quinta-feira, 20 de novembro de 2014

QUATRO FASES BÁSICAS

CAPITULO III


QUATRO FASES BÁSICAS
Voltemos à nossa história. Para pôr o pensamento de doar prazer em prática, o Criador projetou uma Criação que especificamente quisesse receber o prazer de ser idêntica ao Criador. Se você é pai, você sabe como isso é. Que palavras mais ternas podemos dizer a um pai orgulhoso além de, “Seu filho é igualzinho a você!”?
Como acabamos de dizer, o Pensamento da Criação – de doar prazer à criatura – é a raiz da Criação. Por esta razão, o Pensamento da Criação é chamado de “Fase Raiz” ou “Fase Zero,” e o desejo de receber prazer é chamado de “Fase Um.”

                Note que a Fase Zero é mostrada como uma seta para baixo. Onde quer que haja uma seta apontando para baixo, o significado é que a Luz vem do Criador à criatura. Mas o contrário não é verdadeiro: onde quer que haja uma seta para cima, não significa que a criatura doa Luz ao Criador, mas que ela quer devolve-la a Ele. E o que acontece quando existem duas setas apontando para direções opostas? Continue lendo: logo você descobrirá o que isto significa.

Os Cabalistas também se referem ao Criador como “o Desejo de Doar,” e à criatura como “o desejo de receber deleite e prazer” ou simplesmente “o desejo de receber.” Nós falaremos sobre nossa percepção do Criador mais à frente, mas o que é importante neste ponto é que os Cabalistas sempre nos dizem o que eles percebem. Eles não nos dizem que o Criador tem um desejo de doar; eles nos dizem que o que eles vêem do Criador é que Ele tem um desejo de doar, e é por isso que eles O chamaram de “o Desejo de Doar.” Por terem eles descoberto neles mesmos um desejo de receber o prazer que Ele quer doar, eles chamaram a si próprios de, “o desejo de receber.”
Assim o desejo de receber é a primeira Criação, a raiz de cada criatura. Quando a Criação, o desejo de receber, sente que o prazer vem de um doador, ela percebe que o verdadeiro prazer está no doar, e não no receber. Como resultado, o desejo de receber começa a querer doar (note a seta para cima se estendendo do segundo Kli – o vaso na figura). Esta é uma fase completamente nova – Fase Dois.
Vamos examinar o que faz desta uma nova fase. Se olharmos para o Kli em si, nós vemos que ele não muda através das fases. Isto significa que o desejo de receber está tão ativo quanto estava antes. Por ter sido o desejo de receber projetado no Pensamento da Criação, ele é eterno e nunca pode ser mudado.
Contudo, na Fase Dois o desejo de receber quer receber prazer de doar, não de receber, e esta é uma mudança fundamental. A grande diferença é que a Fase Dois precisa de um outro para quem possa doar. Em outras palavras, a Fase Dois tem de se relacionar positivamente a alguém ou a algo mais além de si própria.
A Fase Dois, que nos obriga a doar a despeito de nosso desejo de receber essencial, é que faz a vida possível. Sem ela, os pais não se importariam com seus filhos e a vida social seria impossível. Por exemplo, se eu sou dono de um restaurante, meu desejo é ganhar dinheiro, mas o inevitável é que estou alimentando estranhos pelos quais eu não tenho interesses de longo prazo. O mesmo é verdadeiro para banqueiros, motoristas de táxi (mesmo em Nova Iorque), e muitos outros.
Agora podemos ver porque a lei da Natureza é o altruísmo e a doação, e não a lei do receber, mesmo que o desejo de receber esteja na base da motivação de cada criatura, assim como na Fase Um. A partir do momento em que a Criação obteve tanto um desejo de receber como um desejo de doar, tudo o que acontecerá a ela virá do “relacionamento” entre essas duas fases.
Como acabamos de mostrar, o desejo de doar na Fase Dois a obriga a se comunicar, a buscar alguém que precise receber. Assim, a Fase Dois agora começa a examinar o que ela pode doar ao Criador. Afinal, para quem mais ela poderia doar?
Mas quando a Fase Dois de fato tenta doar, ela descobre que tudo o que o Criador quer é doar. Ele absolutamente não tem desejo de receber. Além do mais, o que a criatura pode doar ao Criador?
Além disso, a Fase Dois descobre que em sua essência, na Fase Um, seu verdadeiro desejo é receber. Ela descobre que sua raiz é essencialmente um desejo de receber deleite e prazer, e não há sequer um grama de desejo de doar genuíno dentro dela. Mas, e aqui está o xis da questão, porque o Criador quer apenas doar, o desejo de receber da criatura é precisamente o
que ela pode doar ao Criador.
Isto pode parecer confuso, mas se você pensar no prazer que uma mãe obtém ao alimentar seu bebê, você compreenderá que o bebê está na verdade doando prazer à sua mãe simplesmente por querer comer.
Portanto, na Fase Três, o desejo de receber escolhe receber, e assim fazendo devolve à Fase Raiz, ao Criador. Agora temos um círculo completo onde ambos os participantes são doadores: a Fase Zero, o Criador, doa à criatura, que é a Fase Um, e a criatura, tendo passado pelas Fases Um, Dois, e Três, devolve ao Criador ao receber Dele.
Na Figura 1, a seta para baixo na Fase Três indica que sua ação é a recepção, como na Fase Um, mas a seta para cima indica que sua intenção é doar, como na Fase Dois. E novamente, ambas ações usam o mesmo desejo de receber como nas Fases Um e Dois; isto não muda de jeito nenhum.
Como vimos anteriormente, nossas intenções egoístas são os motivos de todos os problemas que estamos vendo nesse mundo. Aqui, também, na raiz da Criação, a intenção é muito mais importante que a ação em si. De fato, Yehuda Ashlag metaforicamente disse que a Fase Três é dez por cento receptora, e noventa por cento doadora.
Agora parece que temos um ciclo perfeito onde o Criador conseguiu fazer a criatura idêntica a Si Próprio – um doador.
Além disso, a criatura se delicia em doar, assim retornando o prazer ao Criador. Mas isto completa o Pensamento da Criação?
Não exatamente. O ato de recepção (na Fase Um) e o entendimento que o único desejo do Criador é doar (na Fase Dois) faz que a criatura queira estar na mesma situação, que é a Fase Três. Mas tornar-se um doador não significa que a criatura estará na mesma situação, assim completando o Pensamento da Criação.
Estar na situação do Criador significa que a criatura não apenas se tornará um doador, mas terá o mesmo pensamento que o Doador – o Pensamento da Criação. Em tal situação, a criatura iria entender porque o ciclo Criador criatura foi iniciado, como também porque o Criador formou a Criação.
Claramente, o desejo de entender o Pensamento da Criação é uma fase completamente nova. A única coisa à qual podemos comparar é a um filho que quer ser tão forte e sábio como seus pais. Nós instintivamente sabemos que isto é possível apenas quando o filho realmente calça os calçados de seu pai ou de sua mãe. É por isso que os pais quase sempre dizem a seus filhos, “Espere até você ter seus próprios filhos; daí você vai entender.”

                Um dos termos mais comuns na Cabalá é o termo Sefirot. A palavra vem da palavra Hebraica, Sapir (safira) e cada Sefira (singular de Sefirot) tem sua própria Luz. Também, cada uma das quatro fases é chamada pelo nome de uma ou mais Sefira. A Fase Zero é chamada Keter, a Fase Um, Hochma, a Fase Dois, Bina, a Fase Três, Zeir Anpin, e a Fase Quatro, Malchut.
Na verdade, existem dez Sefirot porque Zeir Anpin é composto de seis Sefirot: Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, e Yesod. Portanto, o conjunto completo de Sefirot é Keter, Hochma, Bina, Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod, e Malchut.



Na Cabalá, o entendimento do Pensamento da Criação – o mais profundo nível de entendimento – é chamado de “compreensão” (Nota do Tradutor: da palavra inglesa attainment que pode significar apreensão, obtenção, atingir, captar, absorver algo). É isso que o desejo de receber anseia na última fase – Fase Quatro. O desejo de adquirir o Pensamento da Criação é a força mais poderosa na Criação. Ele está por trás de todo o processo de evolução. Estejamos nós cônscios disto ou não, o conhecimento máximo que buscamos é o entendimento do porquê o Criador faz o que faz. É o mesmo impulso que pressionou os Cabalistas a descobrirem os segredos da Criação a milhares de anos atrás. Até entendermos isso, não teremos paz em nossas mentes.