Este mecanismo da mudança – o
desejo – é feito de cinco níveis, de zero a quatro. Os Cabalistas se referem a
esse mecanismo como “o desejo de receber prazer,” ou simplesmente, “o desejo de
receber.” Quando a Cabalá surgiu no princípio, a aproximadamente 5.000 anos
atrás, o desejo de receber estava no nível zero. Hoje, assim como você dever
ter imaginado, nós estamos no nível quatro – o nível mais intenso.
Mas nos primórdios quando o desejo
de receber estava no nível zero, os desejos não eram poderosos o bastante para
nos separar da Natureza e uns dos outros. Naqueles dias, esta unidade com a
Natureza, que hoje, muitos de nós pagam um bom dinheiro para aprende-la
novamente em aulas de meditação (e vamos encarar, nem sempre com sucesso) era o
jeito natural de viver. As pessoas não conheciam nenhum outro jeito. Elas
sequer sabiam que poderiam separar-se da Natureza, e nem queriam que isso
acontecesse.
De fato, naqueles dias, a
comunicação da humanidade com a Natureza e de um com o outro fluía tão
livremente, que palavras sequer eram necessárias; ao invés disso, as pessoas comunicavam-se
por pensamento, de maneira bastante similar à telepatia. Foi um tempo de
unidade, e toda a humanidade era como uma única nação.
Mas enquanto isso, ainda na
Mesopotâmia, uma mudança ocorreu: os desejos das pessoas começaram a crescer e
elas se tornaram mais egoístas. As pessoas começaram a querer mudar
a Natureza e usa-la para si
próprias. Ao invés de quererem se adaptar à Natureza, elas começaram a querer
mudar a Natureza para que ela se adaptasse às suas necessidades. Elas se
desligaram da Natureza, se
separaram e alienaram-se dela e de si próprias. Hoje, muitos e muitos séculos
depois, estamos descobrindo que essa não foi uma boa idéia. Ela simplesmente
não funciona.
Naturalmente, conforme as pessoas
começam a se colocar em oposição ao seu meio-ambiente e suas sociedades, elas
não mais se relacionam com os outros como família, e com a Natureza como lar. O
ódio substitui o amor, e as pessoas se afastam e tornam-se desligadas umas das
outras. Conseqüentemente, a nação única do mundo antigo foi dividida. Ela
primeiro dividiu-se em dois grupos que se dispersaram para o oriente e para o
ocidente. Os dois grupos continuaram a se dividir e a se fragmentar,
eventualmente formando a multidão de nações que temos hoje.
Um dos mais óbvios sintomas da
divisão, que a Bíblia descreve como “A Queda da Torre de Babel,” foi a criação
de diferentes línguas. Estas línguas diferentes desconectaram as pessoas umas
das outras e criaram confusão e um mau funcionamento da sociedade. A palavra
Hebraica para confusão é Bilbul, e para destacar a confusão, o centro de governo
da Mesopotâmia recebeu o nome, Babel (Babilônia).
Desde aquela divisão – quando
nossos desejos cresceram do nível zero para o nível um – estamos confrontando a
Natureza. Ao invés de corrigirmos o egoísmo sempre crescente para permanecermos
em unidade com a Natureza, ou seja, com o Criador, nós construímos um escudo
mecânico, tecnológico, para nos proteger dela. A razão inicial pela qual desenvolvemos
a ciência e a tecnologia foi para assegurar nossa existência protegida contra
os elementos da Natureza. Conclui-se, contudo, que estejamos conscientes disso
ou não, nós estamos na verdade
“Na época em que toda essa Bilbul (confusão) estava acontecendo, Abraão estava vivendo na Babilônia, ajudando o seu pai a construir pequenos ídolos e a vende-los na loja da família. Não é difícil perceber que Abraão estava bem no meio de todo esse vibrante burburinho de idéias que floresceram na Babilônia, a Nova Iorque do mundo antigo. Esta confusão também explica a pergunta insistente de Abraão, da qual a resposta o conduziu a descobrir a lei da Natureza: “Quem é que manda aqui?” Quando ele compreendeu que havia um propósito para a confusão e alienação, ele rapidamente falou disso para quem quer que quisesse ouvir.”
http://projetoalquimia.wordpress.com/2012/03/13/kabalah/
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