto não há nada de errado em querer receber prazer, a intenção de deleitar-se para gratificação própria nos coloca em oposição à Natureza, ao Criador. Portanto, ao querermos receber para nós mesmos estamos nos separando do Criador. Esta é nossa corrupção, a razão para todo o infortúnio e descontentamento.
Um Tikkun ocorre não quando paramos de receber, mas quando mudamos a razão pela qual estamos recebendo, nossa intenção. Quando recebemos para nós mesmos, isto é chamado “egoísmo”. Quando recebemos com o objetivo de nos unirmos com o Criador , isto é chamado “altruísmo,” ou seja, unidade com a Natureza.
Por exemplo, você teria prazer em comer a mesma comida, meses a fio? Provavelmente não. Mas é exatamente isto que é exigido que os bebês façam. Eles não têm escolha nesta questão. De fato, a única razão pela qual eles concordam com isso é porque eles não conhecem mais nada. Mas certamente existe prazer apenas tanto quanto podem derivar do comer, além do de encherem seus estômagos vazios.
Agora, pense na mãe do bebê. Imagine seu rosto radiante enquanto ela alimenta seu filho. Ela está no paraíso apenas assistindo seu filho comer saudavelmente. O bebê pode (quando muito) ficar contente, mas a mãe está cheia de alegria.
Eis o que acontece: Tanto a mãe quanto o filho se deleitam no desejo do filho pelo alimento. Mas enquanto o filho se concentra no seu próprio estômago, o prazer da mãe é infinitamente maior porque ela se delicia em doar para seu bebê. O foco dela não está em si própria, mas no filho dela.
Acontece o mesmo com a Natureza. Se soubéssemos o que a Natureza quer de nós, e realizássemos isso, sentiríamos o prazer de doar. Além do mais, nós não o sentiríamos no nível
instintivo em que as mães naturalmente experimentam com seus bebês, mas no nível espiritual de nossa adesão com a Natureza.
Em Hebraico – a língua original da Cabalá – uma intenção é chamada Kavaná. Então, o Tikkun que precisamos é colocarmos a Kavaná correta sobre os nossos desejos. A recompensa por fazer um Tikkun e possuir uma Kavaná é o preenchimento do último e maior de todos os desejos – o desejo pela espiritualidade, pelo Criador. Quando este desejo é preenchido, a pessoa conhece o sistema que controla a realidade, participa em sua construção, e conseqüentemente recebe as chaves e se senta no banco do motorista. Tal pessoa não mais experimentará a vida e a morte como experimentamos, mas irá facilmente e alegremente fluir pela eternidade em um fluxo sem fim de felicidade e plenitude, unida com o Criador.

RESUMINDO
Existem cinco níveis em nossos desejos, divididos em três grupos. O primeiro grupo é o do desejo animal (por alimento, reprodução, e por um lar); o segundo é o dos desejos humanos (por dinheiro, honra, conhecimento), e o terceiro grupo é o do desejo espiritual (o “ponto no coração”). Enquanto apenas os dois primeiros grupos estiveram ativos, nós procurávamos “domar” nossos desejos através da rotina, e suprimi-los. Quando o “ponto no coração” surgiu, as duas primeiras maneiras não mais cumpriram seu papel, e tivemos que procurar por uma outra maneira. Isto foi quando a sabedoria da Cabalá reapareceu, depois de ter sido escondida
por milhares de anos, esperando pelo momento em que seria necessária.
A sabedoria da Cabalá é o meio para o nosso Tikkun (correção). Usando-a, podemos mudar nossa Kavaná (intenção) de querermos gratificação própria, definida como egoísmo, para querermos gratificar a Natureza toda, o Criador, definida como altruísmo.
A crise global que estamos experimentando hoje é uma crise de desejos. Quando usarmos a sabedoria da Cabalá para satisfazer o último e maior desejo de todos – o desejo pela espiritualidade – todos problemas serão resolvidos automaticamente, porque a raiz deles está na insatisfação espiritual que muitos estão experimentando atualmente.