domingo, 15 de janeiro de 2017

A PERCEPÇÃO DA REALIDADE

CAPITULO V

3-A PERCEPÇÃO DA REALIDADE

Muitos termos são usados para descrever o entendimento. Para os Cabalistas, o nível mais profundo de entendimento é chamado de “compreensão” (Nota do Tradutor: da palavra inglesa attainment que pode significar apreensão, obtenção, atingir, captar, absorver algo). Por estarem estudando os mundos espirituais, o objetivo deles é alcançar a “compreensão espiritual.” A compreensão se refere a um tão profundo e detalhado entendimento do que é percebido que não resta nenhuma pergunta sobre o mesmo. Os Cabalistas escrevem que ao fim da evolução da humanidade, todos iremos compreender
o Criador em um estado chamado de “Equivalência de Forma.”

Para alcançar este objetivo, os Cabalistas cuidadosamente definiram quais partes da realidade devemos estudar, e quais não devemos. Para determinar estas duas trilhas, os Cabalistas seguiram um princípio bastante simples: Se algo nos ajuda a aprender de forma mais rápida e precisa, devemos estuda-lo. Se não ajuda, devemos ignora-lo.

Os Cabalistas em geral, e O Zohar em particular, nos advertem a estudarmos apenas as partes que podemos perceber com certeza absoluta. Em todo lugar em que as suposições
estejam envolvidas, não devemos desperdiçar nosso tempo, ou então nossa compreensão será questionável.

Os Cabalistas também dizem que das quatro categorias de percepção – Matéria, Forma na Matéria, Forma Abstrata, e Essência – podemos apenas perceber as duas primeiras com certeza. Por esta razão, tudo que O Zohar escreve é sobre os desejos (a Matéria) e como usa-los: ou para nós mesmos ou para o Criador.

O Cabalista Yehuda Ashlag escreve que, “Se o leitor não souber como ser prudente com os limites, e remover os assuntos do contexto, ele ou ela será imediatamente confundido.” Isto pode acontecer se não limitarmos nosso estudo à Matéria e a Forma na Matéria.

Nós precisamos entender que não existe algo tal como uma “proibição” na espiritualidade. Quando os Cabalistas declaram algo como “proibido,” significa que é impossível. Quando eles dizem que não devemos estudar a Forma Abstrata e a Essência, não significa que seremos atingidos por um raio se o fizermos; significa que não podemos estudar tais categorias mesmo que queiramos.

Yehuda Ashlag usa a eletricidade para explicar porque a Essência é imperceptível. Ele diz que podemos usar a eletricidade em várias maneiras diferentes: para aquecer, esfriar, ouvir música e assistir vídeos. A eletricidade pode vestir-se em várias Formas; mas podemos expressar a Essência da eletricidade em si?

Usemos um outro exemplo para explicarmos as quatro categorias – Matéria, Forma na Matéria, Forma Abstrata, e Essência. Quando dizemos que determinada pessoa é forte, nós estamos na verdade se referindo à Matéria daquela pessoa – o corpo – e à Forma que se reveste com sua Matéria – a força.

Se removermos a Forma da força da Matéria (o corpo da pessoa), e examinarmos a Forma da força separadamente, sem estar vestida pela Matéria, isto seria examinar a Forma Abstrata da força. A quarta categoria, a Essência da pessoa em si, é completamente incompreensível. Nós simplesmente não temos sentidos que possam “estudar” a Essência e retrata-la de forma perceptível. Por conseqüência, a Essência não apenas é algo que não conhecemos agora; nós nunca a conheceremos.

Por que é tão importante focar-se apenas nas duas primeiras categorias? O problema é que quando lidamos com espiritualidade, não sabemos quando estamos confusos. Assim
então, continuamos na mesma direção e somos levados cada vez para mais longe da verdade.

No mundo material, se eu sei o que eu quero, eu posso ver se estou obtendo-o ou não, ou se no mínimo estou na trilha certa, rumo a consegui-lo. Este não é o caso da espiritualidade. Lá, quando estou errado, eu não sou apenas negado do que queria, mas eu até perco meu estado espiritual presente, a Luz torna-se pouco visível, e me torno incapaz de redirecionar a mim mesmo corretamente sem a ajuda de um guia. É por isso
que é tão importante entender os três limites e obedece-los.


3.1-UMA REALIDADE INEXISTENTE

Agora que entendemos o que podemos estudar e o que não podemos, vejamos o que estamos de fato estudando com os nossos sentidos. A verdade sobre os Cabalistas é que
eles não deixam nenhuma pedra sem vira-la. Yehuda Ashlag, que investigou toda a realidade para que ele pudesse nos contar sobre ela, escreveu que nós não sabemos o que existe fora de nós mesmos. Por exemplo, não temos idéia daquilo que está do lado de fora de nossos ouvidos, que faz nosso tímpano responder. Tudo que conhecemos é nossa reação a um estímulo do exterior.

Até mesmo os nomes que associamos aos fenômenos não estão conectados aos fenômenos em si, mas à nossa reação a eles. Muito provavelmente, não estamos cientes de muitas coisas que acontecem em nosso mundo. Elas podem passar desapercebidas pelos nossos sentidos porque nos relacionamos apenas com os fenômenos que podemos perceber. Por esta razão, é completamente óbvio o porquê de não podermos perceber a Essência de qualquer coisa que esteja fora de nós; podemos apenas estudar nossas reações a ela.

Esta lei da percepção se aplica não apenas aos mundos espirituais; é a lei de toda a Natureza. Relacionar com a realidade desta maneira imediatamente nos faz entender que o que vemos não é o que realmente existe. Este entendimento é de tão grande importância quanto a obtenção do progresso espiritual.

Quando observamos nossa realidade, começamos a descobrir coisas que nunca percebemos. Nós interpretamos as coisas que ocorrem dentro de nós como se estivessem ocorrendo exteriormente. Nós não conhecemos as verdadeiras origens dos eventos que experimentamos, mas sentimos que estão acontecendo fora de nós. No entanto, não podemos ter certeza disso.

Para nos relacionarmos corretamente com a realidade, não devemos pensar que o que estamos percebendo é a imagem “real”. Tudo que estamos percebendo é como os eventos (as Formas) afetam nossa percepção (nossa Matéria). Além do mais, o que percebemos não é a imagem exterior e objetiva, mas nossa reação a ela. Nós não podemos sequer dizer se, e a que proporções, as Formas que percebemos estão conectadas às Formas Abstratas que associamos a elas. Em outras palavras, o fato de vermos uma maçã vermelha como vermelha não significa que ela seja de fato vermelha.

De fato, se você perguntar a físicos, eles dirão a você que a única verdadeira afirmação que você pode fazer sobre uma maçã vermelha é que ela não é vermelha. Se você se lembra de como o Masach (a Tela) trabalha, você sabe que ele recebe o que ele pode receber com o objetivo de doar ao Criador e rejeita o restante.

Similarmente, a cor de um objeto é determinada pelas ondas de luz que o objeto iluminado não pode absorver. Nós não estamos vendo a cor do objeto em si, mas a luz
que o objeto rejeitou. A cor real do objeto é a luz que ele absorveu; mas porque ele absorveu essa luz, ela não pode alcançar nosso olho, e nós por conseqüência não podemos vê-la. É por isso que a cor real da maçã vermelha é qualquer uma que não seja o vermelho.

Eis aqui como Ashlag, no Prefácio ao Livro do Zohar, se refere à nossa falta de percepção da Essência: “É conhecido que aquilo que não podemos sentir, nós também não podemos imaginar; e aquilo que não podemos perceber, nós não podemos imaginar, também. ... Portanto o pensamento não tem percepção alguma da Essência.”

Em outras palavras, por não podermos sentir uma Essência, qualquer Essência, nós também não podemos percebe-la. Mas o conceito que deixa a maioria dos estudantes
de Cabalá completamente perplexos a primeira vez que eles estudam o Prefácio de Ashlag é quão pouco nós realmente sabemos sobre nós mesmos. Eis o que Ashlag escreve acerca disso: “Além do mais, nós sequer conhecemos a nossa própria Essência. Eu percebo e sei que ocupo um certo espaço no mundo, que sou sólido, quente, e que eu penso, e sei de outras tais manifestações das operações de minha Essência. Contudo,
se você me perguntar o que é a minha própria Essência... Eu não saberei o que responder a você.”

3.1-UMA REALIDADE INEXISTENTE

Agora que entendemos o que podemos estudar e o que não podemos, vejamos o que estamos de fato estudando com os nossos sentidos. A verdade sobre os Cabalistas é que
eles não deixam nenhuma pedra sem vira-la. Yehuda Ashlag, que investigou toda a realidade para que ele pudesse nos contar sobre ela, escreveu que nós não sabemos o que existe fora de nós mesmos. Por exemplo, não temos idéia daquilo que está do lado de fora de nossos ouvidos, que faz nosso tímpano responder. Tudo que conhecemos é nossa reação a um estímulo do exterior.

Até mesmo os nomes que associamos aos fenômenos não estão conectados aos fenômenos em si, mas à nossa reação a eles. Muito provavelmente, não estamos cientes de muitas coisas que acontecem em nosso mundo. Elas podem passar desapercebidas pelos nossos sentidos porque nos relacionamos apenas com os fenômenos que podemos perceber. Por esta razão, é completamente óbvio o porquê de não podermos perceber a Essência de qualquer coisa que esteja fora de nós; podemos apenas estudar nossas reações a ela.

Esta lei da percepção se aplica não apenas aos mundos espirituais; é a lei de toda a Natureza. Relacionar com a realidade desta maneira imediatamente nos faz entender que o que vemos não é o que realmente existe. Este entendimento é de tão grande importância quanto a obtenção do progresso espiritual.

Quando observamos nossa realidade, começamos a descobrir coisas que nunca percebemos. Nós interpretamos as coisas que ocorrem dentro de nós como se estivessem ocorrendo exteriormente. Nós não conhecemos as verdadeiras origens dos eventos que experimentamos, mas sentimos que estão acontecendo fora de nós. No entanto, não podemos ter certeza disso.

Para nos relacionarmos corretamente com a realidade, não devemos pensar que o que estamos percebendo é a imagem “real”. Tudo que estamos percebendo é como os eventos (as Formas) afetam nossa percepção (nossa Matéria). Além do mais, o que percebemos não é a imagem exterior e objetiva, mas nossa reação a ela. Nós não podemos sequer dizer se, e a que proporções, as Formas que percebemos estão conectadas às Formas Abstratas que associamos a elas. Em outras palavras, o fato de vermos uma maçã vermelha como vermelha não significa que ela seja de fato vermelha.

De fato, se você perguntar a físicos, eles dirão a você que a única verdadeira afirmação que você pode fazer sobre uma maçã vermelha é que ela não é vermelha. Se você se lembra de como o Masach (a Tela) trabalha, você sabe que ele recebe o que ele pode receber com o objetivo de doar ao Criador e rejeita o restante.

Similarmente, a cor de um objeto é determinada pelas ondas de luz que o objeto iluminado não pode absorver. Nós não estamos vendo a cor do objeto em si, mas a luz
que o objeto rejeitou. A cor real do objeto é a luz que ele absorveu; mas porque ele absorveu essa luz, ela não pode alcançar nosso olho, e nós por conseqüência não podemos vê-la. É por isso que a cor real da maçã vermelha é qualquer uma que não seja o vermelho.

Eis aqui como Ashlag, no Prefácio ao Livro do Zohar, se refere à nossa falta de percepção da Essência: “É conhecido que aquilo que não podemos sentir, nós também não podemos imaginar; e aquilo que não podemos perceber, nós não podemos imaginar, também. ... Portanto o pensamento não tem percepção alguma da Essência.”

Em outras palavras, por não podermos sentir uma Essência, qualquer Essência, nós também não podemos percebe-la. Mas o conceito que deixa a maioria dos estudantes
de Cabalá completamente perplexos a primeira vez que eles estudam o Prefácio de Ashlag é quão pouco nós realmente sabemos sobre nós mesmos. Eis o que Ashlag escreve acerca disso: “Além do mais, nós sequer conhecemos a nossa própria Essência. Eu percebo e sei que ocupo um certo espaço no mundo, que sou sólido, quente, e que eu penso, e sei de outras tais manifestações das operações de minha Essência. Contudo,
se você me perguntar o que é a minha própria Essência... Eu não saberei o que responder a você.”


3.2-O MECANISMO DE MEDIÇÃO



Olhemos para o nosso problema de percepção de um outro ângulo, de um ângulo mais mecânico. Nossos sentidos são instrumentos de medição. Eles medem tudo que percebem. Quando ouvimos um som, determinamos se ele é alto ou baixo; quando vemos um objeto, nós podemos (habitualmente) dizer qual é a cor dele; e quando tocamos algo, nós imediatamente sabemos se é quente ou frio, úmido ou seco.

Todas ferramentas de medição operam de forma similar. Pense numa balança com um peso de um quilo nela. O mecanismo de pesagem tradicional é feito de uma mola que
estica de acordo com o peso, e de uma escala que mede a tensão da mola. Logo que a mola para de se esticar e repousa em um determinado ponto, os números na escala indicam o peso. Na verdade, não medimos o peso, mas o equilíbrio entre a mola e o peso (Figura 6).

Este é o porquê do Cabalista Ashlag dizer que nós não podemos
perceber a Forma Abstrata, o objeto em si, porque nós não temos absolutamente nenhuma conexão com ele. Se pudermos colocar uma mola nele para medir o impacto externo, obteremos algum resultado. Mas se não pudermos medir o que
está acontecendo do lado de fora, é como se nada estivesse acontecendo. Além do mais, se colocarmos uma mola defeituosa para medir um estímulo externo, nós obteremos o resultado incorreto. Isto é o que acontece quando envelhecemos e nossos sentidos se deterioram.

Em termos espirituais, o mundo exterior apresenta a Forma Abstrata para nós, assim como o peso. Usando a mola e a escala – o desejo de receber e a intenção de doar – medimos quanto da Forma Abstrata podemos receber. Se pudéssemos construir um instrumento de medição que “medisse” o Criador, poderíamos senti-Lo assim como sentimos nosso mundo. Bem, tal instrumento de medição existe; ele é chamado de “o sexto sentido.”


3.4-O SEXTO SENTIDO

Vamos começar esta seção com uma pequena fantasia: Estamos em um lugar escuro, um completo vazio. Nós não podemos ver nada, não podemos ouvir som algum, não há cheiros nem sabores, e não há nada em que possamos tocar à nossa volta. Agora imagine ficar neste estado por um período tão longo que você até esquece que já teve sentidos que podiam sentir tais coisas. Conseqüentemente, você também esquece que tais sensações podiam existir.

De repente, surge uma ligeira fragrância. Ela fica mais forte e te envolve, mas você não pode detectar sua origem. Então, mais cheiros surgem, alguns fortes, alguns fracos, alguns doces, e alguns desagradáveis. Usando-os, você agora pode encontrar sua direção no mundo. Fragrâncias diferentes vêm de diferentes lugares, e você pode começar a encontrar sua direção ao segui-las.

Daí, sem prévio aviso, sons surgem de todas as direções. Os sons são todos diferentes, alguns como música, alguns como palavras, e alguns apenas ruídos. Mas os sons proveem orientação adicional naquele lugar.

Agora você pode medir distâncias, direções; você pode adivinhar de onde vêm os cheiros e os sons que você está recebendo. Este apenas não é mais um espaço no qual você está; é um mundo completo de sons e aromas.

Após algum tempo, uma nova revelação é feita quando alguma coisa esbarra em você. Pouco depois, você descobre mais coisas em que você pode tocar. Algumas são frias,
algumas são quentes, algumas são secas, e algumas são úmidas. Algumas são duras e algumas são macias; algumas, você não é capaz de decidir o que são. Você descobre que você pode pôr alguns dos objetos que você está tocando em sua boca, e que eles têm sabores distintos.

Neste meio tempo você está vivendo em um mundo abundante de sons, cheiros, e sabores. Você pode tocar os objetos em nosso mundo, e você pode estudar o seu ambiente.

Este é o mundo do cego de nascença. Se você estivesse no lugar dele, você sentiria que precisa do sentido da visão? Em algum momento você saberia que você não o tem? Nunca. A não ser que você já o tivesse antes.

O mesmo é verdade para o sexto sentido. Nós não nos lembramos de já o termos possuído, embora todos nós já o tivéssemos antes da quebra de Adam ha Rishon, do qual todos nós somos partes.

O sexto sentido opera de forma muito similar aos cinco sentidos naturais, com a única diferença sendo que o sexto sentido não é dado pela natureza, nós temos que desenvolve-lo. De fato, o nome “sexto sentido” é um tanto enganoso, porque nós não estamos realmente desenvolvendo um outro sentido; nós estamos desenvolvendo uma intenção.

Enquanto desenvolvemos esta intenção, estudamos as Formas do Criador, as Formas de doação, opostas à nossa composição egoísta original. É por isso que o sexto sentido não
é dado a nós pela Natureza; ele é oposto a nós.

A construção da intenção sobre cada desejo que sentimos, é o que nos faz conscientes de quem somos, de quem o Criador é, e de se queremos ou não ser como Ele. Apenas se temos duas opções diante de nós podemos fazer uma escolha verdadeira.

Portanto, o Criador não nos obriga a sermos como Ele – altruístas – mas mostra-nos quem somos, quem Ele é, e nos dá a oportunidade de fazer nossa livre escolha. Logo que fazemos nossa escolha, nos tornamos as pessoas que pretendemos ser: semelhantes ao Criador, ou não.

Por que, então, chamamos a intenção de doar de “o sexto sentido”? Porque ao possuirmos a mesma intenção que o Criador, nos tornamos semelhantes ao Criador. Isto significa que nós não apenas temos a mesma intenção, mas porque desenvolvemos a equivalência de forma com Ele, nós vemos e percebemos coisas que não iríamos e nem poderíamos perceber caso contrário. Nós na verdade começamos a ver através de Seus olhos.

http://projetoalquimia.wordpress.com/2012/03/13/kabalah/