domingo, 20 de dezembro de 2015

SUBINDO A ESCADA

CAPITULO IV

3-SUBINDO A ESCADA

Quando os Cabalistas falam sobre evoluir espiritualmente, eles falam sobre subir a escada espiritual. É por isso que o Cabalista Yehuda Ashlag chamou seu comentário sobre O Livro do Zohar de Perush HaSulam (O Comentário Escada), pelo qual ele foi
chamado de Baal HaSulam (Possuidor da Escada). Mas se voltarmos algumas páginas atrás, nós verificaremos que “subir a escada” na verdade significa “voltar às raízes.” Isto é assim porque nós já estivemos lá em cima, mas agora temos que imaginar como voltar para lá por nós mesmos.

A raiz é o nosso objetivo final; é para onde finalmente estamos nos dirigindo. Mas para chegarmos lá rapidamente e pacificamente precisamos de um grande desejo por isso – um Kli. Tal desejo pela espiritualidade pode apenas vir da Luz, do Criador, mas para se tornar forte o suficiente, ele precisa ser intensificado pelo ambiente.

Vamos esclarecer isso um pouquinho: Se eu quero uma fatia de bolo, eu imagino o bolo em minha mente, sua textura, cor, doce fragrância, e a maneira como ele derrete em minha boca. Quanto mais eu penso sobre ele, mais eu o desejo. Na Cabalá, nós diríamos que “o bolo brilha” para mim com “Luz Circundante.”

Assim então, para desejarmos a espiritualidade, precisamos adquirir um tipo de Luz Circundante que nos fará desejar prazeres espirituais. Quanto mais Luz obtermos, mais
rápido progrediremos. Desejar a espiritualidade é chamado de “elevar MAN,” e a técnica para fazer isso é a mesma utilizada para aumentar o desejo pelo bolo – imagina-lo, falar sobre ele, ler sobre ele, pensar sobre ele, e fazer o que puder para focar-se nele. Mas o mais poderoso meio de aumentar qualquer desejo é o nosso ambiente social. Nós podemos usar o ambiente para intensificar nosso desejo espiritual, nosso MAN, e assim
acelerarmos nosso progresso.

Nós falaremos mais sobre o ambiente no Capítulo Seis, mas no momento, vamos pensar nisto dessa forma: Se todos à minha volta desejam e falam sobre a mesma coisa, e há apenas uma coisa que está “em foco,” eu sou impelido a deseja-la.

No Capítulo Dois, nós dissemos que a aparição de um Kli, um desejo, força os nossos cérebros a buscarem por uma maneira de preencher este Kli com Ohr (Luz), para satisfaze-lo. Quanto maior o Kli, maior a Luz; quanto maior a Luz, mais rápido encontraremos o caminho correto.

“Existe alguma diferença em chamar a Luz de “Luz Circundante” ou apenas de “Luz”?
Os títulos diferentes, “Luz Circundante” e “Luz”, referemse a duas funções da mesma Luz. A Luz que não é considerada Circundante é a que experimentamos como prazer, enquanto a Luz Circundante é a Luz que constrói o nosso Kli, o lugar onde a Luz finalmente entrará. Ambas na realidade são a mesma Luz, mas quando a experimentamos corrigindo e construindo a chamamos de “Luz Circundante.” Quando a sentimos como puro prazer, nós a chamamos de “Luz.”

Antes de desenvolvermos um Kli, é simplesmente natural que não recebamos Luz alguma. Mas a Luz está lá, circundando nossas almas assim como a Natureza sempre
nos circunda. Assim, enquanto não temos um Kli, a Luz Circundante constrói o nosso Kli para nós, aumentando nosso desejo por ela.

Nós precisamos ainda entender como a Luz Circundante constrói o nosso Kli e para começar porque é chamada de “Luz”. E para entendermos tudo isso, precisamos entender o conceito de Reshimot.

Os mundos espirituais e a alma de Adam ha Rishon evoluíram em uma certa ordem. Nos mundos, foi Adam Kadmon, Atzilut, Beria, Yetzira, e Assiya; e em Adam ha Rishon, a evolução foi chamada pelos tipos de desejos que emergiram – inanimado, vegetativo, animal, falante, e espiritual.

Assim como não esquecemos nossa infância, mas contamos com eventos passados nas experiências presentes, cada passo completado no processo evolucionário não é perdido, mas é registrado em nossa “memória espiritual” inconsciente. Em outras palavras, está dentro de nós toda à história de nossa evolução espiritual, do período em que éramos um com o Pensamento da Criação até hoje. Subir a escada espiritual significa lembrar-se mais uma vez dos estados que já experimentamos, e descobrir estas memórias.

Estas memórias são apropriadamente chamadas de Reshimot (registros), e cada Reshimo (singular de Reshimot) permanece para um estado espiritual específico. Porque nossa evolução espiritual se desdobrou em uma ordem específica, agora os Reshimot emergem em nós nesta exata ordem. Em outras palavras, nossos estados futuros já estão determinados porque não estamos criando nada novo, apenas nos lembrando de eventos que já ocorreram conosco, os quais não percebíamos. A única coisa que podemos determinar, e nós discutiremos isso detalhadamente nos próximos capítulos, é quão rápido podemos subir a escada. Quanto mais duro trabalhamos ao subi-la, mais rápido estes estados mudarão e mais rápido será nosso progresso espiritual.

Cada Reshimo é completado quando nós completamente o experimentamos, e como uma corrente, quando um Reshimo acaba, o próximo Reshimo emerge. Este próximo Reshimo originalmente criou o Reshimo presente, mas porque agora estamos subindo de volta a escada, o Reshimo presente está despertando seu criador original. Assim, nós nunca devemos esperar terminar nosso estado presente para que possamos descansar, porque quando o estado presente termina, ele conduzirá ao próximo na linha até que completemos nossa correção.

Quando tentamos nos tornar altruístas (espirituais), aproximamo-nos de nosso estado corrigido porque despertamos os Reshimot mais rapidamente. E por serem estes Reshimot registros de experiências espirituais superiores, as sensações que eles criam em nós são sensações mais espirituais. Quando isto acontece, começamos a sentir vagamente a conectividade, a unidade, e o amor que existe naquele estado, parecendo muito com uma luz tênue, distante. Quanto mais tentamos alcança-la, mais próximo chegamos dela, e mais forte ela brilha. Além do mais, quanto mais forte a Luz, mais forte o nosso desejo por ela, e assim a Luz constrói o nosso Kli, nosso desejo pela espiritualidade.

Agora vemos também que o nome, “Luz Circundante,” descreve perfeitamente como nós a sentimos. Enquanto não a tivermos alcançado, a veremos como externa, nos atraindo com sua ofuscante promessa de felicidade. Toda vez que a Luz constrói um Kli grande o suficiente para que entremos no próximo nível, o próximo Reshimo chega
e um novo desejo emerge em nós. Nós não sabemos porque nossos desejos mudam, porque eles sempre são partes de Reshimot de um grau mais elevado que o nosso nível atual, mesmo quando eles não parecem ser.

Assim como o último Reshimo emergiu, trazendo-nos ao nosso estado presente, um  novo desejo de um novo Reshimo agora se aproxima. É assim que continuamos nossa subida pela escada. É um espiral de Reshimot e ascensões que termina no propósito da Criação – a raiz de nossas almas, quando nos igualamos e nos unimos ao Criador.


3.1-O DESEJO PELA ESPIRITUALIDADE

Cada Macaco no Seu Galho

A única diferença entre as pessoas está na maneira em que elas querem experimentar prazer. O prazer em si, no entanto, é amorfo, intangível. Mas ao cobri-lo com diferentes “roupagens,” ou “revestimentos”, cria-se uma ilusão de que existem diferentes tipos de prazer, quando de fato existem diferentes tipos de revestimentos.

O fato do prazer ser essencialmente espiritual explica porque temos um anseio inconsciente pela substituição do revestimento superficial do prazer pelo desejo de senti-lo em sua forma pura, não adulterada: a Luz do Criador.

E porque não estamos conscientes de que a diferença entre as pessoas está nos revestimentos dos prazeres que elas desejam, nós a julgamos de acordo com os revestimentos que elas preferem. Nós consideramos legais determinados revestimentos do prazer, como o amor aos filhos, enquanto outros, como as drogas, são considerados inaceitáveis. Quando percebemos um revestimento inaceitável do prazer emergindo em nós, somos obrigados a esconder nosso desejo por aquele revestimento. Contudo, esconder um desejo não o faz ir embora, e com certeza não o corrige.

Assim como explicamos na seção anterior, a parte inferior da Fase Quatro é a substância da alma de Adam ha Rishon. Assim como os mundos são construídos de acordo com os desejos crescentes, a alma de Adão (a humanidade) evoluiu através de cinco fases: de Zero (inanimada) até Quatro (espiritual).

Quando cada fase surge, a humanidade a experimenta ao máximo até que ela se exaure. Então, o próximo nível de desejo emerge, de acordo com a seqüência de Reshimot incrustada em nós. Até hoje, já experimentamos todos os Reshimot de todos os desejos do inanimado ao falante. Tudo que restou para a evolução da humanidade ser completada é que experimentemos os desejos espirituais ao máximo. Daí, nossa unidade com o Criador será alcançada.

Na realidade, o surgimento dos desejos do quinto nível começou no século XVI, assim como foi descrito pelo Cabalista Isaac Luria (o Ari), mas hoje estamos testemunhando o
surgimento do tipo mais intenso dentro do quinto nível – o espiritual dentro do espiritual. Além do mais, estamos testemunhando seu surgimento em enorme número, no tempo em que milhões de pessoas no mundo todo estão buscando respostas espirituais às suas perguntas.

Por estarem, os Reshimot que emergem hoje, mais próximos da espiritualidade do que estavam antes, as principais perguntas que as pessoas têm feito são sobre suas origens, suas raízes! Apesar da maioria delas terem um teto sobre suas cabeças e obterem o suficiente para sustentarem a si e a suas famílias, elas têm perguntas a respeito donde vieram, por desígnio de quem, e para que propósito. Quando elas não estão satisfeitas com as respostas que as religiões oferecem, elas buscam-nas em outras disciplinas.

A principal diferença entre a Fase Quatro e todas as outras fases é que nesta fase, precisamos evoluir conscientemente. Nas fases anteriores, era sempre a Natureza que nos compelia a movermo-nos fase a fase. Ela fez isso nos pressionando o bastante para sentirmo-nos tão desconfortáveis em nosso presente estado que tínhamos de muda-lo. É assim que a Natureza desenvolve todas as suas partes: humana, animal, vegetativa, e até inanimada.

Por sermos naturalmente preguiçosos, nós apenas nos moveremos de um estado para o próximo quando a pressão tornar-se intolerável. De outra maneira, não moveríamos
sequer um dedo. A lógica é simples: Se eu estou bem onde estou, por que mudar?

Mas a Natureza tem um plano diferente. Ao invés de nos permitir permanecermos complacentes em nosso estado presente, ela quer que nós evoluamos até alcançarmos o seu próprio nível, o nível do Criador. Este é o propósito da Criação.

Então temos duas opções: podemos escolher evoluir pela pressão (dolorosa) da Natureza, ou podemos evoluir de forma indolor participando do desenvolvimento de nossa percepção.

Permanecer sem evoluir não é uma opção, pois não se encaixa no que foi planejado pela Natureza quando ela nos criou. Quando o nosso nível espiritual começa a evoluir, tal
evolução só pode ocorrer se desejarmos evoluir e alcançar as mesmas condições que o Criador. Assim como a Fase Quatro nas Quatro Fases, nos é requerido que voluntariamente mudemos o nosso desejo.

Portanto, a Natureza continuará nos pressionando. Nós continuaremos a ser golpeados por furacões, terremotos, epidemias, terrorismo, e todos os tipos de adversidades naturais e causadas pelo homem até que compreendamos que temos de mudar, que precisamos conscientemente retornar à nossa Raiz.

Apenas para revisar: nossa raiz espiritual evoluiu da Fase Zero à Quatro; a Fase Quatro se dividiu em mundos (sua parte superior) e almas (sua parte inferior). As almas – reunidas na alma universal de Adam ha Rishon – romperam-se perdendo seu senso de unidade com o Criador. Esta quebra de Adam há Rishon trouxe a humanidade ao seu presente estado, com uma barreira invisível que separa os mundos espirituais (sobre ela)
de nosso mundo (abaixo).

Abaixo da barreira, a força espiritual criou uma partícula material, que começou a se desenvolver. Isto foi o Big Bang. Lembre-se que quando os Cabalistas falam sobre o
mundo espiritual e sobre o mundo material, físico, eles estão se referindo a aspectos altruístas ou egoístas, respectivamente.

Eles nunca se referem a mundos que ocupam espaço físico em algum universo não descoberto. Nós não podemos entrar numa nave espacial e voar para o mundo de Yetzira, por exemplo, ou mesmo descobrir a espiritualidade mudando nosso comportamento. Nós podemos apenas descobri-la nos tornando altruístas – similares ao
Criador. Quando fizermos isso, descobriremos que o Criador já está dentro de nós e que Ele esteve sempre aqui, esperando por nós.

Todos os níveis anteriores ao último, evoluem sem a percepção de “si mesmos”. Em termos de nossa percepção pessoal, o fato de que existimos não significa que estamos
conscientes de nossa existência. Antes de alcançarmos o quarto nível, meramente existimos. Em outras palavras, vivemos nossas vidas da forma mais confortável que pudermos, mas garantimos nossa existência sem perguntarmos sobre o propósito dela.
Mas, ele é realmente tão óbvio assim? Os minerais existem para que as plantas possam se alimentar deles e crescer; as plantas existem para que os animais possam se alimentar delas e crescer; os minerais, as plantas, e os animais existem para que os humanos possam se alimentar deles e crescer. Mas, qual é propósito da existência humana? Todos os níveis nos servem, mas ao que ou a quem servimos? A nós mesmos? Nossos egos? No momento em que fazemos estas perguntas pela primeira vez, é o começo de nossa evolução consciente, o emergir do desejo pela espiritualidade. Ele é chamado de “ponto no coração.”

No último nível evolucionário, começamos a entender o processo do qual somos parte. Simplificando, começamos a adquirir a lógica da Natureza. Quanto mais entendemos sua lógica, mais expandimos nossa consciência e nos integramos a ela. No final, quando tivermos dominado completamente a lógica da Natureza, entenderemos como a Natureza trabalha e até aprenderemos a controla-la. Este processo ocorre exclusivamente no último nível, o nível da ascensão espiritual.

Precisamos sempre lembrar que nosso nível final de desenvolvimento humano deve se desdobrar conscientemente e voluntariamente. Sem um desejo explícito pelo crescimento espiritual, nenhuma evolução espiritual pode ocorrer. Além do mais, a evolução de cima para baixo já aconteceu. Nós fomos rebaixados desde as Quatro Fases da Luz passando pelos mundos de Adam Kadmon, Atzilut, Beria, Yetzira, e Assiya, e
finalmente fomos colocados aqui neste mundo.

Se agora, estamos para subir de volta a escada espiritual, precisamos escolher fazer isso. Se esquecermos que o propósito da Criação é que nos tornemos como o Criador, não
entenderemos porque a Natureza não nos ajuda – e às vezes até coloca obstáculos em nosso caminho.

Mas se, por outro lado, mantermos apenas o objetivo da Natureza em mente, perceberemos que nossas vidas são uma fascinante jornada de descobertas, uma caça ao tesouro espiritual. Além disso, quanto mais ativamente participamos deste Tour da Vida, mais rápidas e fáceis estas descobertas se tornarão. Melhor ainda, as dificuldades serão sentidas como perguntas que precisamos responder, ao invés de provações que precisamos encarar em nossas vidas materiais. É por isso que evoluir pela nossa própria consciência é bem melhor que evoluir depois da Natureza nos dar um doloroso empurrão por trás!

Se nós temos um desejo de evoluir na espiritualidade, então temos o Kli correto para isto, e não há melhor sentimento do que o de um Kli preenchido, um desejo realizado.
Mas o desejo pela espiritualidade precisa vir antes do preenchimento espiritual. Preparar o Kli antes da Luz não é apenas o único meio de ascender na quarta fase; é também o
único meio no qual nenhuma dor ou deficiência está envolvido.

De fato, se pensarmos sobre isso, não há nada mais natural do que preparar o Kli primeiramente. Se eu quero tomar um copo d’água, então a água é a minha luz, meu prazer. Naturalmente, para beber água eu preciso preparar o Kli primeiramente, que no caso será a sede. E o mesmo se aplica a qualquer coisa que queiramos receber neste mundo. Se um carro novo é a minha luz, então meu desejo por ele é o meu Kli.

Este Kli me faz trabalhar pelo carro, e garante que eu não vá desperdiçar meu dinheiro em outros caprichos. A única diferença entre um Kli espiritual e um material é que eu não sei exatamente o que eu receberei com um Kli espiritual. Eu posso imagina-lo como coisas de todos os tipos, mas porque existe uma barreira entre meu estado presente e
meu objetivo desejado, eu nunca posso realmente saber com o que meu objetivo se assemelhará, até que eu realmente o alcance. Quando eu o alcanço, é melhor do que qualquer coisa que jamais poderia imaginar; mas eu nunca saberei com certeza quão bom ele é até que eu o tenha verdadeiramente alcançado.

Se eu conhecesse minha recompensa adiantadamente, isto não seria verdadeiro altruísmo, mas egoísmo disfarçado.

RESUMINDO

O mundo físico evolui pela mesma ordem de níveis do mundo espiritual, através de uma pirâmide de desejos. No mundo espiritual, os desejos (inanimado, vegetativo, animal, falante, e espiritual) criam os mundos de Adam Kadmon, Atzilut, Beria, Yetzira, e Assiya. No mundo físico, eles criam os minérios, as plantas, os animais, as pessoas, e as pessoas com “pontos em seus corações.”

O mundo físico foi criado quando a alma de Adam há Rishon se fragmentou. Naquele estado, todos os desejos começaram a aparecer um a um dos leves aos pesados, do inanimado ao espiritual, criando nosso mundo fase por fase. Hoje, no começo do século XXI, todos os níveis já foram completados exceto o desejo pela espiritualidade, que está
emergindo agora. Quando o corrigirmos, nos uniremos com o Criador porque nosso desejo pela espiritualidade é na realidade o desejo pela unidade com o Criador. Este será o clímax do processo evolucionário do mundo e da humanidade.

Ao ampliarmos nosso desejo de retornar à nossa raiz espiritual, construímos um Kli espiritual. A Luz Circundante corrige o Kli e o desenvolve. Cada novo nível de desenvolvimento evoca um novo Reshimo, um registro de um estado passado que já experimentamos quando éramos mais corrigidos. Finalmente, a Luz Circundante corrige todo o Kli, e a alma de Adam ha Rishon é reunida em todas as suas partes e com o Criador.

Mas este processo nos conduz a uma pergunta: se os Reshimot são gravados dentro de mim, e se os estados são evocados e experimentados dentro de mim também, então
onde está a realidade objetiva em tudo isso? Se uma outra pessoa possui Reshimot diferentes, isso significa que ele ou ela está vivendo em um mundo diferente do meu? E sobre os mundos espirituais, onde eles existem, se tudo existe dentro de mim? Além do mais, onde é a morada do Criador? Continue lendo, o próximo capítulo responderá todas as suas perguntas.

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domingo, 15 de novembro de 2015

ASSIM COMO É ACIMA, É ABAIXO - SUBINDO A ESCADA

CAPITULO IV

2.1-ASSIM COMO É ACIMA, É ABAIXO

Se traçarmos um paralelo entre as fases terrenas e as Quatro Fases Básicas da Luz, a era inanimada corresponde à Fase Raiz, a era vegetativa corresponde à Fase Um, a era animal à Fase Dois, a era falante à Fase Três, e a era espiritual à Fase Quatro.

A juventude fulminante do Planeta Terra durou vários bilhões de anos. Quando esfriou, a vida vegetativa apareceu, reinando sobre o planeta por mais vários milhões de anos. Mas assim como o nível vegetativo na pirâmide espiritual é muito mais estreito que o nível inanimado, o período vegetativo material foi mais curto do que o período inanimado na Terra.

Após a conclusão da fase vegetativa veio o período animal. Assim como foi com os dois graus anteriores, a era animal foi muito mais curta que a era vegetativa, correspondendo à proporção entre o grau vegetativo e o animal na pirâmide espiritual.

A fase humana, que corresponde ao nível falante na pirâmide espiritual, tem estado por aí nos últimos quarenta mil anos mais ou menos. Quando a humanidade completar sua evolução da quarta (e última) fase, a evolução se completará e a humanidade se reunirá com o Criador.

A Quarta Fase iniciou-se a cerca de cinco mil anos atrás, quando o ponto no coração apareceu pela primeira vez. Assim como no mundo espiritual, o nome do homem que experimentou este ponto pela primeira vez era Adão. Ele era Adam ha Rishon (O Primeiro Homem). O nome, Adão, vem das palavras Hebraicas, Adameh la Elyon (eu serei como o Superior), e reflete o desejo de Adão de ser como o Criador.

Nos dias atuais, no início do século XXI, a evolução está completando seu desenvolvimento da Quarta Fase - o desejo de ser como o Criador. É por isso que hoje mais e mais pessoas estão buscando respostas espirituais às suas perguntas.

3-SUBINDO A ESCADA

Quando os Cabalistas falam sobre evoluir espiritualmente, eles falam sobre subir a escada espiritual. É por isso que o Cabalista Yehuda Ashlag chamou seu comentário sobre O Livro do Zohar de Perush HaSulam (O Comentário Escada), pelo qual ele foi
chamado de Baal HaSulam (Possuidor da Escada). Mas se voltarmos algumas páginas atrás, nós verificaremos que “subir a escada” na verdade significa “voltar às raízes.” Isto é assim porque nós já estivemos lá em cima, mas agora temos que imaginar como voltar para lá por nós mesmos.

A raiz é o nosso objetivo final; é para onde finalmente estamos nos dirigindo. Mas para chegarmos lá rapidamente e pacificamente precisamos de um grande desejo por isso – um Kli. Tal desejo pela espiritualidade pode apenas vir da Luz, do Criador, mas para se tornar forte o suficiente, ele precisa ser intensificado pelo ambiente.

Vamos esclarecer isso um pouquinho: Se eu quero uma fatia de bolo, eu imagino o bolo em minha mente, sua textura, cor, doce fragrância, e a maneira como ele derrete em minha boca. Quanto mais eu penso sobre ele, mais eu o desejo. Na Cabalá, nós diríamos que “o bolo brilha” para mim com “Luz Circundante.”

Assim então, para desejarmos a espiritualidade, precisamos adquirir um tipo de Luz Circundante que nos fará desejar prazeres espirituais. Quanto mais Luz obtermos, mais
rápido progrediremos. Desejar a espiritualidade é chamado de “elevar MAN,” e a técnica para fazer isso é a mesma utilizada para aumentar o desejo pelo bolo – imagina-lo, falar sobre ele, ler sobre ele, pensar sobre ele, e fazer o que puder para focar-se nele. Mas o mais poderoso meio de aumentar qualquer desejo é o nosso ambiente social. Nós podemos usar o ambiente para intensificar nosso desejo espiritual, nosso MAN, e assim
acelerarmos nosso progresso.

Nós falaremos mais sobre o ambiente no Capítulo Seis, mas no momento, vamos pensar nisto dessa forma: Se todos à minha volta desejam e falam sobre a mesma coisa, e há apenas uma coisa que está “em foco,” eu sou impelido a deseja-la.

No Capítulo Dois, nós dissemos que a aparição de um Kli, um desejo, força os nossos cérebros a buscarem por uma maneira de preencher este Kli com Ohr (Luz), para satisfaze-lo. Quanto maior o Kli, maior a Luz; quanto maior a Luz, mais rápido encontraremos o caminho correto.

“Existe alguma diferença em chamar a Luz de “Luz Circundante” ou apenas de “Luz”?
Os títulos diferentes, “Luz Circundante” e “Luz”, referemse a duas funções da mesma Luz. A Luz que não é considerada Circundante é a que experimentamos como prazer, enquanto a Luz Circundante é a Luz que constrói o nosso Kli, o lugar onde a Luz finalmente entrará. Ambas na realidade são a mesma Luz, mas quando a experimentamos corrigindo e construindo a chamamos de “Luz Circundante.” Quando a sentimos como puro prazer, nós a chamamos de “Luz.”

Antes de desenvolvermos um Kli, é simplesmente natural que não recebamos Luz alguma. Mas a Luz está lá, circundando nossas almas assim como a Natureza sempre
nos circunda. Assim, enquanto não temos um Kli, a Luz Circundante constrói o nosso Kli para nós, aumentando nosso desejo por ela.

Nós precisamos ainda entender como a Luz Circundante constrói o nosso Kli e para começar porque é chamada de “Luz”. E para entendermos tudo isso, precisamos entender o conceito de Reshimot.

Os mundos espirituais e a alma de Adam ha Rishon evoluíram em uma certa ordem. Nos mundos, foi Adam Kadmon, Atzilut, Beria, Yetzira, e Assiya; e em Adam ha Rishon, a evolução foi chamada pelos tipos de desejos que emergiram – inanimado, vegetativo, animal, falante, e espiritual.

Assim como não esquecemos nossa infância, mas contamos com eventos passados nas experiências presentes, cada passo completado no processo evolucionário não é perdido, mas é registrado em nossa “memória espiritual” inconsciente. Em outras palavras, está dentro de nós toda à história de nossa evolução espiritual, do período em que éramos um com o Pensamento da Criação até hoje. Subir a escada espiritual significa lembrar-se mais uma vez dos estados que já experimentamos, e descobrir estas memórias.

Estas memórias são apropriadamente chamadas de Reshimot (registros), e cada Reshimo (singular de Reshimot) permanece para um estado espiritual específico. Porque nossa evolução espiritual se desdobrou em uma ordem específica, agora os Reshimot emergem em nós nesta exata ordem. Em outras palavras, nossos estados futuros já estão determinados porque não estamos criando nada novo, apenas nos lembrando de eventos que já ocorreram conosco, os quais não percebíamos. A única coisa que podemos determinar, e nós discutiremos isso detalhadamente nos próximos capítulos, é quão rápido podemos subir a escada. Quanto mais duro trabalhamos ao subi-la, mais rápido estes estados mudarão e mais rápido será nosso progresso espiritual.

Cada Reshimo é completado quando nós completamente o experimentamos, e como uma corrente, quando um Reshimo acaba, o próximo Reshimo emerge. Este próximo Reshimo originalmente criou o Reshimo presente, mas porque agora estamos subindo de volta a escada, o Reshimo presente está despertando seu criador original. Assim, nós nunca devemos esperar terminar nosso estado presente para que possamos descansar, porque quando o estado presente termina, ele conduzirá ao próximo na linha até que completemos nossa correção.

Quando tentamos nos tornar altruístas (espirituais), aproximamo-nos de nosso estado corrigido porque despertamos os Reshimot mais rapidamente. E por serem estes Reshimot registros de experiências espirituais superiores, as sensações que eles criam em nós são sensações mais espirituais. Quando isto acontece, começamos a sentir vagamente a conectividade, a unidade, e o amor que existe naquele estado, parecendo muito com uma luz tênue, distante. Quanto mais tentamos alcança-la, mais próximo chegamos dela, e mais forte ela brilha. Além do mais, quanto mais forte a Luz, mais forte o nosso desejo por ela, e assim a Luz constrói o nosso Kli, nosso desejo pela espiritualidade.

Agora vemos também que o nome, “Luz Circundante,” descreve perfeitamente como nós a sentimos. Enquanto não a tivermos alcançado, a veremos como externa, nos atraindo com sua ofuscante promessa de felicidade. Toda vez que a Luz constrói um Kli grande o suficiente para que entremos no próximo nível, o próximo Reshimo chega
e um novo desejo emerge em nós. Nós não sabemos porque nossos desejos mudam, porque eles sempre são partes de Reshimot de um grau mais elevado que o nosso nível atual, mesmo quando eles não parecem ser.

Assim como o último Reshimo emergiu, trazendo-nos ao nosso estado presente, um  novo desejo de um novo Reshimo agora se aproxima. É assim que continuamos nossa subida pela escada. É um espiral de Reshimot e ascensões que termina no propósito da Criação – a raiz de nossas almas, quando nos igualamos e nos unimos ao Criador.

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domingo, 4 de outubro de 2015

NOSSO UNIVERSO - A PIRÂMIDE

CAPITULO IV

1-NOSSO UNIVERSO

No início do capítulo anterior, foi escrito que antes de qualquer coisa ter sido criada, havia o Pensamento da Criação. Este Pensamento criou as Fases de Um a Quatro do desejo de receber, que criou os mundos de Adam Kadmon até Assiya, que então criou a alma de Adam ha Rishon, que se quebrou na miríade de almas que temos hoje.

É bastante importante lembrar esta ordem da criação porque ela nos lembra de que as coisas evoluem de cima para baixo, do espiritual para o material, e não da maneira contrária.

Em termos práticos, isto significa que nosso mundo é criado e governado pelos mundos espirituais. Além do mais, não há sequer um único evento em nosso mundo que não ocorra lá primeiramente. E a única diferença entre o nosso mundo e os mundos espirituais é que os eventos nos mundos espirituais refletem intenções altruístas, e os eventos em nosso mundo refletem intenções egoístas.

Por causa da estrutura em cascata dos mundos, nosso mundo é chamado de “mundo das consequências” dos processos e ocorrências espirituais. Qualquer coisa que façamos aqui não tem nenhum impacto nos mundos espirituais.

Portanto, se queremos mudar qualquer coisa em nosso mundo, temos de primeiramente ascendermos aos mundos espirituais, a “sala de controle” do nosso mundo, e afetarmos nosso mundo de lá.

2-A PIRÂMIDE

Assim como acontece nos mundos espirituais, tudo em nosso mundo evolui através dos mesmos cinco estágios de Zero a Quatro. Nosso mundo é construído como uma pirâmide. Na base, o início da evolução deste mundo, há o nível inanimado (estático), feito de trilhões de toneladas de matéria.

Perdido no meio destes trilhões de toneladas de matéria existe um minúsculo ponto chamado de “Planeta Terra”. E sobre esta Terra surgiu o nível vegetativo. Naturalmente, a vegetação sobre a Terra é infinitamente menor em massa do que a matéria inanimada sobre a Terra, e menor ainda quando comparada com a quantidade de matéria em todo o universo.

Os animais apareceram após o vegetativo, e possuem uma massa muito pequena, mesmo comparada à do vegetativo. O falante é claro, veio por último e tem a menor de todas as massas. Recentemente, um outro nível emergiu do nível falante.

Ele é chamado de “nível espiritual” ou “espiritualidade.” (Por estarmos falando de eras geológicas aqui, quando dizemos recentemente, queremos dizer que aconteceu apenas a alguns milhares de anos atrás.) Nós não podemos compreender o tamanho completo da Criação, mas se olharmos para a pirâmide da Criação (na Figura 5) e pensarmos nas proporções entre dois níveis vizinhos começaremos a entender exatamente como o desejo por espiritualidade é realmente recente e especial. Na verdade, se pensarmos no tempo que o universo tem existido – aproximadamente 15 bilhões de anos – como um único dia de 24 horas, o desejo por espiritualidade surgiu há 0,0288 segundos atrás. Em termos geológicos, isso é agora.


Assim, por um lado, quanto maior o desejo, mais raro (e mais jovem) ele é. Por outro lado, a existência de um nível espiritual, acima do nível humano, indica que nos não completamos nossa evolução. A evolução é dinâmica como Inanimado, Vegetativo, Animal, Espiritual.

A pirâmide da realidade é também a pirâmide dos desejos. Ela é válida tanto nos mundos espirituais como no mundo material. Sempre foi, mas porque somos o último nível que surgiu, nós naturalmente pensamos que estamos no nível mais alto. Podemos estar no nível mais alto, mas não estamos no nível final. Estamos apenas no último dos níveis que já surgiram.

O nível final usará nossos corpos como hospedeiros, mas consistirá de maneiras inteiramente novas de pensar, sentir e ser. Já está evoluindo dentro de nós, e é chamado de “nível espiritual”.

Nenhuma mudança física ou nova espécie é necessária, apenas uma mudança interna em nossa percepção do mundo. É por isso que a próxima fase é tão difícil de compreender; ela está dentro de nós, gravada em nossos Reshimot como dados em um disco rígido. Estes dados serão lidos e executados independentemente de estarmos cônscios deles ou não, mas podemos ler e executar os dados de forma muito mais rápida e prazerosa se os lermos com o “software” correto – a sabedoria da Cabalá.

http://projetoalquimia.wordpress.com/2012/03/13/kabalah/

domingo, 28 de junho de 2015

ADAM HA RISHON – A ALMA UNIVERSAL

CAPITULO III

2-ADAM HA RISHON – A ALMA UNIVERSAL

Adam ha Rishon, a alma universal (a criatura), é a verdadeira raiz de tudo que acontece aqui. É uma estrutura de desejos que emergiu logo que a formação dos mundos espirituais foi completada. Como dissemos acima, os cinco mundos, Adam Kadmon, Atzilut, Beria, Yetzira, e Assiya completaram o desenvolvimento da parte superior da Fase Quatro. Mas a parte inferior ainda precisa ser desenvolvida.

Em outras palavras, a alma é feita de desejos inutilizáveis que não podiam receber a Luz com o objetivo de doar ao Criador logo quando foram criados. Agora eles precisam emergir um a um e tornarem-se corrigidos – utilizáveis - com a ajuda dos mundos, dos desejos utilizáveis.

Então, assim como a parte superior da Fase Quatro, sua parte inferior é dividida em níveis de desejo inanimado, vegetativo, animal, e falante. Adam ha Rishon se desenvolve através dos mesmos graus que os mundos e as quatro fases básicas. Mas os desejos de Adão (Adam) são egoístas, centrados em si mesmo; é por isso que ele não podia receber a Luz para começar. Como resultado, nós, as partes da alma de Adão,
perdemos a sensação de inteireza e unidade na qual fomos criados.

Precisamos entender como o sistema espiritual funciona. O desejo do Criador é doar; é por isso que Ele nos criou e nos sustém. Como dissemos, um desejo de receber é centrado em si mesmo por sua natureza; ele absorve, enquanto um desejo de doar é necessariamente focado para o exterior na direção do receptor. É por isso que um desejo de receber não pode criar. É por isso também que o Criador tem de possuir um desejo de
doar, ou então Ele não iria poder criar.

Todavia, por Ele querer doar, o que Ele cria necessariamente desejará receber, ou então Ele não poderá doar. Então Ele criou-nos com um desejo de receber, e com nada mais. É importante entender isso; não existe nada em nós  lém do desejo de receber, e não há nada que deveria estar em nós além de um desejo de receber. Daí, se recebermos Dele, o
ciclo é completado. Ele está feliz e nós estamos felizes. Certo?

Na verdade, não totalmente. Se tudo o que queremos é receber, então não podemos relacionarmo-nos com o doador porque não há nada em nós que se direciona para o exterior para observar de onde a recepção está vindo. Acontece que precisamos ter um desejo de receber, mas precisamos também conhecer o doador, e para isso precisamos de um desejo de doar.

É por isso que temos a Fase Um e a Fase Dois. O modo de termos ambos os desejos não é criando um novo desejo que não nos foi instilado pelo Criador. O modo de fazermos isso é olharmos exclusivamente para o prazer que estamos doando ao doador, a despeito do prazer que possamos ou não possamos experimentar no processo. Isto é chamado de
“intenção de doar.” É tanto a essência da correção, quanto o que nos muda como seres humanos de egoístas para altruístas.

E finalmente, logo que tenhamos adquirido esta qualidade, podemos nos conectar com o Criador, que é o que os mundos espirituais estão destinados a nos ensinar. Enquanto não nos sentirmos conectados ao Criador, somos considerados peças partidas da alma de Adam ha Rishon, desejos não corrigidos. No momento que tivermos a intenção de doar, nos tornaremos corrigidos e conectados, tanto ao Criador como a toda humanidade. Quando todos nós estivermos corrigidos, ascenderemos novamente à nossa Fase Raiz, mesmo para além do mundo de Adam Kadmon, ao próprio Pensamento da Criação, chamado de Ein Sof (Sem Fim), porque nosso preenchimento será infinito e eterno.

3-RESUMINDO
O Pensamento da Criação é doar deleite e prazer ao fazer uma criatura que é similar ao seu criador. Este Pensamento (a Luz) cria um desejo de receber deleite e prazer. Depois disso, o desejo de receber começa a querer doar porque o doar é mais similar ao Criador, e isto é claramente mais desejável. O desejo de receber então decide receber
porque esta é a maneira de doar prazer ao Criador. Após isso, o desejo de receber quer conhecer o Pensamento que o criou, porque que prazer pode ser maior do que conhecer a tudo?

Finalmente, o desejo de receber (a criatura) começa a receber com a intenção de doar porque a doação o faz similar ao Criador, é assim que ele pode estudar os pensamentos do Criador. Aqueles desejos que podem receber com o objetivo de doar criam os mundos, que são considerados a parte superior da Criação, e os desejos que não podem ser utilizados com o objetivo de doar compõem a alma universal de Adam ha Rishon.
Esses desejos são considerados a parte inferior da Criação. Os mundos e a alma são construídos similarmente, mas com uma intensidade diferente de desejos. Por causa disso, os mundos podem mostrar à alma como trabalhar com o objetivo de doar e assim ajudar Adam ha Rishon a se tornar corrigido.


Falando grosseiramente, cada desejo é corrigido em um mundo específico: o nível inanimado é corrigido no mundo de Adam Kadmon; o vegetativo no mundo de Atzilut; o animal no mundo de Beria; o falante no mundo de Yetzira; e o desejo pela espiritualidade pode apenas ser corrigido no mundo de Assiya, a parte inferior, à qual pertence o nosso universo. E isto nos leva ao tópico do nosso próximo capítulo.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A TRAJETÓRIA

CAPITULO III

1.3 – A TRAJETÓRIA

Para completar a tarefa de se tornar idêntica ao Criador, a primeira coisa que a criatura precisa obter é o ambiente correto para se desenvolver e tornar-se como o Criador. Esse ambiente é chamado de “mundos.”
Na Fase Quatro, a criatura foi dividida em duas partes: superior e inferior. A parte superior forma os mundos, e a parte inferior forma a criatura, que é tudo que existe dentro desses mundos. Falando grosseiramente, os mundos são feitos de desejos onde o Masach permitiu entrar a Luz na Fase Quatro, e a criatura será feita de desejos nos quais o Masach não permitiu
que a Luz entrasse.
Nós já sabemos que a Criação é feita de uma só coisa: um desejo de receber deleite e prazer. Portanto, superior e inferior não se referem a lugares, mas a desejos aos quais nos referimos como superiores ou inferiores. Em outras palavras, desejos superiores são desejos que apreciamos mais do que desejos queconsideramos inferiores. No caso da Fase Quatro, qualquer desejo que possa ser utilizado para doar ao Criador pertence à parte superior, e qualquer desejo que não possa ser utilizado desta maneira pertence à parte inferior.



Por haverem cinco níveis de desejos – inanimado, vegetativo, animal, falante, e espiritual – cada nível é analisado.
Os utilizáveis criam os mundos, e os (ainda) inutilizáveis criam a criatura.
Anteriormente, nesse capítulo, dissemos que o padrão de quatro fases é a base de tudo o que existe. Portanto, os mundos se desenvolvem pelo mesmo modelo que funcionou na criação das fases. O lado esquerdo da Figura 4 é uma visão de dentro do conteúdo da Fase Quatro, mostrando sua divisão em partes superiores e inferiores, e mostrando que a parte superior contém os mundos e que a parte inferior contém a criatura.
Então, falemos um pouco mais sobre a Fase Quatro e sobre como ela trabalha com o Masach. Além do mais, a Fase Quatro somos nós, então se entendemos como ela funciona, podemos aprender algo sobre nós mesmos.
A Fase Quatro, Malchut, não apareceu simplesmente do nada. Ela evoluiu da Fase Três, que evoluiu da Fase Dois, etc.
De forma similar, Abraham Lincoln não surgiu simplesmente do nada como presidente. Ele cresceu de um pequeno bebê, para uma criança, daí para um jovem, e para um adulto que finalmente se tornou presidente. Mas as fases preliminares não desaparecem. Sem elas, o Presidente Lincoln não haveria se tornado o Presidente Lincoln. A razão pela qual não podemos vê-las é porque o nível mais desenvolvido sempre domina e sobrepõe o menos desenvolvido. Mas, o último e mais desenvolvido nível, não apenas sente a existência deles dentro dele, mas trabalha com estes outros níveis.
É por isso que existem momentos em que todos nós sentimo-nos como crianças, especialmente quando somos tocados em lugares que ainda não amadurecemos. Isto é simplesmente porque estes lugares não estão revestidos por uma camada adulta, e estes pontos sensíveis fazem-nos sentir como crianças indefesas.
Essa estrutura multicamada é que nos permite conseqüentemente tornarmo-nos pais. No processo de criação dos filhos, nós combinamos nossa fase presente com as anteriores: entendemos as situações que nossos filhos experimentam porque tivemos experiências similares. Nós relacionamo-nos com estas situações com o conhecimento e a experiência que acumulamos através dos anos.
A razão pela qual somos construídos dessa maneira é que Malchut (chamando-a pelo seu nome usado com mais freqüência) é construída exatamente da mesma maneira. Todas as fases anteriores de Malchut existem dentro dela e a ajudam a sustentar sua estrutura.
Para se tornar o mais similar possível ao Criador, Malchut analisa cada nível de desejo dentro de si própria, e divide os desejos em utilizáveis e inutilizáveis dentro de cada nível. Mas os desejos utilizáveis não serão usados apenas para receber com o objetivo de doar ao Criador. Eles irão também “ajudar” o Criador a completar Sua tarefa de fazer Malchut idêntica a Ele.
Umas poucas páginas atrás, dissemos que para realizar a tarefa de tornar-se idêntica ao Criador, a criatura precisa criar o ambiente correto para se desenvolver e tornar-se como o Criador. É exatamente isso que os mundos – os desejos utilizáveis – fazem. Eles “mostram” aos desejos inutilizáveis como receber com o objetivo de doar ao Criador, e, ao fazerem assim, ajudam os desejos inutilizáveis a corrigirem a si mesmos.
Nós podemos imaginar o relacionamento entre os mundos e a criatura como um grupo de operários de construção no qual um dos operários não sabe o que fazer. Os mundos ensinam a criatura demonstrando como realizar cada tarefa: como perfurar, como usar o martelo, um prumo, e assim por diante. No caso da espiritualidade, os mundos mostram à criatura o que o Criador deu a eles e como eles trabalham com isso de maneira correta. Pouco a pouco, a criatura pode começar a utilizar seus desejos desta maneira, também, e é por isso que os desejos em nosso mundo surgem gradualmente, do mais brando ao mais intenso.
Os desejos são divididos da seguinte maneira: O mundo de Adam Kadmon é a parte utilizável do nível inanimado, e a parte inferior do nível inanimado, a criatura, é a parte inutilizável. Na verdade, no nível inanimado não há nada para corrigir porque é imóvel e não usa seu desejo. O nível inanimado (em ambas as partes) é apenas a raiz de tudo que virá depois.

“De tudo o que aprendemos até agora, nós ainda não sabemos qual dos cincos mundos sobre os quais falamos é o nosso mundo. Na verdade, nenhum deles é o nosso. Lembre-se sempre que não existem “lugares” na espiritualidade, apenas estados.
Quanto mais elevado o mundo, mais altruísta é o estado que ele representa. A razão pela qual nosso mundo não é mencionado em lugar nenhum é que os mundos espirituais são altruístas, e o nosso mundo é, como nós, egoísta. Por ser o egoísmo oposto ao altruísmo, nosso mundo está separado do sistema dos mundos espirituais. É por isso que os Cabalistas não o mencionam na estrutura que descreveram.
Além do mais, os mundos não existem realmente, a menos que os criemos ao tornarmo-nos como o Criador.
A razão pela qual eles são tratados no passado é que os Cabalistas que ascenderam do nosso mundo para os mundos espirituais contam-nos o que eles encontraram.
Se quisermos encontrar os mundos espirituais também, teremos que recriar estes mundos dentro de nós tornando-nos altruístas.”

O próximo, o mundo de Atzilut é a parte utilizável do nível vegetativo, e a parte inferior do nível vegetativo, a criatura, é a parte inutilizável. O mundo de Beria é a parte utilizável do nível animal, e a parte inferior do nível animal, a criatura, é a parte inutilizável. O mundo de Yetzira é a parte utilizável do nível falante, e a parte inferior do nível falante, a criatura, é a parte inutilizável. Finalmente, o mundo de Assiya é a parte utilizável do espiritual, o mais intenso dos desejos, e a parte inferior do nível espiritual, a criatura, é a parte inutilizável.
Agora você sabe porque, se corrigirmos a humanidade, tudo mais será corrigido ao mesmo tempo. Então, falemos sobre nós e o que aconteceu conosco.