sábado, 9 de dezembro de 2017

FAZENDO UMA ESCOLHA LIVRE - FÉ - RAZÃO

7-FAZENDO UMA ESCOLHA LIVRE

O primeiro princípio do trabalho espiritual é a “fé acima da razão.” Então, antes de falarmos sobre fazer uma escolha livre, precisamos explicar os significados Cabalísticos da “fé” e da “razão”.

7.1-FÉ

Em praticamente todas as religiões e sistemas de credo sobre a Terra, a fé é usada como um meio de compensação por aquilo que não vemos ou que não percebemos claramente. Em outras palavras, por não podermos ver a Deus, temos de crer que Ele
existe. Neste caso, usamos a fé para compensar nossa inabilidade de ver a Deus. Isto é chamado de “fé cega.”
Mas a fé é usada como compensação não apenas na religião, mas em praticamente tudo que fazemos. Como sabemos, por exemplo, que a Terra é redonda? Voamos alguma
vez para o espaço cósmico para checarmos isso por nós mesmos? Nós cremos nos cientistas que nos contam que ela é redonda porque consideramos os cientistas pessoas confiáveis, em quem podemos confiar quando eles dizem que eles verificaram. Nós cremos neles; isto é fé. Fé cega.
Assim, onde quer que estejamos e não importando quando, se não podemos ver por nós mesmos usamos a fé para completar as peças que faltam no quebra-cabeça. Mas isto não é informação sólida - isto é apenas fé cega.
Na Cabalá, a fé significa exatamente o oposto do que acabamos de descrever. A fé, na Cabalá, é uma percepção tangível, vívida, completa, indestrutível, e irrefutável do Criador – da lei que governa a vida. Assim então, a única maneira de adquirirmos a fé no Criador é nos tornando exatamente como Ele. Caso contrário, como poderíamos saber sem sombra de dúvida quem Ele é, ou até mesmo se Ele existe?

7.2-RAZÃO

O Dicionário Webster oferece duas definições para o termo, “razão.” A primeira definição é “causa,” mas é a segunda definição que nos interessa. A razão, de acordo com o Webster, possui três significados:
1. A capacidade de compreender, deduzir ou pensar, especialmente de maneira racional metódica.
2. Ação peculiar da mente.
3. A soma das capacidades intelectuais. Como sinônimos, o Webster oferece estas opções (entre outras): inteligência, mente, e lógica.
Agora, leiamos algumas das palavras esclarecedoras que o Cabalista Baruch Ashlag escreveu em uma carta a um estudante, explicando “a hierarquia administrativa” da Criação.
Isto esclarecerá o porquê de termos de estar acima da razão. “O desejo de receber foi criado porque o propósito da Criação era beneficiar às Suas criaturas, e para este propósito é necessário existir um vaso para receber o prazer. Além do mais, é impossível sentir prazer se não existir uma necessidade pelo prazer, porque sem a necessidade, nenhum prazer é sentido.”
“Este desejo de receber é o homem inteiro (Adão) que o Criador criou. Quando dizemos que ao homem será concedido o prazer eterno, nos referimos ao desejo de receber, que
receberá todo o prazer que o Criador planejou doar a ele.”
“Ao desejo de receber foram dados servos para servi-lo. Através deles, receberemos prazer. Estes servos são as mãos, as pernas, a visão, a audição, etc. Todos eles são considerados nossos servos. Em outras palavras, o desejo de receber é o mestre e os órgãos são seus servos.”
“E assim como acontece normalmente, entre os servos há um mordomo que supervisiona os servos do mestre, assegurando que eles trabalhem para o propósito desejado de obter prazer, pois é isto que o mestre – o desejo de receber – deseja.”
“E se um dos servos estiver ausente, o prazer relacionado àquele servo estará ausente, também. Por exemplo, se uma pessoa for surda, ele ou ela não poderá apreciar a música. E se uma pessoa não puder cheirar, ela não poderá apreciar a fragrância dos perfumes.”
“Mas se o cérebro de alguém estiver ausente (o supervisor dos servos), o qual é como um feitor que supervisiona os trabalhadores, o negócio todo entrará em colapso e o proprietário terá prejuízos. Se uma pessoa tiver um negócio com vários empregados mas não tiver um bom gerente, esta pessoa terá prejuízos em vez de lucros.”
“No entanto, mesmo sem o gerente (a razão), o chefe (o desejo de receber) permanece presente. E mesmo se o gerente morrer, o chefe permanecerá vivo. Os dois são independentes.”
Conclui-se que se quisermos derrotar o desejo de receber e nos tornar altruístas, precisamos primeiro dominar seu “general” – nossa própria razão. Assim então, a “fé sobre a razão” significa que a fé – se tornar exatamente como o Criador – deve estar acima da (ser mais importante que a) razão – nosso egoísmo.
E o caminho para chegarmos a isso possui duas partes: No nível pessoal, é um grupo de estudos e um círculo de amigos que nos ajudará a criar um ambiente social que promove valores espirituais. E no nível coletivo, é exigido que toda a sociedade aprenda a apreciar os valores altruístas.

8-RESUMINDO
Tudo que fazemos na vida é determina do pelo princípio do prazer e da dor: nós fugimos da dor e perseguimos o prazer. E quanto menos tivermos de trabalhar pelo prazer, melhor.
O princípio do prazer e da dor é ditado pelo desejo de receber, e o desejo de receber controla tudo que fazemos, porque esta é nossa essência. Assim então, enquanto pensamos que somos seres livres, estamos na verdade presos pelas duas rédeas da vida, o prazer e a dor, presos às mãos de nosso egoísmo.
Quatro fatores determinam quem somos: 1) a Base, 2) os atributos imutáveis da Base, 3) os atributos que mudam através de forças externas, e 4) as mudanças no ambiente externo. Nós podemos influenciar apenas o último fator, mas este fator influência todos os outros fatores.
Assim então, o único jeito de escolhermos quem somos é escolhendo o último fator, monitorando e mudando, dessa maneira, nosso ambiente social. Pelo fato das mudanças no último fator afetarem todos os outros fatores, ao muda-lo mudaremos a nós mesmos. Se nós queremos nos libertar do egoísmo, precisamos mudar o ambiente externo para um que dê suporte ao altruísmo, não ao egoísmo.
E logo que tivermos sido liberados do desejo de receber, das algemas do egoísmo, poderemos avançar na espiritualidade. Para fazermos isso, seguimos o princípio da “fé
acima da razão.”
“Fé,” na Cabalá, significa percepção completa do Criador. Nós podemos obter a fé nos tornando iguais a Ele em nossos atributos, em nossos desejos, intenções, e pensamentos. O termo “razão” se refere à nossa mente, o “feitor” do nosso egoísmo. Para irmos acima dela, precisamos fazer com que o valor da equivalência com o Criador seja mais importante, mais precioso para nós que qualquer prazer egoísta que possamos imaginar.
No nível pessoal, nós aumentamos a importância do Criador (altruísmo) ao usarmos livros (ou outras formas de mídia), amigos, e um professor para nos mostrar como é
importante ser altruísta. No nível social, tentamos incluir valores mais altruístas na sociedade.
No entanto, e isto é obrigatório para se obter sucesso na mudança, a busca por valores altruístas não deve ser feita meramente para fazer que nossas vidas sejam mais prazerosas neste mundo. Deve ser feita para igualar nosso “eu” e nossa sociedade à Natureza, ou seja, à única lei da realidade – a lei do altruísmo – o Criador.
Quando circundarmos a nós mesmos com estes ambientes, como indivíduos e como sociedade, nossos valores gradualmente mudarão para os valores de nosso ambiente,

transformando, assim, nosso egoísmo em altruísmo naturalmente, facilmente, e prazerosamente.

domingo, 22 de outubro de 2017

MORTE INEVITÁVEL DO EGO - A CURA - FALSA LIBERDADE - CONDIÇÕES PARA UMA ESCOLHA LIVRE

6-A MORTE INEVITÁVEL DO EGO

O amor à liberdade é o amor aos outros; o amor ao poder é o amor a nós mesmos.
-William Hazlitt (1778 – 1830)

Vamos aproveitar alguns instantes dando uma olhada nos fundamentos da Criação. A única coisa que o Criador criou é nosso desejo de receber, nosso egoísmo. Esta é nossa essência.
Se aprendermos a “desativar” nosso egoísmo, restauraremos nossa conexão com o Criador, porque sem o nosso egoísmo, reobteremos a equivalência de forma com Ele, assim como ela existe nos mundos espirituais. A desativação de nosso egoísmo é o começo de nossa ascensão pela escada espiritual, o começo do processo de correção.
É como que por humor irônico da Natureza, que as pessoas que se deleitam em prazeres egoístas não podem ser felizes. Há duas razões para isso: 1) Como explicamos no Capítulo Um, o egoísmo é um beco sem saída: se você obtém aquilo que você quer, você já não o quer mais. E, 2) Um desejo egoísta tem prazer não apenas na satisfação de seus próprios caprichos, mas também na infelicidade dos outros.
Para entendermos melhor a segunda razão, precisamos voltar aos fundamentos. A Fase Um nas Quatro Fases Básicas deseja apenas receber prazer. A Fase Dois já é mais sofisticada, e quer receber prazer de doar porque o doar é o estado de existência do Criador. Se nosso desenvolvimento tivesse parado na Fase Um, nós seríamos satisfeitos no momento em que nossos desejos fossem preenchidos e não iríamos nos importar
com que os outros têm.
No entanto, a Fase Dois – o desejo de doar – nos compele a notarmos os outros para que possamos doar a eles. Mas porque nosso desejo fundamental é por receber, tudo que
vemos quando olhamos para as outras pessoas é “que elas têm diversas coisas que eu não tenho.” Graças à Fase Dois, iremos sempre nos comparar aos outros, e graças ao desejo de receber da Fase Um, nós sempre queremos estar acima delas. É por isso que obtemos prazer em suas carências.
A propósito, é também por isso que a linha de pobreza muda de país para país. De acordo com o Dicionário Webster, a linha de pobreza é “um nível de renda pessoal ou familiar abaixo do qual alguém é classificado como pobre de acordo com padrões governamentais.”
Se todos a minha volta fossem tão pobres como eu sou, eu não me sentiria pobre. Mas se todos a minha volta são ricos, e eu apenas tenho uma renda mediana, eu me sinto como a pessoa mais pobre sobre a Terra. Em outras palavras, nossas normas são ditadas pela combinação da Fase Um (o que desejamos ter) com a Fase Dois (que é determinada pelo que os outros têm).
De fato, nosso desejo de doar, que deveria ter sido a garantia de que nosso mundo seria um bom lugar para se viver, é na realidade o motivo de todo mal neste mundo. Esta é a
essência de nossa corrupção, e por esta razão, a substituição da intenção de receber por uma intenção de doar é tudo que precisamos corrigir.

6.1-A CURA
Nenhum desejo ou qualidade é naturalmente mau; é a maneira como os usamos que os fazem ficarem assim. Os antigos Cabalistas já diziam: “A inveja, a cobiça, e a (busca pela) honra tiram o homem deste mundo,” ou seja, deste mundo para o mundo espiritual.
Como assim? Nós já vimos que a inveja leva a competitividade, e a competitividade gera progresso. Mas a inveja nos leva a obter resultados bem maiores do que os benefícios tecnológicos ou os outros benefícios deste mundo.
Na Introdução ao Livro do Zohar, Ashlag escreve que os humanos podem sentir os outros, e portanto podem carecer do que os outros têm. Como resultado, eles são preenchidos de inveja e querem tudo que os outros têm, e quanto mais eles têm, mais
vazios eles se sentem. No final, eles querem devorar o mundo inteiro.
Finalmente, a inveja nos leva a buscarmos nada menos que o Próprio Criador. Mas é aqui que o senso de humor da Natureza nos prega uma peça novamente: O Criador é um
desejo de doar, altruísmo. Por mais que inicialmente não estejamos cientes disso, ao querermos sentar no banco do motorista e sermos Criadores, nós estamos na verdade
almejando por sermos altruístas. Assim, através da inveja – o traço mais nocivo e traiçoeiro do ego – nosso egoísmo se conduz à morte, assim como o câncer destrói seu organismo hospedeiro até que ele, também, morra com o corpo que ele arruinou.
Novamente podemos ver a importância de formarmos o ambiente social adequado, porque se somos obrigados a sermos invejosos, devemos no mínimo ser construtivamente invejosos, ou seja, invejosos de algo que nos conduzirá à correção.

Os Cabalistas descrevem o egoísmo desse jeito: O egoísmo é como um homem com
uma espada que tem uma dose de doçura sedutora, mas uma poção letal em sua ponta. O homem sabe que a poção é um veneno maligno, mas não pode se ajudar. Ele abre a sua boca, leva a ponta da espada à sua língua, e engole...

Uma sociedade justa e feliz não pode se apoiar no egoísmo monitorado ou “canalizado”. Nós podemos tentar restringir o egoísmo através do domínio da lei, mas isto funcionará somente até as circunstâncias se agravarem, assim como vimos na Alemanha – que foi uma democracia até eleger
Adolf Hitler democraticamente. Nós também podemos tentar canalizar o egoísmo para beneficiar a sociedade, mas isto já foi experimentado no comunismo da Rússia, e falhou
miseravelmente.
Até a América, a terra da liberdade, da oportunidade e do capitalismo, está falhando em fazer seus cidadãos felizes. De acordo com o New England Journal of Medicine, “Anualmente, mais de 46 milhões de americanos, com idades entre 15 e 54 anos, sofrem de episódios depressivos.” E o Archives of General Psichiatry anunciou: “O uso de drogas antipsicóticas para tratar crianças e adolescentes... aumentou mais do que o quíntuplo entre 1993 e 2002,” como publicado na edição de 6 de Junho de 2006 do The New York Times.
Concluindo, enquanto o egoísmo tiver a supremacia, a sociedade será sempre injusta e desapontará seus próprios membros de uma maneira ou de outra. Finalmente, todas as
sociedades fundamentadas no egoísmo irão se exaurir, juntas com o egoísmo que as criou. Nós apenas temos de fazer isso acontecer da forma mais rápida e fácil que pudermos, para o bem de todos.

6.2-FALSA LIBERDADE
Os Cabalistas se referem à falta de sensação do Criador como o “ocultamento da face do Criador.” Este ocultamento cria a ilusão da liberdade de escolher entre o nosso mundo e o mundo do Criador (espiritual). Se pudéssemos ver o Criador, se pudéssemos realmente perceber os benefícios do altruísmo, iríamos sem sombra de dúvida preferir Seu mundo ao nosso, pois o mundo Dele é um mundo de doação e de prazer.
Mas porque não vemos o Criador, não seguimos Suas leis, e ao invés disso, constantemente as violamos. De fato, mesmo se conhecêssemos as leis do Criador, mas não percebêssemos a dor que infligimos a nós mesmos ao viola-las, nós iríamos muito provavelmente continuarmos a viola-las, porque pensaríamos que é muito mais prazeroso permanecermos egoístas.
Anteriormente, neste capítulo, na seção, “As Rédeas da Vida,” dissemos que toda a Natureza obedece a apenas uma lei: A Lei do Prazer e da Dor. Em outras palavras, tudo que fazemos, pensamos, e planejamos é projetado tanto para diminuir nossa dor como para aumentar nosso prazer. Não temos liberdade nisso. Mas porque não percebemos que somos governados por estas forças, nós pensamos que somos livres.

Ocultamento
Baruch Ashlag, filho de Yehuda Ashlag e um grande Cabalista por sua própria conta, escreveu em um bloco de notas as palavras que ele ouviu de seu pai. O bloco de notas foi posteriormente publicado sob o título, Shamati (Eu Ouvi). Em uma de suas anotações, ele escreveu que se fomos criados por uma Força Superior, porque então nós não a sentimos? Onde ela está escondida? Se soubéssemos o que ela quer de nós, não
cometeríamos erros e não seríamos atormentados pela punição.
Como a vida teria sido simples e prazerosa se o Criador tivesse se revelado! Nós não iríamos duvidar de Sua existência e poderíamos todos reconhecer Seu controle sobre nós e sobre o mundo inteiro. Nós conheceríamos a razão e o propósito de toda a nossa criação, veríamos Suas reações às nossas ações, nos comunicaríamos com Ele e pediríamos Seu conselho antes de cada ação. Quão simples e bela a vida seria!
Ashlag termina seus pensamentos com a conclusão inevitável: Nossa única aspiração na vida deve ser a revelação do Criador.

No entanto, para sermos de fato livres, precisamos ser libertos das rédeas da lei do prazer e da dor. E porque nossos egos ditam o que é agradável e o que é doloroso, chegamos à conclusão que para sermos livres, precisamos primeiramente, sermos liberados de nossos egos.

6.3-CONDIÇÕES PARA UMA ESCOLHA LIVRE

Ironicamente, a verdadeira liberdade de escolha é possível apenas se o Criador estiver oculto. Isto é assim, porque se uma opção nos parece preferível, nosso egoísmo não nos deixa outra escolha além dela. Neste caso, mesmo se escolhermos doar, isto será doação com o objetivo de receber, ou seja, doação egoísta.
Para que um ato seja verdadeiramente altruísta e espiritual, seus benefícios precisam estar escondidos de nós.
Se tivermos em mente que todo o propósito da Criação é sermos finalmente liberados do egoísmo, nossas ações estarão sempre voltadas à direção correta – na direção do Criador.
Assim então, se tivermos duas opções e não soubermos qual delas nos trará mais prazer (ou menos dor), então temos uma verdadeira oportunidade de fazermos uma escolha livre.
Se o ego não percebe uma opção preferível, podemos escolher de acordo com um conjunto diferente de valores. Por exemplo, poderíamos nos perguntar não o que seria mais prazeroso, mas o que seria mais altruísta. Se a doação é algo que valorizamos, isto será fácil de fazer.
Nós podemos tanto ser egoístas como altruístas, tanto pensarmos em nós mesmos como pensarmos nos outros. Não existem outras opções. A liberdade de escolha é possível
quando ambas opções estão claramente visíveis e igualmente atraentes (ou repugnantes). Se eu posso apenas ver uma opção, eu terei de escolhe-la. Portanto, para escolher livremente, eu tenho de perceber a minha própria natureza e a natureza do
Criador. Apenas se eu não souber qual delas é mais agradável poderei eu fazer uma verdadeira escolha livre e neutralizar meu ego.

http://projetoalquimia.wordpress.com/2012/03/13/kabalah/

domingo, 23 de julho de 2017

QUATRO FATORES - ESCOLHENDO O AMBIENTE APROPRIADO PARA A CORREÇÃO -

4-QUATRO FATORES

Mas se não somos nada além de produtos de nosso ambiente, e se não existe real liberdade no que fazemos, no que pensamos, no que queremos, podemos ser considerados responsáveis por nossas ações? E se não somos responsáveis por elas, quem é?
Para respondermos estas perguntas precisamos primeiro entender os quatro fatores que nos compõem, e como podemos trabalhar com eles para adquirirmos a liberdade de escolha. De acordo com a Cabalá, somos todos controlados por quatro fatores:
1. A “base”, também chamada de “matéria primária”;
2. Atributos imutáveis da base;
3. Atributos que mudam através de forças externas;
4. Mudanças no ambiente externo.
Vejamos o que eles significam para nós.
1. A Base, a Matéria Primária
Nossa essência imutável é chamada de “a base.” Eu posso estar feliz ou triste, pensativo, nervoso, sozinho ou com os outros. Com qualquer ânimo e em qualquer sociedade, o eu básico nunca muda.
Para entendermos o conceito de quatro fases, pensemos no desenvolvimento e na morte das plantas. Considere um ramo de trigo. Quando uma semente de trigo se decompõe, ela perde sua forma completamente. Mas mesmo que ela tenha perdido sua forma completamente, apenas um novo ramo de trigo irá emergir daquela semente, e nada mais. Isto é assim porque a base não se alterou; a essência da semente permaneceu aquela do trigo.
2. Atributos Imutáveis da Base
Assim como a base é imutável e o trigo sempre produz novo trigo, a maneira em que a semente de trigo se desenvolve é também imutável. Um único caule pode produzir mais de um caule no novo ciclo de vida, e a quantidade e a qualidade dos novos germes pode mudar, mas a própria base, a essência da forma anterior do trigo, permanecerá inalterada. Resumindo, nenhuma outra planta pode crescer de uma semente de trigo
além do trigo, e todas as plantas de trigo sempre passarão pelo mesmo padrão de crescimento do momento em que germinarem ao momento em que secarem.
Similarmente, todas as crianças humanas amadurecem pela mesma seqüência de crescimento. É por isso que nós (mais ou menos) sabemos quando uma criança deverá começar a desenvolver determinadas habilidades, e quando ela poderá começar a comer determinados alimentos. Sem este padrão fixo, nós não poderíamos traçar a curva de crescimento dos bebês humanos, ou de nenhuma outra coisa, no que diz respeito ao assunto.
3. Atributos que Mudam através de Forças Externas
Mesmo que a semente permaneça o mesmo tipo de semente, sua aparência pode mudar como resultado das influências ambientais tais como a luz do sol, o solo, os fertilizantes, a umidade, e a chuva. Assim, enquanto o tipo de planta permanece sendo o trigo, sua “embalagem”, os atributos da essência do trigo, podem ser modificados através dos
elementos externos.
Similarmente, nossos ânimos mudam na companhia de outras pessoas ou em diferentes situações mesmos que os nossos egos (bases) permaneçam os mesm os. Algumas vezes,
quando a influência do ambiente é prolongada, ela pode não apenas mudar nosso ânimo, mas até nosso caráter. Não é o ambiente que cria novos traços em nós; apenas acontece que o estar no meio de um determinado tipo de gente encoraja certos aspectos de nossa natureza a tornarem-se mais ativos do que eram antes.
4. Mudanças no Ambiente Externo
O ambiente que afeta a semente é em si afetado por outros fatores externos tais como as mudanças climáticas, a qualidade do ar, e plantas próximas. É por isso que cultivamos
plantas em estufas e fertilizamos a terra artificialmente. Nós tentamos criar o melhor ambiente para a planta crescer.
Em nossa sociedade humana, nós constantemente mudamos nosso ambiente: nós promovemos novos produtos, elegemos governos, vamos a cursos de todos os tipos, e
passamos o tempo com os amigos. Assim então, para controlarmos nosso crescimento, devemos aprender a verificar os tipos de pessoas com as quais passamos o tempo, mas o mais importante, são as pessoas que admiramos. Estas são as pessoas que nos influenciam mais.
Se nós desejamos nos tornar corrigidos – altruístas – precisamos saber quais mudanças sociais promoverão a correção, e então busca-las. Com este último fator – as mudanças no ambiente externo – nós moldamos nossa essência, mudamos os atributos de nossa base, e conseqüentemente determinamos nosso destino. É aí que temos liberdade de
escolha.

5-ESCOLHENDO O AMBIENTE APROPRIADO PARA A CORREÇÃO

Ainda que não possamos determinar os atributos de nossa base, podemos ainda afetar nossas vidas e nosso destino escolhendo nossos ambientes sociais. Em outras palavras, porque o ambiente afeta os atributos da base, podemos determinar nossos futuros desenvolvendo nossos ambientes de maneira que promovam os objetivos que queremos alcançar.
Assim que tiver escolhido minha direção e desenvolvido um ambiente para me guiar até lá, posso usar a sociedade como um impulsionador para acelerar meu progresso. Se, por
exemplo, eu quero dinheiro, eu posso cercar-me de pessoas que o querem, falam sobre ele, e trabalham para obtê-lo. Isto me inspirará a trabalhar duro por ele também, e transformará minha mente em uma fábrica de esquemas para ganhar dinheiro.
E eis aqui um outro exemplo. Se eu estou com sobrepeso e quero mudar isso, a maneira mais fácil de fazer isso é cercar-me de pessoas que pensam, falam, e encorajam uma a outra a perder peso. Na verdade, eu posso fazer mais do que me cercar com pessoas para criar um ambiente; eu posso reforçar a influência daquele ambiente com livros, filmes e artigos de revistas. Qualquer meio que aumenta e dá suporte ao meu desejo de perder peso será válido.
Está tudo no ambiente. Alcoólicos Anônimos, instituições de reabilitação de viciados em drogas, Vigilantes do Peso, todos esses usam o poder da sociedade para ajudarem as pessoas quando elas não podem ajudar a si próprias. Se usarmos nossos ambientes corretamente, podemos alcançar coisas que não nos atreveríamos a sonhar. E o melhor de tudo é que nós sequer sentiríamos que estamos fazendo todo tipo de esforço para
alcançá-las.
Pássaros em Bando No primeiro capítulo, falamos sobre o princípio da “equivalência de forma”. O mesmo princípio se aplica aqui também, mas no nível físico. Pessoas similares sentem-se confortáveis juntas porque elas têm os mesmos desejos e as mesmas idéias. Todos nós sabemos que pássaros de mesma plumagem voam no mesmo bando. Mas podemos reverter o processo. Ao escolhermos nosso bando, podemos determinar o tipo de pássaros em que finalmente nos transformaremos.
O desejo por espiritualidade não é exceção. Se eu quero a espiritualidade e quero aumentar meu desejo por ela, eu preciso apenas ter os amigos, livros, e filmes certos à minha volta. A natureza humana fará o resto. Se um grupo de pessoas decide se tornar como o Criador, nada pode ficar no caminho delas, nem mesmo o Próprio Criador. Os Cabalistas chamam isso de, “Meus filhos Me derrotaram.”
Então por que não estamos vendo nenhuma corrida pela espiritualidade? Bem, há um pequeno obstáculo: você não pode sentir a espiritualidade enquanto não a possui. O problema é que sem ver ou sentir o objetivo, é bastante difícil realmente querelo, e nós já vimos que é bastante difícil obter qualquer coisa sem um grande desejo por ela.
Pense nisso deste jeito: tudo que queremos em nosso mundo é resultado de alguma influência externa sobre nós. Se eu gosto de pizza, é porque os meus amigos, meus pais, a TV, algo ou alguém me contou sobre como ela é deliciosa. Se eu quero ser um advogado, é porque a sociedade deu-me a impressão de que ser um advogado de alguma maneira compensa.
Mas, onde em nossa sociedade posso eu encontrar algo ou alguém para me dizer que ser como Criador é excelente? Além disso, se um desejo assim não existe na sociedade, como ele pode aparecer subitamente em mim? Ele surge do nada?
Não, não surge do nada; ele surge dos Reshimot. Ele é uma lembrança do futuro. Deixe-me explicar. Recapitulando, no Capítulo Quatro, dissemos que os Reshimot são registros, memórias que foram gravadas dentro de nós quando estávamos no alto da escada espiritual. Estes Reshimot existem em nosso subconsciente e emergem um por um, cada um evocando desejos novos ou mais poderosos, de estados passados.
Além do mais, porque todos nós estávamos em um ponto mais alto da escada espiritual, todos nós sentiremos o despertar do desejo de retornar àqueles estados espirituais, quando for o nosso momento de experimenta-los – o nível espiritual dos desejos. É por isso que os Reshimot são memórias de nossos estados futuros.
Portanto, a pergunta não tem de ser, “Como eu posso ter um desejo por algo que meu ambiente não apresenta a mim?”
Ao invés disso, devemos perguntar, “Já que tenho este desejo, como posso aproveita-lo ao máximo?” E a resposta é simples: Trate-o assim como você trataria qualquer outra coisa que você quer alcançar – pense sobre ela, fale sobre ela, leia sobre ela, e cante sobre ela. Faça tudo que puder para faze-la importante, e seu progresso acelerará proporcionalmente.
No Livro do Zohar, há uma história inspiradora (e verdadeira) de um homem sábio que se chamava Rabi Yosi Bem Kisma, o maior Cabalista de sua época. Um dia, um mercador rico de outra cidade aproximou-se dele e ofereceu mudar o Rabi para a cidade do mercador rico com o objetivo de abrir um seminário para as pessoas sedentas por sabedoria da tal cidade.
O mercador explicou que não existiam sábios em sua cidade, e que a cidade necessitava de mestres espirituais. Obviamente, ele prometeu a Rabi Yosi que todas as suas necessidades pessoais e educacionais seriam generosamente supridas.
Causando grande surpresa ao mercador, Rabi Yosi declinou resolutamente, afirmando que sob nenhuma circunstância iria ele se mudar para um lugar onde não houvesse outros sábios. O mercador desanimado tentou convence-lo e insinuou que Rabi Yosi era o maior sábio da geração e que ele não precisava aprender de ninguém.
“Além do que”, disse o mercador, “ao mudar-se para nossa cidade e ao ensinar nosso povo, você estaria fazendo um grande serviço espiritual, pois aqui já há um grande número de sábios, e nossa cidade não tem nenhum. Esta seria uma grande contribuição para a espiritualidade de toda a geração. Irá o grande Rabi ao menos considerar minha oferta?”
A isto, Rabi Yosi resolutamente respondeu: “Mesmo o mais instruído dos sábios se torna insensato quando habita entre pessoas insensatas.” Não que Rabi Yosi não quisesse ajudar o mercador daquela cidade; ele simplesmente sabia que sem um ambiente incentivador, ele iria perder duas vezes – falhando em instruir seus estudantes, e perdendo seu próprio nível espiritual.

5.1-NÃO-ANARQUISTAS

A seção anterior pode leva-lo a pensar que os Cabalistas são anarquistas que pretendem obstruir a ordem social para promover a construção de sociedades orientadas à espiritualidade. Nada poderia ser tão distante da verdade. Yehuda Ashlag explica com bastante clareza, e qualquer sociólogo ou antropólogo confirmará, que os seres humanos
são criaturas sociais. Em outras palavras, não temos outra opção além da vida em sociedades, porque somos ramificações de uma alma universal. É portanto claro, que precisamos também nos conformar às regras da sociedade em que vivemos e nos importar com o seu bem-estar. E a única maneira de alcançarmos isso é se acatarmos as regras da sociedade em que vivemos.
Contudo, Ashlag também afirma que em qualquer situação não relacionada à sociedade, a sociedade não tem o direito ou a justificativa de limitar ou oprimir a liberdade do
indivíduo. Ashlag até chega a chamar aqueles que assim fazem de “criminosos”, declarando que no que se refere ao progresso espiritual de uma pessoa, a Natureza não obriga o indivíduo a obedecer à vontade da maioria. Ao contrário, o crescimento espiritual é de responsabilidade pessoal de cada um de nós. Ao fazermos assim, melhoramos não apenas nossas próprias vidas, mas as vidas do mundo inteiro.

É imperativo que entendamos a separação entre nossas obrigações para com a sociedade em que vivemos, e para com nosso crescimento espiritual. Saber onde traçarmos a linha e como contribuirmos para ambos nos livrará de muita confusão e de concepções errôneas sobre a espiritualidade. A ordem na vida precisa ser simples e sincera: Na vida cotidiana obedecemos ao controle da lei; na vida espiritual estamos livres para evoluir individualmente. Conclui-se que a liberdade individual pode apenas ser alcançada através de nossa escolha na evolução espiritual, onde os outros não devem interferir.

domingo, 28 de maio de 2017

CONHEÇA SEUS LIMITES - AS RÉDEAS DA VIDA - MUDANDO A SOCIEDADE PARA MUDAR A MIM MESMO

3-CONHEÇA SEUS LIMITES

Uma Antiga Oração Senhor, dê-me força para mudar o que eu posso mudar, coragem para aceitar o que eu não posso mudar, e sabedoria para discernir entre eles.
A nosso ver, somos indivíduos únicos e de ação independente.
Este é um traço comum de todas as pessoas. Apenas pense nos séculos de batalhas pelos quais a humanidade passou, apenas para, no final, obter a liberdade pessoal limitada que temos hoje.
Mas nós não somos os únicos que sofremos quando nossa liberdade é tomada. Não há sequer uma criatura que possa ser capturada sem uma luta. É um traço natural, inerente, rejeitar qualquer forma de subjugação. Contudo, mesmo se entendermos que todas a criaturas merecem ser livres, isto não nos garantirá que entenderemos o que ser livre realmente significa ou se, e como, isto está conectado ao processo de correção do egoísmo humano.
Se nos perguntarmos honestamente sobre o significado da liberdade, é provável que descubramos que pouquíssimos de nossos pensamentos presentes sobre ela permanecerão firmes quando terminarmos de perguntar. Assim, antes de podermos
falar sobre liberdade, precisamos saber o que realmente significa ser livre.
Para vermos se entendemos a liberdade, precisamos olhar para dentro de nós mesmos para vermos se somos capazes de realizar no mínimo um ato livre e voluntário. Por nosso desejo de receber sempre crescer, somos sempre impelidos a buscar por maneiras de viver melhores e mais recompensadoras. Mas por estarmos presos numa corrida de ratos, não temos escolha nesta questão.
Por outro lado, se nosso desejo de receber é a causa de todo este problema, talvez exista uma maneira de controla-lo.
Se pudéssemos fazer assim, talvez poderíamos controlar a corrida inteira. De outra forma, sem este controle, o jogo pareceria estar perdido antes mesmo de ser jogado.
Mas se somos nós os perdedores, então quem é o vencedor? Com quem (ou o que) estamos competindo? Nós lidamos com nossa vida como se os eventos dependessem de
nossas decisões. Mas dependem mesmo? Não seria melhor desistirmos de mudar nossas vidas, e ao invés disso apenas seguirmos a correnteza?
Por um lado, acabamos de dizer que a Natureza rejeita qualquer subjugação. Mas por outro lado, a Natureza não nos mostra qual, se alguma de nossas ações é livre, e onde somos iludidos por um Mestre das Marionetes invisível em pensarmos que somos livres.
Além do mais, se a Natureza funciona de acordo com um Plano Mestre, poderiam ser estas perguntas e incertezas partes do esquema? Talvez exista uma razão ulterior que faz-nos sentirmos perdidos e confusos. Talvez a confusão e a desilusão sejam as maneiras do Mestre das Marionetes dizer para nós, “Ei! Dêem uma outra olhada em onde vocês estão indo, porque se vocês estão procurando por Mim, vocês estão procurando na direção errada.”
Poucos negarão que estamos, de fato, desorientados. Contudo, para determinarmos nossa direção, temos de saber onde começar a procurar. Isto pode nos economizar anos de esforços fúteis. A primeira coisa que queremos encontrar é onde temos escolha livre e independente, e onde não temos.
Logo que compreendermos isso, saberemos onde devemos concentrar nossos esforços.

3.1-AS RÉDEAS DA VIDA
A Natureza inteira obedece apenas uma lei: “A Lei do Prazer e da Dor.” Se a única substância da Criação é o desejo de receber prazer, então uma única regra de comportamento é necessária: atração ao prazer e rejeição à dor.
Nós humanos não somos exceção à regra. Nós seguimos um esquema pré-instalado que dita inteiramente cada movimento nosso: nós queremos receber o máximo, e trabalhar
o mínimo. E se possível, queremos tudo de graça! Assim então, em tudo que fazemos, mesmo quando não estamos conscientes disso, nós sempre tentamos escolher o prazer e evitar a dor.
Até quando parece que estamos nos sacrificando, estamos na verdade recebendo mais prazer do “sacrifício” do que de qualquer outra opção sobre a qual possamos pensar naquele momento. E a razão pela qual enganamos a nós mesmos pensando que temos motivações altruístas é que enganar a nós mesmos é mais divertido do que contarmos a verdade para nós mesmos. Assim como Agnes Replier afirmou, “Existem poucas nudezas tão censuráveis quanto a verdade nua.”
No Capítulo Três dissemos que a Fase Dois doa, mesmo sendo na verdade motivada pelo mesmo desejo de receber da Fase Um. Esta é a raiz de toda ação “altruísta” que “doamos” um para o outro.
Nós vemos como tudo que fazemos segue um “cálculo de rentabilidade.” Por exemplo, eu calculo o preço de um produto comparado com o benefício prospectivo de obtê-lo. Se eu considerar que o prazer (ou a falta de dor) de ter o produto será maior que o preço que eu preciso pagar, eu direi ao meu “negociador interno”: “Compre! Compre! Compre!” acendendo as luzes verdes por todo o luminoso do meu Wall Street mental.
Nós podemos mudar nossas prioridades, adotar diferentes valores de bem e mal, e até “treinarmos” a nós mesmos para nos tornarmos destemidos. Além disso, podemos fixar um objetivo tão importante diante de nossos olhos que qualquer dificuldade no caminho para alcança-lo tornar-se-á insignificante, imperceptível.
Se, por exemplo, eu desejar status social e bons lucros associados com ser um médico famoso, eu irei me esforçar, suar, e labutar por anos na escola médica e viver mais vários anos de noites sem dormir durante o estágio, esperando que isso irá eventualmente retribuir-me com fama e fortuna.
Às vezes o cálculo da dor imediata pelo lucro futuro é tão natural, que nós sequer notamos que estamos fazendo isso. Por exemplo, se eu ficasse terrivelmente doente e descobrisse que apenas uma cirurgia específica poderia salvar minha vida, eu iria alegremente fazer a operação. Porque mesmo que a operação em si precise ser bastante desagradável e possa apresentar vários riscos próprios, ela não é tão ameaçadora quanto minha enfermidade. Em alguns casos eu até pagaria somas consideráveis para me colocar nessa provação.

3.1-MUDANDO A SOCIEDADE PARA MUDAR A MIM MESMO

A Natureza não apenas nos “condena” a uma constante fuga do sofrimento, e a uma contínua busca pelo prazer, ela também negou-nos a habilidade de determinarmos o tipo de prazer que desejamos. Em outras palavras, nós não podemos controlar o que queremos, e os desejos surgem do nada dentro de nós sem prévio aviso e sem perguntar a nossa opinião sobre o assunto.
Porém, a Natureza não apenas criou nossos desejos, ela também proveu-nos com um jeito de controla-los. Se lembrarmos que somos todos partes da mesma alma, aquela de
Adam ha Rishon, será fácil para nós entendermos que o jeito de controlarmos nossos desejos é afetando a alma inteira, ou seja, a humanidade, ou ao menos uma parte dela.
Vejamos isso desta forma: Se uma única célula quisesse ir para a esquerda, mas o resto do corpo quisesse ir para a direita, a célula teria de ir para a direita, também. Assim seria, a não ser que ela convencesse o corpo inteiro, ou a maioria esmagadora das células, ou o “governo” do corpo de que seria melhor ir para a esquerda.
Assim, mesmo que não possamos controlar os nossos próprios desejos, a sociedade pode e os controla. E porque podemos definir nossa opção de sociedade, podemos definir o tipo de sociedade que nos afetará da maneira que pensamos ser a melhor. Explicando em poucas palavras, podemos usar as influências sociais para controlarmos nossos próprios desejos. E ao controlarmos nossos desejos, controlaremos nossos pensamentos e finalmente, nossas ações.
O Livro do Zohar, acerca de dois mil anos atrás, já tinha descrito a importância da sociedade. Mas desde o século XX, quando se tornou óbvio que somos dependentes uns dos outros para a sobrevivência, a utilização eficaz de nossa dependência social tornou-se vital para o progresso espiritual. A suprema importância da sociedade é uma mensagem que o Cabalista Yehuda Ashlag torna clara em vários de seus ensaios, e se
seguirmos sua linha de pensamento entenderemos porque.
Ashlag diz que o maior desejo de cada um, admita ele ou não, é ser querido pelos outros e obter sua aprovação. Isto não apenas nos dá um senso de confiança, mas afirma nossa
possessão mais preciosa – nosso ego. Sem a aprovação da sociedade, sentimos que nossa própria existência é ignorada, e nenhum ego pode tolerar a rejeição. É por isso que as pessoas freqüentemente chegam a extremos para ganharem a atenção dos outros.
E porque nosso maior desejo é obter a aprovação da sociedade, somos compelidos a nos adaptar a (e adotar) as leis de nosso ambiente. Estas leis determinam não apenas nosso
comportamento, mas definem nossa atitude e caráter com relação a tudo que fazemos e pensamos.
Esta situação nos faz incapazes de escolhermos coisa alguma – seja a maneira que vivemos, ou nossos interesses, ou como aproveitamos nosso tempo livre, ou até a comida que comemos e as roupas que vestimos. Além disso, mesmo quando escolhemos nos vestir de forma contrária à moda ou independente dela, nós continuamos (tentando ser) indiferentes a um determinado código social que escolhemos ignorar. Em outras palavras, se a moda que escolhemos ignorar não tivesse
existido, nós não teríamos a ignorado e teríamos provavelmente escolhido um código de vestuário diferente.
Enfim, a única maneira de mudarmos a nós mesmos é mudando as normas sociais de nosso ambiente. 

http://projetoalquimia.wordpress.com/2012/03/13/kabalah/

sábado, 18 de março de 2017

O (ESTREITO) CAMINHO PARA A LIBERDADE - A ESCURIDÃO QUE ANTECEDE A ALVORADA - UM ADMIRÁVEL MUNDO NOVO EM QUATRO PASSOS

1-O (ESTREITO) CAMINHO PARA A LIBERDADE

Isto pode te surpreender, mas você já conhece um bocado sobre a Cabalá. Volte algumas páginas e façamos uma revisão. Você sabe que a Cabalá se originou acerca de 5.000 anos atrás na Mesopotâmia (onde hoje é o Iraque). Ela foi descoberta enquanto as pessoas procuravam pelo propósito de suas vidas.
Aquelas pessoas descobriram que a razão pela qual todos nós nascemos é receber o prazer máximo de nos tornarmos como o Criador. Quando eles descobriram isso, eles formaram grupos de estudo e começaram a difundir os ensinamentos.
Aqueles primeiros Cabalistas nos contaram que somos todos feitos de um desejo de receber prazer, o qual dividiram em cinco níveis – inanimado, vegetativo, animal, falante, e espiritual. O desejo de receber é bastante importante porque é o mecanismo por trás de tudo que fazemos neste mundo. Em outras palavras, nós estamos sempre tentando receber prazer, e quanto mais temos, mais queremos. Como resultado, sempre
evoluímos e mudamos.
Depois, aprendemos que a Criação foi formada em um processo de quatro fases, no qual a Raiz (sinônima da Luz e do Criador) criou o desejo de receber; o desejo de receber quis doar, então decidiu receber como uma maneira de doar, e finalmente quis receber mais uma vez. Mas desta vez ele quis receber o conhecimento de como ser o Criador, o Doador.
Após as quatro fases, o desejo de receber foi dividido em cinco mundos e uma alma, chamada de Adam ha Rishon. Adam ha Rishon quebrou-se e materializou-se em nosso mundo. Em outras palavras, todos nós somos na verdade uma alma, nós somos conectados e dependentes uns dos outros assim como células em um corpo. Mas quando o desejo de receber cresceu, nos tornamos mais centrados em nós mesmos e paramos de
sentir que éramos um. Ao invés disso, hoje sentimos apenas a nós mesmos, e mesmo se nos relacionamos com os outros isso é feito para recebermos prazer através deles.
Esse estado egoísta é chamado de “a alma quebrada de Adam ha Rishon”, e como partes desta alma, é nossa a tarefa de corrigi-la. Na verdade, nós não temos de corrigi-la, mas temos de estar cônscios de que não podemos sentir o real prazer em nosso estado presente por causa da lei do desejo de receber:
“Quando eu obtenho o que quero, eu já não mais o quero.” Quando compreendermos isso, começaremos a procurar por uma maneira de sairmos da armadilha desta lei, da armadilha do egoísmo.
A procura pela libertação do ego conduz ao surgimento do “ponto no coração,” o desejo pela espiritualidade. O “ponto no coração” é como qualquer outro desejo; ele é aumentado e diminuído através da influência do ambiente. Assim, se quisermos aumentar nosso desejo pela espiritualidade, precisamos desenvolver um ambiente que promova a espiritualidade. Este último (mas, o mais importante) capítulo em nosso livro explicará o que é preciso ser feito para termos um ambiente que favorece a espiritualidade nos níveis pessoal, social, e internacional.

2-A ESCURIDÃO QUE ANTECEDE A ALVORADA

O período mais escuro da noite é logo antes da alvorada. Similarmente, os escritores do Livro do Zohar disseram, acerca de 2.000 anos atrás, que o período mais escuro da humanidade viria logo antes de seu despertar espiritual. Por séculos, começando com o Ari, autor de Árvore da Vida, que viveu no século XVI, os Cabalistas têm escrito que o período ao qual o Zohar estava se referindo é o fim do século XX. Eles o chamaram de “a última geração.”
Eles não pretendiam dizer com isso que iríamos perecer em algum evento apocalíptico espetacular. Na Cabalá, uma geração representa um estado espiritual. A última geração é o último e mais elevado estado que pode ser alcançado. E os Cabalistas disseram que o período em que estamos vivendo – o início do século XXI – seria quando veríamos a geração da ascensão espiritual.
Mas estes Cabalistas também disseram que para esta mudança ocorrer, não podemos continuar a nos desenvolver da maneira que temos evoluído até agora. Eles disseram que hoje, uma escolha livre e consciente é necessária se quisermos crescer.
Assim como é com qualquer começo ou nascimento, o surgimento da última geração, a geração da escolha livre, não é um processo fácil. Até recentemente, evoluíamos em nossos desejos inferiores – do inanimado ao falante – deixando de lado o nível espiritual. Mas agora os Reshimot espirituais (ou genes espirituais, se preferir) estão emergindo em milhões de pessoas, e exigem ser realizados na vida real.
Quando estes Reshimot aparecem pela primeira vez em nós, ainda não possuímos o método apropriado para lidarmos com eles. Eles são como uma tecnologia completamente nova com a qual ainda precisamos aprender a lidar. Assim, enquanto
aprendemos, tentamos realizar os novos tipos de Reshimot com nossas maneiras antigas de pensar, porque aquelas maneiras nos ajudaram a realizar nossos Reshimot de níveis inferiores.
Mas aquelas maneiras são inadequadas para administrarmos os novos tipos de Reshimot, e portanto falham em sua tarefa, fazendo-nos viver vazios e frustrados.
Quando estes Reshimot emergem em um indivíduo, vem a frustração, daí a depressão, até que ele ou ela aprenda como se relacionar com estes novos desejos. Isto normalmente acontece ao aplicar-se à sabedoria da Cabalá, que foi desenvolvida originalmente para lidar com os Reshimot espirituais, como descrevemos no Capítulo Um.
Se, contudo, uma pessoa não puder encontrar a solução, o indivíduo poderá mergulhar na necessidade exagerada pelo trabalho, em vícios de todos os tipos, e em outros esforços para suprimir o problema dos novos desejos, tentando evitar enfrentar a dor incurável.
No nível pessoal, tal estado é bastante desolador mas não apresenta um problema sério o suficiente para desequilibrar a estrutura social. No entanto, quando os Reshimot espirituais aparecem em milhões e milhões de pessoas mais ou menos ao mesmo tempo, e particularmente se isso acontece em vários países simultaneamente, você tem uma crise global em suas mãos. E uma crise global clama por uma solução global.
Claramente, a humanidade hoje está em uma crise global. A depressão tem se elevado a índices sem precedentes nos Estados Unidos, mas as coisas não andam melhores em outros países desenvolvidos. Em 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou que “a depressão é a principal causa de invalidez nos EUA e no mundo inteiro.”
Outro imenso problema na sociedade moderna é a alarmante abundância do mau uso de drogas. Não que as drogas não estiveram sempre em uso, mas no passado elas eram usadas principalmente na medicina e em rituais, enquanto hoje elas estão sendo utilizadas em faixas etárias cada vez menores, principalmente para aliviar o vazio emocional que muitos jovens sentem. E porque a depressão tem aumentado, assim também aumentou o uso de drogas e os crimes relacionados ao uso de drogas.
Outra faceta da crise está na unidade da família. A família costumava ser uma instituição usada como símbolo da estabilidade, do conforto, e da proteção, mas não é mais. De acordo com o National Center for Health Statistics, em cada dois casais que se unem matrimonialmente, um se divorcia, e a situação é similar por todo o mundo Ocidental.
Além disso, não é mais preciso uma situação na qual os casais passam por uma imensa crise ou por um conflito de personalidades para decidirem se divorciar. Hoje, até mesmo, casais em seus 50, 60 anos, não podem encontrar motivos para permanecerem juntos assim que seus filhos saem de casa. Por suas rendas estarem garantidas, eles não têm medo de começar um novo capítulo em suas vidas, em idades que há apenas poucos anos atrás eram consideradas inaceitáveis para tais decisões. Nós até arrumamos um nome inteligente para isso: a “síndrome do ninho vazio.” Mas a verdade é que as pessoas se divorciam porque já que seus filhos saíram de casa, não há nada mais para manter os pais juntos, pois simplesmente não há amor entre eles.
E este é o verdadeiro vazio: a falta de amor. Se nos lembrarmos que fomos todos criados egoístas por uma força que quer doar, teremos uma chance de lutar. Ao menos assim saberemos onde começar a procurar por uma solução.
Mas a crise é exclusiva não apenas em sua universalidade, mas em sua versatilidade, que a faz muito mais abrangente e difícil de controlar. A crise está ocorrendo em praticamente todos os campos do envolvimento humano – pessoal, social, internacional, na ciência, medicina, e no clima. Por exemplo, até uns poucos anos atrás, “o clima” era um conveniente refúgio onde ninguém tinha nada a contribuir com relação a outros
tópicos. Hoje, no entanto, é exigido de todos nós que sejamos entendidos sobre o clima. Os temas “da moda” atualmente são as mudanças climáticas, o aquecimento global, as subidas de maré, e o início da nova temporada de furacões.
“The Big Thaw” (“O Grande Degelo”) é o nome dado ironicamente por Geoffrey Lean do The Independent ao estado do planeta em um artigo on-line publicado em 20 de Novembro de 2005. Eis aqui o título do artigo de Lean: “The Big Thaw: Global Disaster Will Follow If the Ice Cap on Greenland Melts” (algo como: “O Grande Degelo: Um Desastre Global Ocorrerá Se a Calota Glacial da Groenlândia Derreter”). E o subtítulo,
“Now scientists say it is vanishing far faster than even they expected” (Algo como: “Agora os cientistas dizem que ela está desaparecendo de maneira muito mais rápida do que até eles esperavam”).
E o clima não é o único desastre a espreita no horizonte. A edição de 22 de Junho de 2006 da revista Nature, publicou um estudo da Universidade da Califórnia declarando que a Falha de San Andréas está à espera do “big one.” De acordo com Yuri Fialko do Scripps Institution of Oceanography da Universidade da Califórnia, “a falha é uma significante ameaça sísmica e está em condições para um outro grande terremoto.”
E claro, se sobrevivermos às tempestades, aos terremotos, e às subidas de maré, haverá sempre um Bin Laden por aí para nos lembrar que nossas vidas podem se tornar muito mais breves do que planejávamos.
E por último mas não com menos importância, existem os problemas da saúde que requerem nossa atenção: AIDS, gripe aviária, vaca louca, e é claro, as antigas constantes: câncer, doenças cardiovasculares, e diabetes. Existem muitas mais que
podemos citar aqui, mas você agora já deve ter entendido onde eu queria chegar. Mesmo que alguns desses problemas de saúde não sejam novos, eles são mencionados aqui porque estão rapidamente se espalhando por todo o globo.
Conclusão: Um antigo provérbio Chinês diz que quando você desejar amaldiçoar alguém, diga, “Que você viva em épocas interessantes.” Nossa época é de fato bastante
interessante; mas isto não é uma maldição. É como o Livro do Zohar prometeu – a escuridão que antecede a alvorada. Agora, vejamos se há uma solução.


2.1-UM ADMIRÁVEL MUNDO NOVO EM QUATRO PASSOS

São necessários apenas quatro passos para mudar o mundo:
1. Reconhecer a crise;
2. Descobrir porque ela existe;
3. Determinar a melhor solução;
4. Desenvolver um plano para resolver a crise.
Vamos examina-los um de cada vez.
1. Reconhecendo a crise.
Existem diversas razões pela quais muitos de nós permanecemos não notando que existe uma crise. Os governos e as corporações internacionais deveriam ser os primeiros a
cuidarem do problema, mas, interesses conflitantes os previnem de cooperar para lidarem com a crise eficientemente.
Além do que, muitos de nós ainda não sentimos que o problema está nos ameaçando de maneira pessoal, e assim então suprimimos a necessidade urgente de lidarmos com ele,
antes do ocorrente tornar-se muito desagradável.
O maior problema é que não nos lembramos de um estado tão precário no passado. Por causa disso, somos incapazes de avaliar nossa situação corretamente. Isto não é dizer que catástrofes nunca aconteceram antes, mas nossa época é exclusiva no sentido de que hoje está acontecendo em todos os aspectos, instantaneamente – em todo aspecto da vida humana, e por todo o planeta.
2. Descobrindo porque ela existe.
Uma crise ocorre quando existe uma colisão entre dois elementos, e o elemento superior força seu domínio sobre o inferior. A natureza humana, o egoísmo, está descobrindo quão oposta ela é à Natureza, ao altruísmo. É por isso que tantas pessoas sentem-se angustiadas, deprimidas, inseguras e frustradas.
Em síntese, a crise não está realmente ocorrendo no exterior. Mesmo que certamente pareça ocupar um espaço físico, ela está acontecendo dentro de nós. A crise é a luta
titânica entre o bem (o altruísmo) e o mal (o egoísmo). Quão triste é termos de atuar como os vilões no verdadeiro reality show. Mas não perca as esperanças – como acontece em todos os shows, um final feliz nos espera.
3. Determinando a melhor solução.
Quanto mais reconhecermos a causa essencial da crise, ou seja, nosso egoísmo, mais entenderemos o que precisa ser mudado em nós e em nossas sociedades. Ao fazermos assim, poderemos diminuir a intensidade da crise e trazer a sociedade e a ecologia a um resultado positivo e construtivo. Falaremos mais sobre essas mudanças quando explorarmos a idéia da liberdade de escolha.
4. Desenvolvendo um plano para resolver a crise.
Uma vez que tivermos concluído os primeiros três estágios do plano, poderemos esboça-lo em maiores detalhes.
Mas, mesmo o melhor plano não pode obter sucesso sem o suporte ativo de importantes organizações, reconhecidas internacionalmente. Portanto, o plano precisa ter uma ampla
base de apoio internacional, de cientistas, pensadores, políticos, das Nações Unidas, como também da mídia e de organizações sociais.
Na verdade, porque crescemos de um nível de desejo para o próximo, tudo o que está acontecendo agora está acontecendo pela primeira vez no nível espiritual do desejo.
Mas se nos lembrarmos que estamos nesse nível, podemos usar o conhecimento daqueles que já se conectaram com a espiritualidade da mesma maneira que usamos nosso atual conhecimento científico.
Os Cabalistas, que já se dirigiram para os mundos espirituais, a raiz de nosso mundo, vêem os Reshimot (a raiz espiritual) causando esse estado, e podem nos guiar para fora
dos problemas que estamos enfrentando, a partir da origem de tais problemas no mundo espiritual. Desta maneira resolveremos a crise facilmente e rapidamente pois saberemos
porque as coisas acontecem e o que precisa ser feito com relação a elas. Pense nisso desta maneira: Se você soubesse que existem pessoas que podem predizer os resultados da loteria de amanhã, não iria você querer que elas ficassem ao seu lado enquanto fosse fazer suas apostas?
Não existe mágica aqui, apenas conhecimento das regras do jogo no mundo espiritual. Através dos olhos de um Cabalista, não estamos em crise, estamos apenas um pouco
desorientados, e por isso continuamos apostando nos números errados. Quando encontrarmos nossa direção, resolver a crise (não-existente) será moleza. E assim estaremos ganhando na loteria. E a beleza do conhecimento Cabalístico está no fato dele
não ter direitos autorais; ele pertence a todos.

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