domingo, 12 de fevereiro de 2017

O PENSAMENTO DA CRIAÇÃO - RESHIMOT – DE VOLTA PARA O FUTURO

3.6-O PENSAMENTO DA CRIAÇÃO

Os Kelim são os blocos construtores da alma. Os desejos são os materiais de construção, os tijolos e a madeira; e nossas intenções são nossas ferramentas, nossas chaves de fenda, brocas, e martelos.

Mas, assim como ao construir uma casa, precisamos ler o projeto antes de podermos começar o trabalho. Infelizmente, o Criador, o Arquiteto do projeto, é relutante em dá-lo para nós.

Ao invés disso, ele quer que nós estudemos e executemos o Plano Mestre de nossas almas independentemente. Apenas deste jeito podemos em algum momento entender Seu Pensamento e nos tornarmos como Ele.

Para aprendermos quem Ele é, precisamos observar de maneira atenciosa o que Ele faz e aprendermos a entende-Lo através de Suas ações. Os Cabalistas expressam isso de maneira bastante concisa: “Por Seus feitos, Te conhecemos.”

Nossos desejos, as matérias-primas de nossas almas, já existem. Ele os deu para nós, e nós apenas temos de aprender como usa-los corretamente e como colocar as intenções certas sobre eles. Daí, nossas almas serão corrigidas.

Mas assim como dissemos anteriormente, as intenções certas são intenções altruístas. Em outras palavras, precisamos querer que nossos desejos sejam usados para beneficiar os outros, e não a nós mesmos. Ao fazermos assim, nós estaremos na verdade beneficiando a nós mesmos, pois somos todos as partes da alma de Adam ha Rishon. Gostemos ou não, o dano que causamos aos outros retorna para nós, assim como um
bumerangue retorna para aquele que o arremessa, e com a mesma força.

Vamos recapitular por uns instantes. Um Kli corrigido é um desejo utilizado com intenções altruístas. E de forma contrária, um Kli corrompido é um desejo utilizado com
intenções egoístas. Ao usarmos um Kli altruisticamente, utilizamos um desejo da mesma maneira em que o Criador opera, e então nos igualamos a Ele, pelo menos com relação àquele desejo específico. É assim que estudamos Seu Pensamento.

Então o único problema é mudar as intenções com as quais usamos nossos desejos. Mas para que isto aconteça, precisamos ver no mínimo uma outra maneira de usar nossos
desejos. Precisamos de um exemplo que mostre como as outras intenções são ou com o que se parecem. Desta maneira, poderemos no mínimo decidir se queremos isto ou não.
Enquanto não vemos outra maneira de usar nossos desejos, estamos presos naqueles que já temos. Nesse estado, como podemos encontrar outras intenções? Isto é uma armadilha ou nos falta alguma coisa?

Os Cabalistas explicam que não nos falta nada. Isto é uma armadilha, mas não é o fim. Se seguirmos o caminho de nossos Reshimot, um exemplo de outra intenção aparecerá por conta própria. Agora vejamos o que são os Reshimot, e como eles nos ajudam a sair da armadilha.



3.7-RESHIMOT – DE VOLTA PARA O FUTURO

Os Reshimot – falando por alto – são registros, recordações de estados passados. Cada Reshimo (singular de Reshimot) que uma alma experimenta no decorrer de seu caminho espiritual é armazenado em um “banco de dados” especial.

Quando queremos subir a escada espiritual, nossa trilha é composta destes Reshimot. Eles emergem um por um, e nós os revivemos. Quanto mais rápido re-experimentamos cada Reshimo, mais rápido o exaurimos e nos movemos para o próximo na seqüência, que está sempre mais alto na escada.

Nós não podemos mudar a ordem dos Reshimot. Isto já foi determinado durante nossa descida. Mas podemos e devemos determinar o que iremos fazer com cada Reshimo. Se formos passivos e simplesmente esperarmos eles passarem, levará bastante tempo para que os experimentemos completamente, e antes disto acontecer eles podem nos causar imensa dor. É por isso que a abordagem passiva é chamada de “o caminho da dor.”

Por outro lado, podemos assumir uma abordagem ativa, ao tentarmos nos relacionar com cada Reshimo como “mais um dia na escola,” tentando ver o que o Criador está tentando ensinar a nós. Se nós simplesmente nos lembrarmos que este mundo é resultado das ocorrências espirituais, isto será o suficiente para acelerarmos tremendamente a mudança dos Reshimot. Esta abordagem ativa é chamada de “o caminho da Luz,” porque nossos esforços nos conectam ao Criador, à Luz, ao invés de ao estado presente, como é com a atitude passiva.

Na verdade, nossos esforços não têm de prosperar; o esforço em si é o suficiente. Ao aumentarmos nossos desejos de ser como o Criador (altruístas), vinculamos nós mesmos a estados elevados, mais espirituais.

O processo de progressão espiritual é bastante similar à maneira em que as crianças aprendem; é basicamente um processo de imitação. Ao imitarem os adultos, mesmo não
sabendo o que estão fazendo, as crianças, com sua mímica constante, criam dentro delas o desejo de aprender.

Nota: Não é o que elas sabem que promove o crescimento delas; é o simples fato delas quererem saber. O desejo de saber é o suficiente para evocar nelas o próximo Reshimo, aquele no qual elas já sabem.

Vejamos isso de um outro ângulo: Inicialmente, o fato delas quererem saber não ocorreu porque foi uma escolha delas, mas porque o Reshimo presente se exauriu, fazendo com
que o próximo Reshimo na fila “quisesse” se fazer conhecido. Portanto, para a criança descobri-lo, o Reshimo teve de evocar na criança um desejo de conhece-lo.

É exatamente dessa maneira que os Reshimot espirituais funcionam em nós. Nós não estamos realmente aprendendo nada novo neste mundo ou no mundo espiritual; nós estamos simplesmente ascendendo de volta para o futuro.

Se quisermos ser mais doadores, como o Criador, nós precisamos constantemente examinar a nós mesmos e vermos se nos encaixamos na descrição do que consideramos espiritual (altruísta). Desta maneira, nosso desejo de sermos mais altruístas, nos ajudará a desenvolvermos uma percepção mais precisa e detalhada de nós mesmos comparados ao Criador.

Se não quisermos ser egoístas, nossos desejos evocarão os Reshimot que nos mostrarão o que significa ser mais altruísta. Toda vez que decidimos que não queremos usar este ou aquele desejo egoisticamente, é considerado que o Reshimo daquele estado completou sua tarefa, e ele sai para dar lugar ao próximo. Esta é a única correção que precisamos fazer. O Cabalista Yehuda Ashlag expressa este princípio nestas palavras: “...ao se odiar o mal [egoísmo] de fato ele é corrigido.”

E então ele explica: “...se duas pessoas vierem a compreender que cada uma odeia o que seu amigo odeia, e que ama o que e quem seu amigo ama, eles vêm a se aderir perpetuamente, como um marco que jamais irá cair. Assim, pelo Criador amar a doação, aqueles que estão abaixo Dele devem se adaptar a quererem apenas doar. O Criador odeia também ser um receptor, pois Ele é completamente perfeito e não precisa de nada. Assim, o homem, também precisa odiar a questão da recepção para si próprio. Conclui-se de tudo acima que é preciso odiar o desejo de receber amargamente, porque todas as ruínas no mundo vêm apenas do desejo de receber. Através do ódio a pessoa se corrige.”

Assim, por simplesmente querermos isso, evocamos os Reshimot de desejos mais altruístas, que já existem dentro de nós do tempo em que estávamos conectados na alma de Adam ha Rishon. Estes Reshimot nos corrigem e nos fazem mais parecidos com o nosso Criador. Portanto, o desejo (o Kli) é tanto o mecanismo da mudança, como dissemos no Capítulo Um, quanto o meio para a correção. Não precisamos suprimir
nossos desejos, precisamos apenas aprender como trabalhar com eles produtivamente para nós mesmos e para todos os outros.



4-RESUMINDO

Para percebermos corretamente, precisamos nos cercar com três limites:
1. Existem quatro categorias de Percepção: a) a Matéria; b) a Forma na Matéria; c) a Forma Abstrata; e d) a Essência. Nós percebemos apenas as duas primeiras.
2. Toda a minha percepção ocorre dentro de minha alma. Minha alma é o meu mundo e o mundo fora de mim é tão abstrato que eu não posso sequer dizer com certeza se ele existe ou não.
3. O que eu percebo é apenas meu; eu não posso passa-lo para ninguém mais. Eu posso contar aos outros sobre minha experiência, mas quando eles a experimentarem, eles certamente a experimentarão em sua própria maneira.
Quando eu percebo alguma coisa, eu a meço e determino o que ela é de acordo com as qualidades dos instrumentos de medição que eu tenho dentro de mim. Se meus instrumentos estiverem defeituosos, assim estará minha medição; conseqüentemente, minha imagem do mundo será distorcida e incompleta.
Atualmente, estamos medindo o mundo com cinco sentidos. Mas precisamos de seis sentidos para medi-lo corretamente. É por isso que somos incapazes de conduzir o
nosso mundo produtiva e prazerosamente para todos.
Na realidade, o sexto sentido não é um sentido físico, mas uma intenção. Ele está relacionado a como utilizamos nossos desejos. Se usarmos eles com a intenção de doar ao invés de com a de receber, ou seja, se usarmos eles de forma altruísta ao invés de egoisticamente, perceberemos um mundo completamente novo. É por isso que a nova intenção é chamada de “o sexto sentido.”
A colocação da intenção altruísta sobre nossos desejos os faz similares àqueles do Criador. Esta similaridade é chamada de “equivalência de forma” com o Criador. A posse dela garante ao seu possuidor a mesma percepção e conhecimento do Criador. É por isso que apenas com o sexto sentido (a intenção de doar) é possível realmente saber como nos conduzirmos neste mundo.
Quando um novo desejo surge, ele na verdade não é novo. Ele é um desejo que já esteve em nós, do qual a memória foi registrada no banco de dados de nossas almas – os Reshimot.
A corrente de Reshimot segue diretamente ao topo da escada – o Pensamento da Criação – e quanto mais rápido a subimos, mais velozmente e prazerosamente alcançaremos nosso destino.
Os Reshimot surgem um por um, num ritmo que determinamos pelo nosso desejo de ascender na espiritualidade, da qual eles se originam. Quando tentamos aprender de cada Reshimo e entende-lo, ele é exaurido mais velozmente e o estado de entendimento dele (que já existe) aparece. Quando entendemos um Reshimo, o próximo Reshimo
na fila emerge, até que finalmente todos os Reshimot tenham sido realizados e estudados, e tenhamos alcançado o fim de nossa correção.

http://projetoalquimia.wordpress.com/2012/03/13/kabalah/