3-CONHEÇA SEUS LIMITES
Uma Antiga Oração Senhor, dê-me força
para mudar o que eu posso mudar, coragem para aceitar o que eu não posso mudar,
e sabedoria para discernir entre eles.
A nosso ver, somos indivíduos únicos e
de ação independente.
Este é um traço comum de todas as
pessoas. Apenas pense nos séculos de batalhas pelos quais a humanidade passou,
apenas para, no final, obter a liberdade pessoal limitada que temos hoje.
Mas nós não somos os únicos que sofremos
quando nossa liberdade é tomada. Não há sequer uma criatura que possa ser capturada
sem uma luta. É um traço natural, inerente, rejeitar qualquer forma de
subjugação. Contudo, mesmo se entendermos que todas a criaturas merecem ser
livres, isto não nos garantirá que entenderemos o que ser livre realmente significa
ou se, e como, isto está conectado ao processo de correção do egoísmo humano.
Se nos perguntarmos honestamente sobre o
significado da liberdade, é provável que descubramos que pouquíssimos de nossos
pensamentos presentes sobre ela permanecerão firmes quando terminarmos de perguntar.
Assim, antes de podermos
falar sobre liberdade, precisamos saber
o que realmente significa ser livre.
Para vermos se entendemos a liberdade,
precisamos olhar para dentro de nós mesmos para vermos se somos capazes de realizar
no mínimo um ato livre e voluntário. Por nosso desejo de receber sempre
crescer, somos sempre impelidos a buscar por maneiras de viver melhores e mais
recompensadoras. Mas por estarmos presos numa corrida de ratos, não temos
escolha nesta questão.
Por outro lado, se nosso desejo de
receber é a causa de todo este problema, talvez exista uma maneira de
controla-lo.
Se pudéssemos fazer assim, talvez
poderíamos controlar a corrida inteira. De outra forma, sem este controle, o
jogo pareceria estar perdido antes mesmo de ser jogado.
Mas se somos nós os perdedores, então
quem é o vencedor? Com quem (ou o que) estamos competindo? Nós lidamos com
nossa vida como se os eventos dependessem de
nossas decisões. Mas dependem mesmo? Não
seria melhor desistirmos de mudar nossas vidas, e ao invés disso apenas seguirmos
a correnteza?
Por um lado, acabamos de dizer que a
Natureza rejeita qualquer subjugação. Mas por outro lado, a Natureza não nos mostra
qual, se alguma de nossas ações é livre, e onde somos iludidos por um Mestre
das Marionetes invisível em pensarmos que somos livres.
Além do mais, se a Natureza funciona de
acordo com um Plano Mestre, poderiam ser estas perguntas e incertezas partes do
esquema? Talvez exista uma razão ulterior que faz-nos sentirmos perdidos e
confusos. Talvez a confusão e a desilusão sejam as maneiras do Mestre das
Marionetes dizer para nós, “Ei! Dêem uma outra olhada em onde vocês estão indo,
porque se vocês estão procurando por Mim, vocês estão procurando na direção
errada.”
Poucos negarão que estamos, de fato,
desorientados. Contudo, para determinarmos nossa direção, temos de saber onde
começar a procurar. Isto pode nos economizar anos de esforços fúteis. A
primeira coisa que queremos encontrar é onde temos escolha livre e
independente, e onde não temos.
Logo que compreendermos isso, saberemos
onde devemos concentrar nossos esforços.
3.1-AS RÉDEAS DA VIDA
A Natureza inteira obedece apenas uma
lei: “A Lei do Prazer e da Dor.” Se a única substância da Criação é o desejo de
receber prazer, então uma única regra de comportamento é necessária: atração ao
prazer e rejeição à dor.
Nós humanos não somos exceção à regra.
Nós seguimos um esquema pré-instalado que dita inteiramente cada movimento
nosso: nós queremos receber o máximo, e trabalhar
o mínimo. E se possível, queremos tudo
de graça! Assim então, em tudo que fazemos, mesmo quando não estamos
conscientes disso, nós sempre tentamos escolher o prazer e evitar a dor.
Até quando parece que estamos nos
sacrificando, estamos na verdade recebendo mais prazer do “sacrifício” do que
de qualquer outra opção sobre a qual possamos pensar naquele momento. E a razão
pela qual enganamos a nós mesmos pensando que temos motivações altruístas é que
enganar a nós mesmos é mais divertido do que contarmos a verdade para nós mesmos.
Assim como Agnes Replier afirmou, “Existem poucas nudezas tão censuráveis
quanto a verdade nua.”
No Capítulo Três dissemos que a Fase
Dois doa, mesmo sendo na verdade motivada pelo mesmo desejo de receber da Fase
Um. Esta é a raiz de toda ação “altruísta” que “doamos” um para o outro.
Nós vemos como tudo que fazemos segue um
“cálculo de rentabilidade.” Por exemplo, eu calculo o preço de um produto comparado
com o benefício prospectivo de obtê-lo. Se eu considerar que o prazer (ou a
falta de dor) de ter o produto será maior que o preço que eu preciso pagar, eu
direi ao meu “negociador interno”: “Compre! Compre! Compre!” acendendo as luzes
verdes por todo o luminoso do meu Wall Street mental.
Nós podemos mudar nossas prioridades,
adotar diferentes valores de bem e mal, e até “treinarmos” a nós mesmos para
nos tornarmos destemidos. Além disso, podemos fixar um objetivo tão importante
diante de nossos olhos que qualquer dificuldade no caminho para alcança-lo
tornar-se-á insignificante, imperceptível.
Se, por exemplo, eu desejar status
social e bons lucros associados com ser um médico famoso, eu irei me esforçar, suar,
e labutar por anos na escola médica e viver mais vários anos de noites sem
dormir durante o estágio, esperando que isso irá eventualmente retribuir-me com
fama e fortuna.
Às vezes o cálculo da dor imediata pelo
lucro futuro é tão natural, que nós sequer notamos que estamos fazendo isso.
Por exemplo, se eu ficasse terrivelmente doente e descobrisse que apenas uma
cirurgia específica poderia salvar minha vida, eu iria alegremente fazer a
operação. Porque mesmo que a operação em si precise ser bastante desagradável e
possa apresentar vários riscos próprios, ela não é tão ameaçadora quanto minha
enfermidade. Em alguns casos eu até pagaria somas consideráveis para me colocar
nessa provação.
3.1-MUDANDO A SOCIEDADE PARA MUDAR A MIM
MESMO
A Natureza não apenas nos “condena” a
uma constante fuga do sofrimento, e a uma contínua busca pelo prazer, ela
também negou-nos a habilidade de determinarmos o tipo de prazer que desejamos.
Em outras palavras, nós não podemos controlar o que queremos, e os desejos
surgem do nada dentro de nós sem prévio aviso e sem perguntar a nossa opinião
sobre o assunto.
Porém, a Natureza não apenas criou
nossos desejos, ela também proveu-nos com um jeito de controla-los. Se lembrarmos
que somos todos partes da mesma alma, aquela de
Adam ha Rishon, será fácil para nós
entendermos que o jeito de controlarmos nossos desejos é afetando a alma
inteira, ou seja, a humanidade, ou ao menos uma parte dela.
Vejamos isso desta forma: Se uma única
célula quisesse ir para a esquerda, mas o resto do corpo quisesse ir para a
direita, a célula teria de ir para a direita, também. Assim seria, a não ser que
ela convencesse o corpo inteiro, ou a maioria esmagadora das células, ou o
“governo” do corpo de que seria melhor ir para a esquerda.
Assim, mesmo que não possamos controlar
os nossos próprios desejos, a sociedade pode e os controla. E porque podemos
definir nossa opção de sociedade, podemos definir o tipo de sociedade que nos
afetará da maneira que pensamos ser a melhor. Explicando em poucas palavras,
podemos usar as influências sociais para controlarmos nossos próprios desejos.
E ao controlarmos nossos desejos, controlaremos nossos pensamentos e finalmente,
nossas ações.
O Livro do Zohar, acerca de dois mil
anos atrás, já tinha descrito a importância da sociedade. Mas desde o século
XX, quando se tornou óbvio que somos dependentes uns dos outros para a
sobrevivência, a utilização eficaz de nossa dependência social tornou-se vital
para o progresso espiritual. A suprema importância da sociedade é uma mensagem
que o Cabalista Yehuda Ashlag torna clara em vários de seus ensaios, e se
seguirmos sua linha de pensamento
entenderemos porque.
Ashlag diz que o maior desejo de cada
um, admita ele ou não, é ser querido pelos outros e obter sua aprovação. Isto
não apenas nos dá um senso de confiança, mas afirma nossa
possessão mais preciosa – nosso ego. Sem
a aprovação da sociedade, sentimos que nossa própria existência é ignorada, e nenhum
ego pode tolerar a rejeição. É por isso que as pessoas freqüentemente chegam a
extremos para ganharem a atenção dos outros.
E porque nosso maior desejo é obter a
aprovação da sociedade, somos compelidos a nos adaptar a (e adotar) as leis de
nosso ambiente. Estas leis determinam não apenas nosso
comportamento, mas definem nossa atitude
e caráter com relação a tudo que fazemos e pensamos.
Esta situação nos faz incapazes de
escolhermos coisa alguma – seja a maneira que vivemos, ou nossos interesses, ou
como aproveitamos nosso tempo livre, ou até a comida que comemos e as roupas
que vestimos. Além disso, mesmo quando escolhemos nos vestir de forma contrária
à moda ou independente dela, nós continuamos (tentando ser) indiferentes a um
determinado código social que escolhemos ignorar. Em outras palavras, se a moda
que escolhemos ignorar não tivesse
existido, nós não teríamos a ignorado e
teríamos provavelmente escolhido um código de vestuário diferente.
Enfim, a única maneira de mudarmos a nós mesmos
é mudando as normas sociais de nosso ambiente. http://projetoalquimia.wordpress.com/2012/03/13/kabalah/