3.6-O PENSAMENTO DA CRIAÇÃO
Os Kelim são os blocos construtores da
alma. Os desejos são os materiais de construção, os tijolos e a madeira; e
nossas intenções são nossas ferramentas, nossas chaves de fenda, brocas, e
martelos.
Mas, assim como ao construir uma casa,
precisamos ler o projeto antes de podermos começar o trabalho. Infelizmente, o Criador,
o Arquiteto do projeto, é relutante em dá-lo para nós.
Ao invés disso, ele quer que nós
estudemos e executemos o Plano Mestre de nossas almas independentemente. Apenas
deste jeito podemos em algum momento entender Seu Pensamento e nos tornarmos
como Ele.
Para aprendermos quem Ele é, precisamos
observar de maneira atenciosa o que Ele faz e aprendermos a entende-Lo através
de Suas ações. Os Cabalistas expressam isso de maneira bastante concisa: “Por
Seus feitos, Te conhecemos.”
Nossos desejos, as matérias-primas de
nossas almas, já existem. Ele os deu para nós, e nós apenas temos de aprender como
usa-los corretamente e como colocar as intenções certas sobre eles. Daí, nossas
almas serão corrigidas.
Mas assim como dissemos anteriormente,
as intenções certas são intenções altruístas. Em outras palavras, precisamos querer
que nossos desejos sejam usados para beneficiar os outros, e não a nós mesmos.
Ao fazermos assim, nós estaremos na verdade beneficiando a nós mesmos, pois
somos todos as partes da alma de Adam ha Rishon. Gostemos ou não, o dano que
causamos aos outros retorna para nós, assim como um
bumerangue retorna para aquele que o
arremessa, e com a mesma força.
Vamos recapitular por uns instantes. Um
Kli corrigido é um desejo utilizado com intenções altruístas. E de forma contrária,
um Kli corrompido é um desejo utilizado com
intenções egoístas. Ao usarmos um Kli
altruisticamente, utilizamos um desejo da mesma maneira em que o Criador opera,
e então nos igualamos a Ele, pelo menos com relação àquele desejo específico. É
assim que estudamos Seu Pensamento.
Então o único problema é mudar as
intenções com as quais usamos nossos desejos. Mas para que isto aconteça, precisamos
ver no mínimo uma outra maneira de usar nossos
desejos. Precisamos de um exemplo que
mostre como as outras intenções são ou com o que se parecem. Desta maneira, poderemos
no mínimo decidir se queremos isto ou não.
Enquanto não vemos outra maneira de usar
nossos desejos, estamos presos naqueles que já temos. Nesse estado, como podemos
encontrar outras intenções? Isto é uma armadilha ou nos falta alguma coisa?
Os Cabalistas explicam que não nos falta
nada. Isto é uma armadilha, mas não é o fim. Se seguirmos o caminho de nossos Reshimot,
um exemplo de outra intenção aparecerá por conta própria. Agora vejamos o que
são os Reshimot, e como eles nos ajudam a sair da armadilha.
3.7-RESHIMOT – DE VOLTA PARA O FUTURO
Os Reshimot – falando por alto – são
registros, recordações de estados passados. Cada Reshimo (singular de Reshimot)
que uma alma experimenta no decorrer de seu caminho espiritual é armazenado em
um “banco de dados” especial.
Quando queremos subir a escada
espiritual, nossa trilha é composta destes Reshimot. Eles emergem um por um, e
nós os revivemos. Quanto mais rápido re-experimentamos cada Reshimo, mais
rápido o exaurimos e nos movemos para o próximo na seqüência, que está sempre
mais alto na escada.
Nós não podemos mudar a ordem dos
Reshimot. Isto já foi determinado durante nossa descida. Mas podemos e devemos determinar
o que iremos fazer com cada Reshimo. Se formos passivos e simplesmente
esperarmos eles passarem, levará bastante tempo para que os experimentemos
completamente, e antes disto acontecer eles podem nos causar imensa dor. É por isso
que a abordagem passiva é chamada de “o caminho da dor.”
Por outro lado, podemos assumir uma
abordagem ativa, ao tentarmos nos relacionar com cada Reshimo como “mais um dia
na escola,” tentando ver o que o Criador está tentando ensinar a nós. Se nós
simplesmente nos lembrarmos que este mundo é resultado das ocorrências
espirituais, isto será o suficiente para acelerarmos tremendamente a mudança
dos Reshimot. Esta abordagem ativa é chamada de “o caminho da Luz,” porque
nossos esforços nos conectam ao Criador, à Luz, ao invés de ao estado presente,
como é com a atitude passiva.
Na verdade, nossos esforços não têm de
prosperar; o esforço em si é o suficiente. Ao aumentarmos nossos desejos de ser
como o Criador (altruístas), vinculamos nós mesmos a estados elevados, mais
espirituais.
O processo de progressão espiritual é
bastante similar à maneira em que as crianças aprendem; é basicamente um processo
de imitação. Ao imitarem os adultos, mesmo não
sabendo o que estão fazendo, as
crianças, com sua mímica constante, criam dentro delas o desejo de aprender.
Nota: Não é o que elas sabem que promove
o crescimento delas; é o simples fato delas quererem saber. O desejo de saber é
o suficiente para evocar nelas o próximo Reshimo, aquele no qual elas já sabem.
Vejamos isso de um outro ângulo:
Inicialmente, o fato delas quererem saber não ocorreu porque foi uma escolha delas,
mas porque o Reshimo presente se exauriu, fazendo com
que o próximo Reshimo na fila “quisesse”
se fazer conhecido. Portanto, para a criança descobri-lo, o Reshimo teve de
evocar na criança um desejo de conhece-lo.
É exatamente dessa maneira que os
Reshimot espirituais funcionam em nós. Nós não estamos realmente aprendendo nada
novo neste mundo ou no mundo espiritual; nós estamos simplesmente ascendendo de
volta para o futuro.
Se quisermos ser mais doadores, como o
Criador, nós precisamos constantemente examinar a nós mesmos e vermos se nos
encaixamos na descrição do que consideramos espiritual (altruísta). Desta
maneira, nosso desejo de sermos mais altruístas, nos ajudará a desenvolvermos
uma percepção mais precisa e detalhada de nós mesmos comparados ao Criador.
Se não quisermos ser egoístas, nossos
desejos evocarão os Reshimot que nos mostrarão o que significa ser mais
altruísta. Toda vez que decidimos que não queremos usar este ou aquele desejo
egoisticamente, é considerado que o Reshimo daquele estado completou sua
tarefa, e ele sai para dar lugar ao próximo. Esta é a única correção que
precisamos fazer. O Cabalista Yehuda Ashlag expressa este princípio nestas palavras:
“...ao se odiar o mal [egoísmo] de fato ele é corrigido.”
E então ele explica: “...se duas pessoas
vierem a compreender que cada uma odeia o que seu amigo odeia, e que ama o que
e quem seu amigo ama, eles vêm a se aderir perpetuamente, como um marco que
jamais irá cair. Assim, pelo Criador amar a doação, aqueles que estão abaixo
Dele devem se adaptar a quererem apenas doar. O Criador odeia também ser um
receptor, pois Ele é completamente perfeito e não precisa de nada. Assim, o
homem, também precisa odiar a questão da recepção para si próprio. Conclui-se
de tudo acima que é preciso odiar o desejo de receber amargamente, porque todas
as ruínas no mundo vêm apenas do desejo de receber. Através do ódio a pessoa se
corrige.”
Assim, por simplesmente querermos isso,
evocamos os Reshimot de desejos mais altruístas, que já existem dentro de nós
do tempo em que estávamos conectados na alma de Adam ha Rishon. Estes Reshimot
nos corrigem e nos fazem mais parecidos com o nosso Criador. Portanto, o desejo
(o Kli) é tanto o mecanismo da mudança, como dissemos no Capítulo Um, quanto o
meio para a correção. Não precisamos suprimir
nossos desejos, precisamos apenas
aprender como trabalhar com eles produtivamente para nós mesmos e para todos os
outros.
4-RESUMINDO
Para percebermos corretamente,
precisamos nos cercar com três limites:
1. Existem quatro categorias de
Percepção: a) a Matéria; b) a Forma na Matéria; c) a Forma Abstrata; e d) a
Essência. Nós percebemos apenas as duas primeiras.
2. Toda a minha percepção ocorre dentro
de minha alma. Minha alma é o meu mundo e o mundo fora de mim é tão abstrato
que eu não posso sequer dizer com certeza se ele existe ou não.
3. O que eu percebo é apenas meu; eu não
posso passa-lo para ninguém mais. Eu posso contar aos outros sobre minha
experiência, mas quando eles a experimentarem, eles certamente a experimentarão
em sua própria maneira.
Quando eu percebo alguma coisa, eu a
meço e determino o que ela é de acordo com as qualidades dos instrumentos de medição
que eu tenho dentro de mim. Se meus instrumentos estiverem defeituosos, assim
estará minha medição; conseqüentemente, minha imagem do mundo será distorcida e
incompleta.
Atualmente, estamos medindo o mundo com
cinco sentidos. Mas precisamos de seis sentidos para medi-lo corretamente. É
por isso que somos incapazes de conduzir o
nosso mundo produtiva e prazerosamente
para todos.
Na realidade, o sexto sentido não é um
sentido físico, mas uma intenção. Ele está relacionado a como utilizamos nossos
desejos. Se usarmos eles com a intenção de doar ao invés de com a de receber,
ou seja, se usarmos eles de forma altruísta ao invés de egoisticamente,
perceberemos um mundo completamente novo. É por isso que a nova intenção é
chamada de “o sexto sentido.”
A colocação da intenção altruísta sobre
nossos desejos os faz similares àqueles do Criador. Esta similaridade é chamada
de “equivalência de forma” com o Criador. A posse dela garante ao seu possuidor
a mesma percepção e conhecimento do Criador. É por isso que apenas com o sexto
sentido (a intenção de doar) é possível realmente saber como nos conduzirmos
neste mundo.
Quando um novo desejo surge, ele na
verdade não é novo. Ele é um desejo que já esteve em nós, do qual a memória foi
registrada no banco de dados de nossas almas – os Reshimot.
A corrente de Reshimot segue diretamente
ao topo da escada – o Pensamento da Criação – e quanto mais rápido a subimos,
mais velozmente e prazerosamente alcançaremos nosso destino.
Os Reshimot surgem um por um, num ritmo
que determinamos pelo nosso desejo de ascender na espiritualidade, da qual eles
se originam. Quando tentamos aprender de cada Reshimo e entende-lo, ele é
exaurido mais velozmente e o estado de entendimento dele (que já existe) aparece.
Quando entendemos um Reshimo, o próximo Reshimo
na fila emerge, até que finalmente todos os
Reshimot tenham sido realizados e estudados, e tenhamos alcançado o fim de nossa
correção.http://projetoalquimia.wordpress.com/2012/03/13/kabalah/
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