CAPITULO III
1.2 - A BUSCA PELO PENSAMENTO DA CRIAÇÃO
1.2 - A BUSCA PELO PENSAMENTO DA CRIAÇÃO
Mesmo que o Criador queira que
nós recebamos o prazer de nos tornarmos idênticos a Ele, Ele não nos deu esse
desejo de princípio. Tudo o que Ele deu para nós - a criatura, a alma unida de
Adam ha Rishon - foi um anseio pelo prazer máximo.
Contudo, como podemos ver na
seqüência de fases, o Criador não infundiu a criatura com um desejo de ser como
Ele; isto foi algo que se desenvolveu dentro dela através das fases.
Na Fase Três, a criatura tinha já
recebido tudo e intentado devolver ao Criador. A seqüência poderia ter acabado
bem aqui, pois a criatura já estava fazendo exatamente o que o Criador fazia –
doando. Neste aspecto, eles eram agora idênticos.
Mas a criatura não se conformou
em doar. Ela quis entender o que faz a doação aprazível, por que uma força doadora
é necessária para criar a realidade, e que sabedoria o doador obtém doando. Em
suma, a criatura quis entender o Pensamento da Criação. Este era um novo
desejo, um que o Criador não tinha “plantado” na criatura.
Neste ponto em sua busca pelo
Pensamento da Criação, a criatura tornou-se um ser distinto, separado do
Criador. Podemos ver isto desse jeito: Se eu quero ser como alguém, isto necessariamente
significa que estou ciente de que alguém além de mim existe, de que este alguém
tem algo que eu quero, ou é algo que eu quero ser.
Em outras palavras, eu não apenas
compreendo que existe alguém além de mim, mas entendo que alguém é diferente de
mim. E não apenas diferente, mas melhor. Caso contrário, por que iria eu querer
ser como Ele?
Assim então, Malchut, a Fase
Quatro, é bastante diferente das três primeiras fases porque ela quer receber
um tipo de prazer bastante específico (por isso na figura há uma seta mais
larga) – aquele de ser idêntico ao Criador.
Da perspectiva do Criador, o desejo
de Malchut completa o Pensamento da Criação, o ciclo que Ele originalmente teve em mente (Figura 2).
Infelizmente, não estamos olhando
para as coisas da perspectiva do Criador. Olhando daqui de baixo, com nossas
lentes espirituais quebradas, a imagem é menos que ideal. Para o Kli (uma
pessoa), completamente oposto à Luz,
se tornar como a Luz, ele precisa usar seu desejo de receber com a intenção de
doar. Ao fazer isto, ele muda seu foco do seu próprio prazer para o deleite que
o Criador recebe ao doar. E ao fazer assim, o Kli, também, torna-se um doador.
Na verdade, o receber com o objetivo
de doar ao Criador já ocorreu na Fase Três. Com relação
às ações do Criador, a Fase Três
já tinha completado a tarefa de se tornar idêntica ao Criador. O Criador doa
com o objetivo de doar e a Fase Três recebe com o objetivo de doar, assim,
nisto eles são iguais. Mas o máximo prazer não está em saber o que o Criador faz
e em replicar Suas ações. O máximo prazer está em saber porque Ele faz o que
faz, e em adquirir os mesmos pensamentos que os Dele. E esta, a mais elevada
parte da Criação – o pensamento do Criador – não foi dada à criatura; ela é o
que a criatura (Fase Quatro) precisa conquistar. Há uma bela conexão aqui. Por
um lado, parece que nós e o Criador estamos em lados opostos da corte, porque
Ele doa e nós recebemos. Mas de fato, Seu maior prazer é que nós sejamos como
Ele, e nosso maior prazer será nos tornarmos como Ele. Similarmente, todo filho
quer ser como seus pais, e todo pai naturalmente quer que seus filhos
conquistem até mesmo aquelas coisas que o pai não alcançou.
Podemos concluir que nós e o
Criador estamos na verdade perseguindo o mesmo objetivo. Se pudéssemos compreender
este conceito, nossas vidas seriam muito, muito diferentes. Ao invés da
confusão e desorientação que muitos de nós experimentamos atualmente, tanto nós
como o Criador seríamos capazes de marchar juntos para o nosso objetivo designado
desde a alvorada da Criação.
Os Cabalistas usam vários termos
para descreverem o desejo de doar: Criador, Luz, Doador, Pensamento da Criação,
Fase Zero, Raiz, Fase Raiz, Keter, Bina, e muitos outros. Similarmente, eles usam
vários termos para descrever o desejo de receber: criatura, Kli, receptores,
Fase Um, Hochma, e Malchut são apenas alguns. Esses termos referem-se a sutilezas
nas duas características – doação e recepção. Se lembrarmos disso, não
ficaremos confusos com todos esses nomes.
Para se tornar como o Criador, um
doador, o Kli faz duas coisas. Primeiro, ele pára de receber, um ato chamado Tzimtzum
(restrição). Ele bloqueia a Luz por completo e não permite nenhum pouco dela
dentro do Kli. Similarmente, é mais fácil evitar comer alguma coisa saborosa,
que não é saudável, do que comer apenas um pouco e deixar o resto no prato.
Portanto, fazer o Tzimtzum é o primeiro e mais fácil passo para se tornar como
o Criador.
A próxima coisa que Malchut faz é
instalar um mecanismo que examina a Luz (prazer) e decide se ela irá recebê-lo,
e se for, quanto. Este mecanismo é chamado Masach (tela). A condição pela qual
o Masach determina quanto receber é chamada de “intenção de doar” (Figura 3).
Em termos simples, o Kli apenas deixa entrar o que ele pode receber com a
intenção de agradar ao
Criador. A Luz recebida dentro do
Kli é chamada de “Luz Interna,” e a Luz que permanece do lado de fora é chamada
de “Luz Circundante.”
Ao fim do processo de correção, o Kli receberá
toda a Luz do Criador e se unirá com Ele. Este é o propósito da Criação. Quando
alcançarmos esse estado, nós o sentiremos tanto como indivíduos quanto como uma
única sociedade unida, porque na verdade, o Kli completo não é feito dos
desejos de uma pessoa, mas dos desejos de toda a humanidade. E quando completarmos
essa última correção, nos tornaremos idênticos ao Criador, a Fase Quatro será
preenchida, e a Criação será completa de nossa perspectiva, assim como é
completa da perspectiva Dele.
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