domingo, 28 de dezembro de 2014

A BUSCA PELO PENSAMENTO DA CRIAÇÃO

CAPITULO III

1.2 - A BUSCA PELO PENSAMENTO DA CRIAÇÃO

Mesmo que o Criador queira que nós recebamos o prazer de nos tornarmos idênticos a Ele, Ele não nos deu esse desejo de princípio. Tudo o que Ele deu para nós - a criatura, a alma unida de Adam ha Rishon - foi um anseio pelo prazer máximo.
Contudo, como podemos ver na seqüência de fases, o Criador não infundiu a criatura com um desejo de ser como Ele; isto foi algo que se desenvolveu dentro dela através das fases.
Na Fase Três, a criatura tinha já recebido tudo e intentado devolver ao Criador. A seqüência poderia ter acabado bem aqui, pois a criatura já estava fazendo exatamente o que o Criador fazia – doando. Neste aspecto, eles eram agora idênticos.
Mas a criatura não se conformou em doar. Ela quis entender o que faz a doação aprazível, por que uma força doadora é necessária para criar a realidade, e que sabedoria o doador obtém doando. Em suma, a criatura quis entender o Pensamento da Criação. Este era um novo desejo, um que o Criador não tinha “plantado” na criatura.
Neste ponto em sua busca pelo Pensamento da Criação, a criatura tornou-se um ser distinto, separado do Criador. Podemos ver isto desse jeito: Se eu quero ser como alguém, isto necessariamente significa que estou ciente de que alguém além de mim existe, de que este alguém tem algo que eu quero, ou é algo que eu quero ser.
Em outras palavras, eu não apenas compreendo que existe alguém além de mim, mas entendo que alguém é diferente de mim. E não apenas diferente, mas melhor. Caso contrário, por que iria eu querer ser como Ele?
Assim então, Malchut, a Fase Quatro, é bastante diferente das três primeiras fases porque ela quer receber um tipo de prazer bastante específico (por isso na figura há uma seta mais larga) – aquele de ser idêntico ao Criador.
Da perspectiva do Criador, o desejo de Malchut completa o Pensamento da Criação, o ciclo que Ele originalmente teve em mente (Figura 2).


Infelizmente, não estamos olhando para as coisas da perspectiva do Criador. Olhando daqui de baixo, com nossas lentes espirituais quebradas, a imagem é menos que ideal. Para o Kli (uma
pessoa), completamente oposto à Luz, se tornar como a Luz, ele precisa usar seu desejo de receber com a intenção de doar. Ao fazer isto, ele muda seu foco do seu próprio prazer para o deleite que o Criador recebe ao doar. E ao fazer assim, o Kli, também, torna-se um doador.
Na verdade, o receber com o objetivo de doar ao Criador já ocorreu na Fase Três. Com relação
às ações do Criador, a Fase Três já tinha completado a tarefa de se tornar idêntica ao Criador. O Criador doa com o objetivo de doar e a Fase Três recebe com o objetivo de doar, assim, nisto eles são iguais. Mas o máximo prazer não está em saber o que o Criador faz e em replicar Suas ações. O máximo prazer está em saber porque Ele faz o que faz, e em adquirir os mesmos pensamentos que os Dele. E esta, a mais elevada parte da Criação – o pensamento do Criador – não foi dada à criatura; ela é o que a criatura (Fase Quatro) precisa conquistar. Há uma bela conexão aqui. Por um lado, parece que nós e o Criador estamos em lados opostos da corte, porque Ele doa e nós recebemos. Mas de fato, Seu maior prazer é que nós sejamos como Ele, e nosso maior prazer será nos tornarmos como Ele. Similarmente, todo filho quer ser como seus pais, e todo pai naturalmente quer que seus filhos conquistem até mesmo aquelas coisas que o pai não alcançou.
Podemos concluir que nós e o Criador estamos na verdade perseguindo o mesmo objetivo. Se pudéssemos compreender este conceito, nossas vidas seriam muito, muito diferentes. Ao invés da confusão e desorientação que muitos de nós experimentamos atualmente, tanto nós como o Criador seríamos capazes de marchar juntos para o nosso objetivo designado desde a alvorada da Criação.
Os Cabalistas usam vários termos para descreverem o desejo de doar: Criador, Luz, Doador, Pensamento da Criação, Fase Zero, Raiz, Fase Raiz, Keter, Bina, e muitos outros. Similarmente, eles usam vários termos para descrever o desejo de receber: criatura, Kli, receptores, Fase Um, Hochma, e Malchut são apenas alguns. Esses termos referem-se a sutilezas nas duas características – doação e recepção. Se lembrarmos disso, não ficaremos confusos com todos esses nomes.
Para se tornar como o Criador, um doador, o Kli faz duas coisas. Primeiro, ele pára de receber, um ato chamado Tzimtzum (restrição). Ele bloqueia a Luz por completo e não permite nenhum pouco dela dentro do Kli. Similarmente, é mais fácil evitar comer alguma coisa saborosa, que não é saudável, do que comer apenas um pouco e deixar o resto no prato. Portanto, fazer o Tzimtzum é o primeiro e mais fácil passo para se tornar como o Criador.
A próxima coisa que Malchut faz é instalar um mecanismo que examina a Luz (prazer) e decide se ela irá recebê-lo, e se for, quanto. Este mecanismo é chamado Masach (tela). A condição pela qual o Masach determina quanto receber é chamada de “intenção de doar” (Figura 3). Em termos simples, o Kli apenas deixa entrar o que ele pode receber com a intenção de agradar ao

Criador. A Luz recebida dentro do Kli é chamada de “Luz Interna,” e a Luz que permanece do lado de fora é chamada de “Luz Circundante.”

Ao fim do processo de correção, o Kli receberá toda a Luz do Criador e se unirá com Ele. Este é o propósito da Criação. Quando alcançarmos esse estado, nós o sentiremos tanto como indivíduos quanto como uma única sociedade unida, porque na verdade, o Kli completo não é feito dos desejos de uma pessoa, mas dos desejos de toda a humanidade. E quando completarmos essa última correção, nos tornaremos idênticos ao Criador, a Fase Quatro será preenchida, e a Criação será completa de nossa perspectiva, assim como é completa da perspectiva Dele.