1-O (ESTREITO) CAMINHO PARA A LIBERDADE
Isto pode te surpreender, mas você já
conhece um bocado sobre a Cabalá. Volte algumas páginas e façamos uma revisão.
Você sabe que a Cabalá se originou acerca de 5.000 anos atrás na Mesopotâmia
(onde hoje é o Iraque). Ela foi descoberta enquanto as pessoas procuravam pelo
propósito de suas vidas.
Aquelas pessoas descobriram que a razão
pela qual todos nós nascemos é receber o prazer máximo de nos tornarmos como o Criador.
Quando eles descobriram isso, eles formaram grupos de estudo e começaram a
difundir os ensinamentos.
Aqueles primeiros Cabalistas nos
contaram que somos todos feitos de um desejo de receber prazer, o qual
dividiram em cinco níveis – inanimado, vegetativo, animal, falante, e espiritual.
O desejo de receber é bastante importante porque é o mecanismo por trás de tudo
que fazemos neste mundo. Em outras palavras, nós estamos sempre tentando
receber prazer, e quanto mais temos, mais queremos. Como resultado, sempre
evoluímos e mudamos.
Depois, aprendemos que a Criação foi
formada em um processo de quatro fases, no qual a Raiz (sinônima da Luz e do Criador)
criou o desejo de receber; o desejo de receber quis doar, então decidiu receber
como uma maneira de doar, e finalmente quis receber mais uma vez. Mas desta vez
ele quis receber o conhecimento de como ser o Criador, o Doador.
Após as quatro fases, o desejo de
receber foi dividido em cinco mundos e uma alma, chamada de Adam ha Rishon.
Adam ha Rishon quebrou-se e materializou-se em nosso mundo. Em outras palavras,
todos nós somos na verdade uma alma, nós somos conectados e dependentes uns dos
outros assim como células em um corpo. Mas quando o desejo de receber cresceu, nos
tornamos mais centrados em nós mesmos e paramos de
sentir que éramos um. Ao invés disso,
hoje sentimos apenas a nós mesmos, e mesmo se nos relacionamos com os outros
isso é feito para recebermos prazer através deles.
Esse estado egoísta é chamado de “a alma
quebrada de Adam ha Rishon”, e como partes desta alma, é nossa a tarefa de corrigi-la.
Na verdade, nós não temos de corrigi-la, mas temos de estar cônscios de que não
podemos sentir o real prazer em nosso estado presente por causa da lei do
desejo de receber:
“Quando eu obtenho o que quero, eu já
não mais o quero.” Quando compreendermos isso, começaremos a procurar por uma
maneira de sairmos da armadilha desta lei, da armadilha do egoísmo.
A procura pela libertação do ego conduz
ao surgimento do “ponto no coração,” o desejo pela espiritualidade. O “ponto no
coração” é como qualquer outro desejo; ele é aumentado e diminuído através da
influência do ambiente. Assim, se quisermos aumentar nosso desejo pela
espiritualidade, precisamos desenvolver um ambiente que promova a espiritualidade.
Este último (mas, o mais importante) capítulo em nosso livro explicará o que é
preciso ser feito para termos um ambiente que favorece a espiritualidade nos
níveis pessoal, social, e internacional.
2-A ESCURIDÃO QUE ANTECEDE A ALVORADA
O período mais escuro da noite é logo
antes da alvorada. Similarmente, os escritores do Livro do Zohar disseram,
acerca de 2.000 anos atrás, que o período mais escuro da humanidade viria logo
antes de seu despertar espiritual. Por séculos, começando com o Ari, autor de
Árvore da Vida, que viveu no século XVI, os Cabalistas têm escrito que o
período ao qual o Zohar estava se referindo é o fim do século XX. Eles o chamaram
de “a última geração.”
Eles não pretendiam dizer com isso que
iríamos perecer em algum evento apocalíptico espetacular. Na Cabalá, uma geração
representa um estado espiritual. A última geração é o último e mais elevado
estado que pode ser alcançado. E os Cabalistas disseram que o período em que
estamos vivendo – o início do século XXI – seria quando veríamos a geração da ascensão
espiritual.
Mas estes Cabalistas também disseram que
para esta mudança ocorrer, não podemos continuar a nos desenvolver da maneira
que temos evoluído até agora. Eles disseram que hoje, uma escolha livre e
consciente é necessária se quisermos crescer.
Assim como é com qualquer começo ou
nascimento, o surgimento da última geração, a geração da escolha livre, não é um
processo fácil. Até recentemente, evoluíamos em nossos desejos inferiores – do
inanimado ao falante – deixando de lado o nível espiritual. Mas agora os
Reshimot espirituais (ou genes espirituais, se preferir) estão emergindo em
milhões de pessoas, e exigem ser realizados na vida real.
Quando estes Reshimot aparecem pela
primeira vez em nós, ainda não possuímos o método apropriado para lidarmos com
eles. Eles são como uma tecnologia completamente nova com a qual ainda
precisamos aprender a lidar. Assim, enquanto
aprendemos, tentamos realizar os novos
tipos de Reshimot com nossas maneiras antigas de pensar, porque aquelas
maneiras nos ajudaram a realizar nossos Reshimot de níveis inferiores.
Mas aquelas maneiras são inadequadas
para administrarmos os novos tipos de Reshimot, e portanto falham em sua
tarefa, fazendo-nos viver vazios e frustrados.
Quando estes Reshimot emergem em um
indivíduo, vem a frustração, daí a depressão, até que ele ou ela aprenda como
se relacionar com estes novos desejos. Isto normalmente acontece ao aplicar-se
à sabedoria da Cabalá, que foi desenvolvida originalmente para lidar com os
Reshimot espirituais, como descrevemos no Capítulo Um.
Se, contudo, uma pessoa não puder
encontrar a solução, o indivíduo poderá mergulhar na necessidade exagerada pelo
trabalho, em vícios de todos os tipos, e em outros esforços para suprimir o
problema dos novos desejos, tentando evitar enfrentar a dor incurável.
No nível pessoal, tal estado é bastante
desolador mas não apresenta um problema sério o suficiente para desequilibrar a
estrutura social. No entanto, quando os Reshimot espirituais aparecem em
milhões e milhões de pessoas mais ou menos ao mesmo tempo, e particularmente se
isso acontece em vários países simultaneamente, você tem uma crise global em
suas mãos. E uma crise global clama por uma solução global.
Claramente, a humanidade hoje está em
uma crise global. A depressão tem se elevado a índices sem precedentes nos Estados
Unidos, mas as coisas não andam melhores em outros países desenvolvidos. Em
2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou que “a depressão é a
principal causa de invalidez nos EUA e no mundo inteiro.”
Outro imenso problema na sociedade
moderna é a alarmante abundância do mau uso de drogas. Não que as drogas não estiveram
sempre em uso, mas no passado elas eram usadas principalmente na medicina e em
rituais, enquanto hoje elas estão sendo utilizadas em faixas etárias cada vez
menores, principalmente para aliviar o vazio emocional que muitos jovens
sentem. E porque a depressão tem aumentado, assim também aumentou o uso de
drogas e os crimes relacionados ao uso de drogas.
Outra faceta da crise está na unidade da
família. A família costumava ser uma instituição usada como símbolo da estabilidade,
do conforto, e da proteção, mas não é mais. De acordo com o National Center for
Health Statistics, em cada dois casais que se unem matrimonialmente, um se
divorcia, e a situação é similar por todo o mundo Ocidental.
Além disso, não é mais preciso uma
situação na qual os casais passam por uma imensa crise ou por um conflito de personalidades
para decidirem se divorciar. Hoje, até mesmo, casais em seus 50, 60 anos, não
podem encontrar motivos para permanecerem juntos assim que seus filhos saem de
casa. Por suas rendas estarem garantidas, eles não têm medo de começar um novo
capítulo em suas vidas, em idades que há apenas poucos anos atrás eram
consideradas inaceitáveis para tais decisões. Nós até arrumamos um nome
inteligente para isso: a “síndrome do ninho vazio.” Mas a verdade é que as
pessoas se divorciam porque já que seus filhos saíram de casa, não há nada mais
para manter os pais juntos, pois simplesmente não há amor entre eles.
E este é o verdadeiro vazio: a falta de
amor. Se nos lembrarmos que fomos todos criados egoístas por uma força que quer
doar, teremos uma chance de lutar. Ao menos assim saberemos onde começar a
procurar por uma solução.
Mas a crise é exclusiva não apenas em
sua universalidade, mas em sua versatilidade, que a faz muito mais abrangente e
difícil de controlar. A crise está ocorrendo em praticamente todos os campos do
envolvimento humano – pessoal, social, internacional, na ciência, medicina, e
no clima. Por exemplo, até uns poucos anos atrás, “o clima” era um conveniente
refúgio onde ninguém tinha nada a contribuir com relação a outros
tópicos. Hoje, no entanto, é exigido de
todos nós que sejamos entendidos sobre o clima. Os temas “da moda” atualmente
são as mudanças climáticas, o aquecimento global, as subidas de maré, e o
início da nova temporada de furacões.
“The Big Thaw” (“O Grande Degelo”) é o
nome dado ironicamente por Geoffrey Lean do The Independent ao estado do
planeta em um artigo on-line publicado em 20 de Novembro de 2005. Eis aqui o
título do artigo de Lean: “The Big Thaw: Global Disaster Will Follow If the Ice
Cap on Greenland Melts” (algo como: “O Grande Degelo: Um Desastre Global
Ocorrerá Se a Calota Glacial da Groenlândia Derreter”). E o subtítulo,
“Now scientists say it is vanishing far
faster than even they expected” (Algo como: “Agora os cientistas dizem que ela
está desaparecendo de maneira muito mais rápida do que até eles esperavam”).
E o clima não é o único desastre a
espreita no horizonte. A edição de 22 de Junho de 2006 da revista Nature,
publicou um estudo da Universidade da Califórnia declarando que a Falha de San
Andréas está à espera do “big one.” De acordo com Yuri Fialko do Scripps
Institution of Oceanography da Universidade da Califórnia, “a falha é uma
significante ameaça sísmica e está em condições para um outro grande
terremoto.”
E claro, se sobrevivermos às
tempestades, aos terremotos, e às subidas de maré, haverá sempre um Bin Laden
por aí para nos lembrar que nossas vidas podem se tornar muito mais breves do
que planejávamos.
E por último mas não com menos
importância, existem os problemas da saúde que requerem nossa atenção: AIDS,
gripe aviária, vaca louca, e é claro, as antigas constantes: câncer, doenças
cardiovasculares, e diabetes. Existem muitas mais que
podemos citar aqui, mas você agora já
deve ter entendido onde eu queria chegar. Mesmo que alguns desses problemas de saúde
não sejam novos, eles são mencionados aqui porque estão rapidamente se
espalhando por todo o globo.
Conclusão: Um antigo provérbio Chinês diz
que quando você desejar amaldiçoar alguém, diga, “Que você viva em épocas
interessantes.” Nossa época é de fato bastante
interessante; mas isto não é uma
maldição. É como o Livro do Zohar prometeu – a escuridão que antecede a
alvorada. Agora, vejamos se há uma solução.
2.1-UM ADMIRÁVEL MUNDO NOVO EM QUATRO
PASSOS
São necessários apenas quatro passos
para mudar o mundo:
1. Reconhecer a crise;
2. Descobrir porque ela existe;
3. Determinar a melhor solução;
4. Desenvolver um plano para resolver a
crise.
Vamos examina-los um de cada vez.
1. Reconhecendo a crise.
Existem diversas razões pela quais
muitos de nós permanecemos não notando que existe uma crise. Os governos e as
corporações internacionais deveriam ser os primeiros a
cuidarem do problema, mas, interesses
conflitantes os previnem de cooperar para lidarem com a crise eficientemente.
Além do que, muitos de nós ainda não
sentimos que o problema está nos ameaçando de maneira pessoal, e assim então
suprimimos a necessidade urgente de lidarmos com ele,
antes do ocorrente tornar-se muito
desagradável.
O maior problema é que não nos lembramos
de um estado tão precário no passado. Por causa disso, somos incapazes de
avaliar nossa situação corretamente. Isto não é dizer que catástrofes nunca
aconteceram antes, mas nossa época é exclusiva no sentido de que hoje está
acontecendo em todos os aspectos, instantaneamente – em todo aspecto da vida humana,
e por todo o planeta.
2. Descobrindo porque ela existe.
Uma crise ocorre quando existe uma
colisão entre dois elementos, e o elemento superior força seu domínio sobre o inferior.
A natureza humana, o egoísmo, está descobrindo quão oposta ela é à Natureza, ao
altruísmo. É por isso que tantas pessoas sentem-se angustiadas, deprimidas,
inseguras e frustradas.
Em síntese, a crise não está realmente
ocorrendo no exterior. Mesmo que certamente pareça ocupar um espaço físico, ela
está acontecendo dentro de nós. A crise é a luta
titânica entre o bem (o altruísmo) e o
mal (o egoísmo). Quão triste é termos de atuar como os vilões no verdadeiro
reality show. Mas não perca as esperanças – como acontece em todos os shows, um
final feliz nos espera.
3. Determinando a melhor solução.
Quanto mais reconhecermos a causa
essencial da crise, ou seja, nosso egoísmo, mais entenderemos o que precisa ser
mudado em nós e em nossas sociedades. Ao fazermos assim, poderemos diminuir a
intensidade da crise e trazer a sociedade e a ecologia a um resultado positivo
e construtivo. Falaremos mais sobre essas mudanças quando explorarmos a idéia
da liberdade de escolha.
4. Desenvolvendo um plano para resolver
a crise.
Uma vez que tivermos concluído os
primeiros três estágios do plano, poderemos esboça-lo em maiores detalhes.
Mas, mesmo o melhor plano não pode obter
sucesso sem o suporte ativo de importantes organizações, reconhecidas internacionalmente.
Portanto, o plano precisa ter uma ampla
base de apoio internacional, de
cientistas, pensadores, políticos, das Nações Unidas, como também da mídia e de
organizações sociais.
Na verdade, porque crescemos de um nível
de desejo para o próximo, tudo o que está acontecendo agora está acontecendo
pela primeira vez no nível espiritual do desejo.
Mas se nos lembrarmos que estamos nesse
nível, podemos usar o conhecimento daqueles que já se conectaram com a espiritualidade
da mesma maneira que usamos nosso atual conhecimento científico.
Os Cabalistas, que já se dirigiram para
os mundos espirituais, a raiz de nosso mundo, vêem os Reshimot (a raiz espiritual)
causando esse estado, e podem nos guiar para fora
dos problemas que estamos enfrentando, a
partir da origem de tais problemas no mundo espiritual. Desta maneira resolveremos
a crise facilmente e rapidamente pois saberemos
porque as coisas acontecem e o que
precisa ser feito com relação a elas. Pense nisso desta maneira: Se você
soubesse que existem pessoas que podem predizer os resultados da loteria de amanhã,
não iria você querer que elas ficassem ao seu lado enquanto fosse fazer suas
apostas?
Não existe mágica aqui, apenas
conhecimento das regras do jogo no mundo espiritual. Através dos olhos de um Cabalista,
não estamos em crise, estamos apenas um pouco
desorientados, e por isso continuamos
apostando nos números errados. Quando encontrarmos nossa direção, resolver a
crise (não-existente) será moleza. E assim estaremos ganhando na loteria. E a
beleza do conhecimento Cabalístico está no fato dele
não ter direitos autorais; ele pertence a todos.
http://projetoalquimia.wordpress.com/2012/03/13/kabalah/